Roberto Rodrigues de Menezes.

Roberto Rodrigues de Menezes



quinta-feira, 29 de julho de 2010

O governo que matou Deus por decreto.

No comunismo albanês as igrejas foram destruídas e todos os sinos, mais resistentes, enterrados. Acima o rescaldo.
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A República da Albânia tem como capital Tirana. É um pequeno país da Europa Oriental, que faz fronteira com a Grécia, Sérvia e Macedônia. Tem do lado ocidental o mar Mediterrâneo e as costas do sul da Itália.
A Albânia pertenceu à Grécia, ao Império Romano e ao Império Otomano. Depois de cinco séculos de dominação otomana (Turquia), conseguiu sua independência em 1912. Na segunda guerra mundial foi ocupada pela Itália. Em 1941, o stalinista Enver Hoxha toma o poder e governa até morrer em 1985. Nestes 44 anos de poder Enver cria 19 campos de concentração no melhor estilo hitlerista, mas o mundo só vem a conhecer a desgraça albanesa depois de 1990. Com sua morte é eleito presidente Ramiz Alia, que conduz o lento processo de volta à liberdade. A partir de 1990, com o esfacelamento da União Soviética, a Albânia tenta se redemocratizar. Hoje é uma república parlamentarista que tem como presidente Bamir Topi e como primeiro ministro Sali Berisha.
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A bandeira albanesa é inspirada na águia bizantina.***************
O grande mártir da perseguição comunista na Albânia foi o padre albanês Ded Maçaj, nascido em 1918. Estudou em Roma e lá foi ordenado sacerdote em 1944. Quando retornou à Albânia, a perseguição religiosa era intensa. Poderia ter ficado seguro em Roma, mas quis retornar ao seu país natal. Logo foi recrutado pelo Exército, mantido sob estrita vigilância, aprisionado e levado a julgamento. Torturaram durante semanas o "espião da Vaticano".
No pátio do quartel, o oficial perguntou aos soldados o que se deveria fazer com o homem acorrentado diante deles. Era o padre Ded. Uma bala na cabeça, responderam em coro. O padre, já todo coberto de sangue, foi levado a um paredão. Caiu sobre seus joelhos e começou a rezar. O oficial do partido comunista lhe perguntou o que falava e o padre Ded respondeu: Perante Deus e perante vocês, declaro que estou sendo morto pelo ódio que devotam à Igreja Católica. Viva Cristo, Rei, e uma longa vida ao papa e à Albânia. O primeiro tiro não o matou. Somente com o segundo ele caiu. O padre Ded tinha 27 anos. Seu testemunho perdura até hoje.
(Boletim 01 - Janeiro de 1999 - Ajuda à Igreja que Sofre).
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Padre Ded Maçaj, morto pelo comunismo albanês sem culpa formada. Seu crime foi pertencer à Igreja Católica.********************
Enver Hoxha (1908-1985). Líder stalinista que tomou o poder para o partido comunista albanês e governou com mão de ferro por 44 anos, até morrer. Em 1967 ele anunciou à nação, com alegria, que a Albânia se tornara o primeiro Estado ateu do mundo. A Gazeta Nendori publicava com orgulho que todas as igrejas e mesquitas do país haviam sido demolidas ou se encontravam fechadas ao culto. A Albânia se aproximou muito da prática do comunismo eremita norte-coreano.***************
O primaz Gaspar Thaci, arcebispo de Skhoder, morreu em residência vigiada, quando se encontrava nas mãos da polícia secreta. Vincent Prendushi, arcebispo de Durris, condenado a trinta anos de trabalhos forçados, morreu em 1949 em consequência de tortura. Em fevereiro de 1948 cinco religiosos, entre eles os bispos Volai e Ghini, foram condenados à morte e fuzilados. Mais de cem religiosos e religiosas, padres e seminaristas, morreram na prisão ou foram levados diante de pelotões de fuzilamentos. As acusações eram verdadeiras abstrações como "conspirar contra o poder do povo".
(Do Livro Negro do Comunismo)
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A religião, na Albânia, tenta se reerguer com extrema dificuldade. Depois de cinquenta anos de comunismo real, 65% da população são ateus, 10% cristãos ortodoxos e 9% católicos romanos. A religião que mais cresce no país é a muçulmana, já próxima dos 10%, tendência que se espalha por quase todos os países europeus. Isto também ocorre na Ásia, onde Confúcio e Buda perdem cada vez mais terreno para Maomé, que cresce muito na China. Antes do comunismo a arrasadora maioria do povo albanês era cristã ortodoxa. Enver Hoxha deixou o seu legado sinistro. A Albânia é ainda um país pobre.
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A Grande Enciclopédia Soviética, publicada no apogeu da era Stalin, revelava um profundo desprezo pelos latino-americanos. O verbete sobre o Brasil, com 16 fotografias, não tinha nenhuma que mostrasse Rio de Janeiro ou São Paulo. Uma delas mostrava um carro de bois e dizia abaixo: Este é um dos meios de transporte mais usados no Brasil fora das cidades. Não fazia referência à existência de automóveis, aviões ou ferrovias. Para a isenta Enciclopédia o Partido Comunista Brasileiro era a força mais "progressista" do país. Os outros partidos representavam os grandes capitais e os proprietários de terras. Dizia sem retoques que o Brasil "era uma colônia estadunidense" (Volume VI - página 34). A imprensa e as rádios estavam nas mãos de "pró-fascistas". Dois acontecimentos decisivos na vida moderna do país seriam a fundação do partido Comunista e a marcha da coluna Prestes. Sinalizam como escritores simpatizantes do comunismo Pedro Mota Lima, Graciliano Ramos, Monteiro Lobato, Otávio Brandão e Jorge Amado. Gilberto Freire nem é citado e Villa-Lobos, o músico brasileiro de fama mundial, "encabeça uma tendência modernista burguesa". (Maio de 1957 - Estrela do Mar - número 554 - pg 2071).
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domingo, 25 de julho de 2010

As sete maravilhas do mundo antigo.

1 - As pirâmides do Egito.
O faraó Queops, por volta de 2700 AC , ordenou que lhe fosse feito um túmulo que obscurecesse o sol. Assim, com milhares de escravos, foram feitas as pirâmides. A segunda pelo faraó Quefren e a terceira pelo faraó Miquerinos (Estive dentro desta última quando de minha viagem ao Egito em 1995. Ambiente soturno, quente e aterrador, com duas câmaras mortuárias). Os escravos que sobreviveram foram mortos para que ninguém tivesse acesso às galerias das pirâmides. Os trabalhadores tinham poucas ferramentas para auxiliar. Cunhas de madeira eram colocadas entre as pedras e depois de molhadas rachavam-nas. A pirâmide de Queops tem 147 metros de altura. Enormes jangadas transportavam os blocos de pedras pelo rio Nilo. Em terra, troncos roliços de árvores faziam as pedras deslizarem ate o local, com a força de escravos e cordas. É a única maravilha do mundo antigo que ainda existe, com a enorme esfinge como guardiã.
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2 - Templo de Diana em Éfeso.
Éfeso fica na atual Turquia. Os subterrâneos do templo possuíam riquezas incalculáveis, guardadas por sacerdotes da deusa. 127 colunas jônicas envolviam a sala de Diana. Belos afrescos eram admirados no interior do templo. O teto era triangular, todo trabalhado em mármore e ouro. No ano 200 AC o templo foi destruído pelos godos, povo bárbaro do norte da Europa.
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3 - Túmulo de Mausolo, em Halicarnasso.
Nesta cidade da Ásia menor, foi erguido um túmulo fabuloso pela rainha Artemísia, para seu marido, o rei Mausolo, que falecera. Ela não suportou a falta do esposo e morreu dois anos depois. O mesmo túmulo lhe serviu de morada. O mausoléu timha 38 metros de altura e durou dezoito séculos, sendo destruído no ano 1100. Sobre colunas de mármore pousava uma pirâmide com 34 degraus. No alto, as estátuas do rei e da rainha em tamanho natural, numa quadriga de cavalos. De Mausolo deriva o vocábulo mausoléu, que significa um túmulo de construção luxuosa.
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4 - O colosso de Rodes.
Esta imensa estátua de um homem grego com um arco na mão esquerda e uma tocha de fogo na direita se erguia na entrada do porto da cidade de Rodes. Foi feito em 380 AC com mais de trezentas toneladas de bronze. No seu interior havia uma escada que conduzia até a tocha, que era acesa para orientar os navegantes. O colosso não durou muito. Sessenta anos depois um terremoto o levou para o fundo do mar. Mercadores tiraram todo o bronze das águas e o venderam.
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5 - O farol de Alexandria.
Foi construído em 270 AC na ilha de Faro, de frente para a cidade de Alexandria, no Egito.Era uma torre enorme que servia de orientação aos navios. A base era retangular e maciça. Acima, repartições octogonais continham as salas dos guardas. No alto, a câmara de fogo. Possuía colunas de mármore e um imenso espelho de metal que refletia a claridade do fogo, para evitar que o farol fosse confundido com as estrelas. No século XII um califa árabe, suspeitando que nos subterrâneos do farol existissem tesouros, ordenou a sua demolição.
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6 - A estátua de Júpiter Tonante, em Olímpia.
Feita pelo artista grego Fídias, tinha 20 metros de altura. Seu corpo e a imagem da deusa Vitória, que ele segurava na mão direita, eram de marfim. Na outra mão segurava o cetro de deus de toda a terra. As vestes eram feitas de ouro. Diz a lenda que Fídias, ao terminar a obra, a 400 AC, caiu de joelhos aos pés da estátua e pediu um sinal de aprovação. Do céu desceu um raio fulgurante que caiu aos pés do artista. Júpiter estava satisfeito.
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7 - Os jardins suspensos da Babilônia.
Babilônia era uma bela cidade e seu rei se chamava Nabucodonosor. Ao casar, desejou dar de presente à esposa um jardim encantado, com milhares de plantas e flores. Terraços de pedra eram sustentados por amplos arcos. Vistos de baixo, pareciam escadarias transbordantes de flores. Sob os arcos existiam salas floridas onde os soberanos descansavam. Foi feito um sistema de irrigação que não permitia que a água faltasse. terminando num belíssimo chafariz. Hoje, somente poucas ruinas atestam a beleza dos jardins.
Fonte: Enciclopédia Trópico.
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sábado, 24 de julho de 2010

A casa imperial brasileira.

A família imperial brasileira em 1889.
Da esquerda para a direita: Imperatriz Teresa Cristina, esposa de Pedro II. Príncipe Dom Antônio (menino, sentado, caçula da princesa Isabel e do conde D'Eu). Princesa Isabel, filha de Dom Pedro. Dom Pedro II, de barba longa. Príncipe Pedro Augusto, ao lado do avô. Era filho de Leopoldina. Príncipe Dom Luís, menino, de roupa escura e calça curta, segundo filho da princesa Isabel e do conde D'Eu. Conde Gastão D'Orleans (conde D'Eu), marido de Isabel, de bigode e cavanhaque. Príncipe Dom Pedro de Alcântara, menino, de terno claro e gravata, filho mais velho de Isabel e do conde.
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Bandeira Imperial. Os vegetais representam o café e o fumo. As cores: verde da casa real de Dom Pedro I e amarela da casa real da Imperatriz Leopoldina. Não têm a ver com matas e ouro.
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Em 1808 a família real portuguesa foge para o Brasil, pois sua terra fora invadida por Napoleão. Dom João VI, o rei, cá aportou com a esposa Carlota Joaquina, célebre por seus romances fora do casamento.
Dom João VI, filho da rainha Maria I, a Louca, nasceu em 1767 e morreu em Portugal em 1826.
Carlota Joaquina (1775-1830).
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Dom Pedro I, primeiro imperador do Brasil, que fez a independência em 1822, aos 24 anos, nasceu em Queluz, Portugal, em 1798, filho de João e Carlota, e lá faleceu aos 36 anos de tuberculose e sífilis.
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Leopoldina, primeira imperatriz do Brasil, casou em 1818 com Dom Pedro. Arquiduquesa da Áustria, lá nascera em 1797. Era filha de Francisco I, imperador da Áustria, e de Maria Teresa de Bourbon. Pedro e Leopoldina tiveram os seguintes filhos:
1 - Maria da Glória (que seria rainha de Portugal, com o título de Maria II). Nasceu em 1819 e viveu 34 anos.
2 - Miguel, nascido em 1820. Morreu no mesmo ano.
3 - João Carlos, nascido em 1821. Morreu com um ano.
4 - Januária (1822-1901).
5 - Paula, nascida em 1823. Morreu com 10 anos.
6 - Francisca (1824-1898). Casou em 1843 com François de Orleans, príncipe de Joinville.
7 - Pedro, (1825-1891). Sucedeu ao pai. Morreu na França dois anos depois de ser destronado, pedindo para ser enterrado com um pouco de terra do Brasil. Hoje seus ossos repousam em Petrópolis, na catedral de São Pedro de Alcântara, ao lado da esposa Teresa Cristina, da filha Isabel e do marido desta, conde D'Eu.
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Dom Pedro I tinha muitas amantes. A mais famosa foi Domitila de Castro Canto e Melo, a marquesa de Santos. Dom João VI voltou para Portugal em 1821, deixando o filho como regente.
Dona Leopoldina, que do marido tinha um filho a cada ano, morreu de um parto prematuro em 1826.
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Dom Pedro I deixou o Brasil em 1831, passando a ser Dom Pedro IV em Portugal. Abdicou em favor do filho Pedro de Alcântara. Durante o tempo de minoridade deste, o Brasil foi governado nove anos por regências provisórias até ser declarada a maioridade de Dom Pedro aos 15 anos, em 1840. Com esta idade ele assumiu o Império do Brasil.
Dom Pedro II em traje de gala e cerimônia. Ele casou por procuração, aos 18 anos, com Teresa Cristina Maria, filha do rei de Nápoles e das duas Sicílias. Recebeu da Europa uma tela da futura esposa, mas, na verdade, a tela retratava uma irmã de Teresa, bem mais bonita. Apesar da decepção, Dom Pedro casou e viveu bem com a esposa por 48 anos. A Imperatriz era de boa índole e bom coração.
Tiveram os seguintes filhos:
- Príncipe Afonso, de 1845. Morreu aos 2 anos.
- Princesa Isabel (1846-1921). Casou em 1864 com Gastão de Orleans, o conde D'Eu e teve três filhos homens: Pedro, Luiz e Antônio.
- Princesa Leopoldina, de 1847. Casou em 1864 com 17 anos e teve dois filhos. O primeiro, Pedro Augusto, lutou para ser o herdeiro do avô, pois era mais velho que o primogênito de Isabel. Mas a morte da mãe Leopoldina aos 24 anos lhe tirou qualquer possibilidade. Seria denominado mais tarde "o príncipe maldito", morrendo solteiro e indesejado.
- Príncipe Pedro - nascido em 1848, morreu aos dois anos.
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Dom Pedro II. Seu nome era Pedro de Alcântara, João Carlos, Leopoldo, Salvador, Bibiano, Francisco, Xavier de Paula, Leocádio, Miguel, Gabriel, Rafael, Gonzaga de Bragança e Bourbon.
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Dona Teresa Cristina, segunda imperatriz do Brasil, esposa de Pedro II.
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Princesa Isabel em foto de 1915. Foi chamada a Redentora pois, num dos afastamentos do pai, decretou o fim da escravidão no Brasil, com a chamada Lei Áurea, de 1888. Teve com o marido conde D'Eu os seguintes filhos:
- Pedro de Alcântara de Orleans e Bragança. Sucederia o avô, se o Império continuasse.(1875-1940). Faleceu aos 65 anos.
- Luís de Orleans - De 1878, faleceu aos 42 anos.
- Antônio, de 1881. Faleceu aos 38 anos.
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Pedro de Alcântara, o primeiro na linha de sucessão, casou com Elisabeth de Dobrezenicz e teve cinco filhos. Renunciou ao seu direito de sucessão em favor do irmão Luiz.
Luís casou com Maria Pia de Bourbon e tiveram os seguintes filhos:
- Pedro Henrique (1909-1980), Luís e Pia Maria.
António, o terceiro filho de Isabel, ao morrer não tinha filhos.
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Dom Pedro Henrique - Seria o quarto imperador. Assumiria com a morte do pai Luís em 1920 e reinaria até 1981, quando faleceu.
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Dom Luís, filho mais velho de Pedro Henrique, nascido em 1938, seria o atual imperador do Brasil. Está com 72 anos.
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Família Imperial: da direita para a esquerda: Dom Luís (imperador), o irmão Dom Bertrand, de 69 anos, o primeiro na linha de sucessão. Ambos são solteiros e não têm filhos. O outro irmão Antônio, o segundo na linha de sucessão, com 60 anos, a esposa Cristine de Ligne e os filhos Pedro Luiz (de 1983, terceiro na ordem de sucessão), Amélia e Maria Gabriela. Não está presente o filho Rafael, quarto na ordem de sucessão, nascido em 1986.
Obs: Pedro Luiz, terceiro na ordem de sucessão, faleceu a 31 de maio de 2009 no acidente aéreo com um avião da Air France, que ia de São Paulo para Paris. Tinha 26 anos. O avião caiu no mar e o corpo não foi encontrado.
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Imperadores do Brasil até hoje:
- Dom João VI (1808-1822). Reinou 14 anos.
- Dom Pedro I -(1822-1831). Reinou 9 anos.
- Período de regências provisórias, 9 anos.
- Dom Pedro II - 1840 a 1889. Reinou até 1889 mas, se considerarmos o reinado até a data de sua morte, dois anos depois, ele teria reinado 51 anos.
- A princesa Isabel seria regente por dois anos, até a maioridade de Pedro Alcântara, 18 anos, em 1893. Se as regras fossem as mesmas, quiçá seria decretada a maioridade deste aos 16.
- Dom Pedro de Alcântara, filho mais velho da princesa Isabel. Teria reinado de 1893 a 1908, pois neste ano renunciou em favor do irmão Luís. Obviamente, não teria renunciado se tivesse o poder do trono. Isso motivou questionamentos dos filhos dele, mas hoje o assunto está definido e a renúncia, homologada pela mãe, princesa Isabel, é considerada válida.
- Dom Luís, chamado o príncipe perfeito, assumiria em 1908 e reinaria até 1920, quando faleceu.
- Dom Pedro Henrique, filho mais velho de Dom Luís, teria reinado de 1920 até 1981, ano de sua morte.
- Dom Luís, filho mais velho de Pedro Henrique, assumiria em 1981 e seria o imperador até os nosso dias. Ele mora com o irmão Bertrand em um apartamento no bairro de Higienópolis, São Paulo, e levam vida simples. Dom Luís, solteiro, de 72 anos, se reinasse realmente, seria com certeza casado e poderia ter filhos para a sucessão. Argumenta que não se casou para se dedicar à Casa Imperial Brasileira. É um homem refinado e de muita cultura, como o irmão Bertrand. A Casa Imperial Brasileira ainda é uma realidade para muitos brasileiros e possui diversas atividades. Parentes da monarquia européia a reconhecem e, no plebiscito realizado em 1993 no Brasil sobre forma e sistema de governo, a monarquia teve 8% dos votos válidos, com 7.800.000 votos. A República teve 49% dos votos e brancos, nulos e abstenções perfizeram 43%. Pesou muito no resultado o fato do plebiscito ter sido feito 94 anos depois, quando a maioria do povo brasileiro nada mais conhecia sobre monarquia. Se fosse feito nos primeiros dez anos, talvez...
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Pesquisa: Museu Histórico de Petrópolis e site da Família Imperial.
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Se meus leitores desejam saber, votei pela volta da monarquia. A constitucional, onde o rei reina, mas não governa, como nas casas monárquicas européias de hoje. Diz Maquiavel que as Repúblicas, apesar de mais necessárias que a monarquia, são fonte de todo tipo de corrupção e vilania.
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sexta-feira, 23 de julho de 2010

Portugal, meu amor!

A ponte Dom Fernando sobre o rio Douro e a cidade velha do Porto.
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A guia se chamava Maria Graciosa e era uma portuguesa realmente graciosa.
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Torre de Belém, no rio Tejo, Lisboa. Aqui Pedro Álvares Cabral saiu com suas caravelas para descobrir o Brasil.
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Em outubro de 1995 estive em Portugal. Era um sonho antigo. Minha esposa Sílvia não foi comigo, pois nem morta ela entra em um avião. Fui com minha mãe e um grupo de turistas, a maioria idosos. Pude perceber que, se dizem ser eles da melhor idade, são também a melhor companhia. Calmos na maioria, sensatos, ponderados, com conhecimento e experiência, tornam-se excelentes companheiros, a exemplo do Sr. Rolim, um coronel reformado do Exército que dividiu o quarto comigo em toda a viagem. Minha mãe ficou com outra senhora. Nesta viagem eu tinha 45 anos e era um dos mais jovens do grupo.
Chegamos na cidade do Porto de manhã. Minha cabeça estava a mil. Dom Afonso Henriques, Dom Diniz, Santa Isabel de Portugal, Inês de Castro, Cabral, Vasco da Gama, Camões, Bocage, Gil Vicente, Eça de Queirós, Amália Rodrigues, todos personagens que eu conhecia de estudos e em cuja terra agora estava. Portugal, terra-mãe, que nos brindou com a língua mais bela e musical do mundo. (perdoem o entusiasmo de um já passado professor de Língua Portuguesa).
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Cruzamos a ponte Dom Fernando e fomos para a cidade velha. Na foto a igreja de Santo Ildefonso. Depois, rumo à Quinta de Calem, que fabrica os famosos vinhos do Porto. Provamos alguns. Deliciosos.
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À noite fomos comer uma pizza com vinho excelente em Vila Nova de Gaia, cidade ao lado. Na foto estou com minha mãe. O coronel Rolim está de costas, com Dona Olinda. Foi um grande companheiro de viagem. Ele, infelizmente, faleceu cerca de um ano depois. Dom Joaquim Domingues de Oliveira, arcebispo de Florianópolis por mais de cinquenta anos, era nascido em Vila Nova de Gaia.
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Vista da ponte de Santa Clara sobre o rio Mondego, em Coimbra. Nesta cidade fica o convento de Santa Clara - a nova. Nele estão os restos mortais da rainha Isabel de Portugal.
Coimbra, a capital do amor em Portugal, onde viveu e morreu Inês de Castro, a que depois de morta foi rainha.
Diz a canção com propriedade que Coimbra é uma lição de sonho e tradição, o lente uma canção e a lua faculdade. O livro é uma mulher, só passa quem souber, e aprende-se a dizer saudade.
Em Coimbra pude admirar a estátua de Dom Diniz, aquele que, segundo Maria Graciosa, fez tudo quanto quis.
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A famosa Universidade de Coimbra, com biblioteca em ébano e pau-brasil. Vi jovens acadêmicos com uma espécie de beca, vestidos elegantemente. Comprei um CD com fados de Amália Rodrigues. O fado é uma canção melancólica, bonita, suave, que evoca saudade. Ouvi alguns numa Adega Lusitana em Lisboa.
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De Coimbra fomos a Fátima. Aqui Valinhos, onde morou a vidente Lúcia.
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A Capela das Aparições. Em Fátima visitamos seu belíssimo Santuário, onde a Virgem apareceu a três humildes pastorinhos portugueses.
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Já estamos em Lisboa. Visita ao Paço Real, morada dos reis de Portugal. O rio Tejo está ao longe.
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Em Lisboa visitei o túmulo do grande Luiz Vaz de Camões, no mosteiro dos Gerônimos. A catedral tem estilo clássico, severo, quase gótico. Ao lado dela o lugar onde nasceu Santo Antônio, mais de Lisboa do que de Pádua, há sete séculos.
Passamos pelo famoso balneário de Estoril e fomos a Sintra. Comprei ali um xale multicolorido para Sílvia. Ao longe, no cimo de um morro, avistava-se uma fortaleza construída para a defesa contra os mouros.
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Lisboa é uma cidade muito bonita. O grupo bateu esta foto num dos locais pitorescos da cidade.
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Depois de correr Portugal de norte a sul, saímos da bela e antiga Lisboa. Um branco véu da saudade parecia cobrir o rosto da linda princesa. Estávamos indo embora da velha cidade das festas, das seculares procissões, dos populares pregões matinais, que já não voltam mais. Amália Rodrigues, na verdade, pode ser considerada, mais que portuguesa, uma cantora do mundo, tão bonito e mavioso é o seu canto.
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quinta-feira, 22 de julho de 2010

Fim de estrada, fim do mundo!

Distrito do Freitas - município de Paulo Lopes.
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Eu bati a foto acima no ano de 2004. O cenário não mudou muito, desde a minha infância, quando lá ia com minha avó Lídia (1898-1994). Naquelas terras ficava a propriedade de Severino José de Matos, marido de tia Santa, irmã caçula de Lídia. Terras do distrito do Freitas, Paulo Lopes, ou Paulopes, como costumávamos e ainda costumamos chamar, a uns sessenta quilômetros ao sul de Florianópolis.
A casinha de Severino e Santa, de madeira escurecida pela ação do tempo, sem pintura, onde em eras saudosas havia ao lado um engenho de farinha movido a bois, não aparece na foto. Estaria logo na entrada à direita. O engenho era de tio Severino, que o passou ao Zeca. Este não teve como continuar quando ali se instalou uma empresa para industrializar a farinha. Adiante se vê a residência também simples de Vanda, viúva do Manoel, filha mais velha do casal.

Severino José de Matos, cidadão de Paulo Lopes (1908-1978).
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Para o lado esquerdo se espraiavam os pastos de criação de gado e roças, depois divididos por herança entre os três filhos do casal, Vanda, Zeca e Lourdes, seus filhos e netos. As terras são extensas, cortando a "Faixa" (BR-101) até terminarem no sopé de um morro.
Zeca (1940-2008), primo-irmão de minha mãe, faleceu ao tentar cruzar a "faixa" na sua bicicleta. Foi atropelado por um carro. Hermínia, de apelido Santa, nascida perto do Cambirela em 1913, morreu no ano de 2004. À direita a filha mais velha Vanda. Lourdes faleceu ainda nova em 1985. Tinha 43 anos.
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Se meus leitores voltarem à primeira foto, verão que no centro dela existe uma estradinha de terra que serpeia até se perder no cimo de uma colina. Tio Severino me dizia, entre sério e divertido, que o mundo acabava naquele fim de estrada, embora eu viesse saber depois que ela continuava, tomando-se a esquerda para ir a Paulo Lopes ou a direita para chegar ao Ribeirão e depois à bela praia da Gamboa. Até hoje não me importei muito com esta geografia, pois aquele finalzinho fictício de estrada continua mágico, como nos meus tempos de guri pequeno, quando visitava meus tios-avós com minha avó, ficando a olhar fascinado e com certo medo aquele pedaço de estrada, para mim encantado, sempre rumando para o fim do mundo.
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Entrada do Freitas saindo-se da "faixa". Na frente aponta o morro Agudo.***************
Da Série "Recordações Açorianas VII".
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sábado, 17 de julho de 2010

Um mestre da literatura universal.

HAMLET - O fantasma do pai de Hamlet, rei da Dinamarca, aparece ao filho e lhe avisa que foi assassinado.
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William Shakespeare.
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Literato, teatrólogo, poeta e dramaturgo inglês que criou personagens inesquecíveis. Nasceu na cidade de Stratford-on-Avon em abril de 1564, de uma família de mercadores.
Aos vinte anos foi para Londres tentar a fortuna no teatro, mas se viu obrigado a guardar cavalos. Felizmente suas peças, escritas para o gosto dos londrinos e do incipiente teatro da época, logo foram aceitas com entusiasmo de povo e crítica, o que lhe amenizou as dificuldades financeiras.
A monarquia o cumulou de favores e honrarias ainda em vida.
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Shakespeare construiu o primeiro teatro dentro das muralhas de Londres. Suas peças e seus personagens cheios de vícios e virtudes fizeram muito sucesso.*************
Rico e reconhecido, Shakespeare saiu de Londres e retornou ao seu torrão natal, onde morreu a 23 de abril de 1616. Estava com 52 anos. É considerado um dos maiores gênios da humanidade na literatura, poesia e teatro.
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Sua obra:


Sonho de uma noite de verão.Quatro jovens, dois rapazes e duas moças, se encontram num bosque numa noite de verão.
Casam-se, mais o duque de Atenas e a princesa das amazonas. Gente do povo, para homenagear os casamentos, encena uma peça teatral, de má qualidade, que quer ser trágica e se torna cômica. Fadas, duendes e mitos da noite desfilam na história, em que uma rainha se apaixona naquela noite por um camponês com cabeça de burro, que um duende divertido lhe colocara.
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REI LEHAR - O rei, expulso pelas filhas, vaga na noite tempestuosa acompanhado pelo seu fiel bobo da corte. Afastado no apogeu de sua glória, ele enlouquece. Ao final a filha Cordélia, responsável maior pelo seu afastamento, é enforcada. Ele morre tentando salvá-la.
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A MEGERA DOMADA - Catarina é uma jovem dotada de um gênio terrível que afasta todos os pretendentes. A sua doce irmã Bianca se desespera, pois o pai só permite que ela case depois que Catarina arrumar marido. A megera realmente arranja um, o rude Petruchio, que consegue domá-la depois de mil peripécias e muito sofrer na mão dela. Bianca, assim, pode se casar. Esta peça já foi utilizada pela Rede Globo de Televisão, numa novela chamada "O machão", em que Petruchio é interpretado por Antônio Fagundes e Catarina por Maria Isabel de Lisandra. Esta novela foi depois repetida com Eduardo Moscovis e Adriana Esteves. No cinema de Hollywood, Richard Burton e Elizabeth Taylor interpretraram os dois personagens centrais.
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HAMLET - O fantasma do pai de Hamlet, rei da Dinamarca, aparece ao filho e pede que ele se vingue da mãe e do tio. Este, Cláudio, assassinou o rei e casou com a rainha viúva. Hamlet simula loucura para despistar a desconfiança do tio. Mas, ao tentar matar Cláudio, engana-se e mata o pai de sua amada Ofélia. Ela enlouquece e se afoga num rio. Ao final, Hamlet consegue se vingar, matando o usurpador. A mãe se suicida com o próprio veneno que preparara para o filho.
No ato terceiro da peça, Hamlet recita um poema em que aparece a famosa frase: Ser ou não ser, eis a questão!... Está em dúvida como agir em relação ao assassinato do pai.
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ROMEU E JULIETA - Duas famílias inimigas, os Montechio e os Capuleto. Dois jovens que se amam, ela Capuleto e ele Montechio. A tragédia os assalta e os dois se suicidam, após serem casados por um frei. Nunca aconteceu em Verona uma história tão triste.
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OTELO, o mouro de Veneza - tragédia que relata o crime de Otelo, que mata a mulher Desdêmona num acesso injustificado de ciúme.
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MACBETH - Ao retornar da guerra, Macbeth e o amigo Bânquio encontram três feiticeiras, que lhe auguram glória e poder. Ao chegar ao lar, tanto ele como a esposa se envolvem em crime e traição. Ele mata o rei da Escócia, Duncan, que viera visitá-lo no seu castelo. A mulher recrimina os lacaios, que estariam bebâdos. Macbeth manda matar também seu amigo Bânquio. Lady Macbeth, ao ver que seus crimes e do marido começam a ser descobertos, se suicida. Macduff, um nobre fiel ao rei morto, luta com Macbeth e o mata, cortando-lhe a cabeça. As feiticeiras, afinal, haviam enganado Macbeth.
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Outras obras: Titus Andronicus, Tudo está bem quando termina bem, Ricardo II, Ricadro III, As alegres comadres de Windsor, Muito barulho por nada, Como lhe apraz.
E muitas outras peças de teatro.
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Fonte: Enciclopédia Trópico
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sexta-feira, 16 de julho de 2010

A execução do Segundo tenente PM Alberto Mendes Junior.

Tenente Alberto Mendes Junior.
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Vale da Ribeira, São Paulo, 1970. Dezessete militantes da VPR, Vanguarda Popular Revolucionária, estão na área. Oito conseguem fugir dos órgãos do Exército e da Polícia. A 27 de abril são presos Darcy Rodrigues e José Lavechia. O restante passa a ser chamado grupo dos sete. As rádios os descrevem e alertam a população. Eles chegam até uma localidade de nome Eldorado, com uma camionete alugada, dizendo que estavam caçando. O proprietário do carro, temeroso, aluga mas, desconfiado, tenta avisar algum órgão de segurança. Comunica o fato ao destacamento policial local.
Um sargento e seis soldados montam uma barreira. O sargento sai para avisar o Exército em Jacupiranga. Às dezenove horas os sete veem a barreira e reagem a bala. Foi até fácil, com armas pesadas, repelir os seis peemes com seus revólveres 38. Os que não são feridos se ocultam no mato. A gangue, comandada pelo desertor do Exército capitão Lamarca, ruma para Sete Barras.
Neste meio tempo, o tenente Alberto Mendes Junior, comandando uma tropa de cerca de vinte peemes, chega em apoio. Ao atravessar o rio Etá, a tropa do tenente é emboscada pela gangue de Lamarca. Os terroristas tiveram a vantagem da surpresa e se colocaram ao lado da estrada em posição estratégica superior. Suas metralhadoras e pistolas poderosas destoavam dos trinta e oito dos soldados. Metade da tropa foi ferida a bala, tendo o tenente atendido aos gritos de Lamarca para que se rendesse. Os soldados não feridos ficaram sob a mira dos terroristas e o tenente se propõe a levar os feridos para socorro médico, prometendo retornar. Deixa realmente os feridos em Sete Barras e retorna sem avisar outros órgãos amigos, temendo pela vida dos soldados que tinham ficado reféns do grupo. Se covarde fosse, por certo não voltaria. Pede então a Lamarca que liberte seus homens, propondo-se a ficar como refém. Os comunistas aceitam, até porque isso lhes facilitaria o deslocamento e a fuga.
Tomam a camionete, mas esta atola ao atravessar o rio. Saem então eles em duas colunas a pé, em cada lado da estrada. Embrenham-se no mato ao avistar uma patrulha do Exército. Na fuga, os terroristas Edmauro e Nóbrega se perdem do grupo. O primeiro foi preso no dia dez de maio e o segundo no outro dia.
Lamarca fica possesso com o tenente, pois este não o avisou sobre a barreira. Talvez nem soubesse, mas é considerado culpado pela perda dos dois. Como tinha que ser constantemente vigiado, os atrasava na fuga.
No meio da tarde de 10 de maio, Ariston e Gilberto descansam no mato tomando conta do prisioneiro. Lamarca, Fujimore e Sobroza se afastam e resolvem "justiçar" o tenente. Acontecia mais um tribunal revolucionário nos moldes cubanos. Acercando-se do jovem oficial por trás, Ioshitame Fujimore desfechou-lhe violentos golpes na cabeça com a coronha do fuzil. Com o crâneo partido, o rapaz se contorce em dores. O "idealista" revolucionário Diógenes Sobroza de Souza resolve terminar o serviço, esfacelando de vez a cabeça do tenente a golpes de fuzil. O jovem foi enterrado ali, em cova rasa, com os coturnos ao lado da cabeça. Os cinco conseguiram fugir do Vale da Ribeira.
É sabido que todo bom comunista prefere executar seus inimigos a tiros. Castro fez isso com cerca de dezessete mil cubanos nos paredons e na China de hoje as execuções são feitas com um tiro na nuca. Mas a gangue de Lamarca optou pelas coronhadas, pois o barulho dos tiros poderia denunciá-los, já que estavam sendo perseguidos.
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Carlos Lamarca, capitão que desertou do Exército após quatorze anos de serviço, furtando da instituição que lhe deu abrigo 63 fuzis FAL, algumas metralhadoras leves e muita munição. Foi auxiliado pelo sargento e também desertor Darcy Rodrigues. Ao lhe homenagearem post-mortem na Assembléia do Rio de Janeiro, petistas colocam Lamarca como primeiro colocado de sua turma na Academia Militar das Agulhas Negras. Na verdade ele, em 1960, formou-se oficial sendo o 46 de uma turma de 57. A mentira desejava criar o mito.***************
Um dos integrantes da gangue, Ariston Lucena, foi preso em São Paulo a 19 de julho e, interrogado, indicou o lugar onde jazia o corpo do tenente. Tremia e chorava convulsivamente no local, com medo da reação dos colegas do tenente.
O corpo do jovem oficial foi exumado e sepultado a 11 de setembro de 1970.
"Mais de mil pessoas acompanharam ontem à tarde o enterro do tenente da Polícia Militar de São Paulo Alberto Mendes Junior, no cemitério do Araçá, assassinado pelo grupo do ex-capitão Carlos Lamarca". (Jornal do Brasil de 12-09-70).
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O tenente foi morto com 23 anos. Filho de Alberto e Angelina Mendes, nasceu em 1947 na capital paulista. Foi declarado aspirante-a-oficial em 21-09-69).
Hoje os assassinos do tenente são considerados heróis da pátria. Diógenes Sobroza de Souza, que desfechou os golpes de morte no tenente, suicidou-se por enforcamento em Santa Rita do Passa Quatro, SP, em 17-11-99.
A 19 de março de 2004 o prefeito de Porto Alegre, João Verle, sanciona lei dando nome de rua a Diógenes Sobroza de Souza, o executor do infeliz tenente. Diz o decreto:... gaúcho que teve militância política em defesa da liberdade e do restabelecimento da democracia... Homem que sempre lutou em defesa dos mais fracos e indefesos...
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Sobre os cinco assassinos do tenente:
- Lamarca foi morto em 17-09-71, no interior da Bahia, em combate com o DOI-CODI Sexta RM.
- Yoshitame Fujimore morreu em 05-12-70 em São Paulo, em combate com o DOI-CODI do Segundo Exército.
- Diógenes foi preso em Porto Alegre em 12-12-70. Julgado, foi condenado à morte. A pena foi comutada em prisão perpétua e em seguida reduzida para 30 anos de prisão. Com a lei da Anistia foi solto e ficou impune.
- Ariston Lucena, condenado a 30 anos, foi solto com a lei da Anistia.
-Gilberto Faria Lima fugiu para o exterior e seu paradeiro é desconhecido.
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Do livro: A verdade sufocada (A história que a esquerda não quer que o Brasil conheça) - Do Coronel Reformado do Exército Carlos Alberto Brilhante Ustra.
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quarta-feira, 14 de julho de 2010

A complicada primeira noite de amor de Pinuccio e Nicolosa.

Pinuccio convida seu amigo Adriano para uma aventura.
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Novela de Giovanni Boccaccio (síntese).
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Existiu na planície de Mugnone, região da Toscana, um campônio de bom coração de nome Gianelo. Tinha uma opulenta e ainda bonita mulher chamada Peronela, que lhe deu dois filhos. A mais velha, uma bela moça de seus dezessete anos, que atendia por Nicolosa, e um robusto menino ainda bebê.
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Pinuccio, um jovem mancebo, acompanhado do amigo Adriano, costumava vez por outra sair a cavalo da cidade próxima e se deslocar até o campo. Num desses passeios viu a Nicolosa e seu coração se encheu de ardores. Conseguiu com ela entabular conversa, e logo a moça se deixou levar por suas juras de amor açucaradas e pela possibilidade de um futuro casamento. Passaram a se encontrar constantemente no campo, e não demorou muito para que os dois, com abraços e beijos ardentes, dessem vazão parcial ao desejo reprimido. Pinuccio não via a hora de fazer sua a bela namorada. Ela, por sua vez, fez ver a ele que, se fosse possível, e desde que tudo se fizesse com a maior discrição, estaria disposta a satisfazer os seus anseios. Esperava manter com Pinuccio um compromisso mais sério que a tirasse da mesmice da vida de pobreza. Mas havia um outro problema. O pai zeloso não a deixava sair além do campo e somente quando o sol dourava a planície.
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O jovem teve uma ideia que julgou brilhante, e logo quis pô-la em prática. Junto com o amigo Adriano, alugou dois cavalos e montou duas malas, cheias de palhas ou vento, como se fossem viajar.
E assim chegou a dupla bem à noitinha na casa do Gianelo, pedindo-lhe abrigo, pois no outro dia cedinho continuariam a viagem até Florença. Deixaram os cavalos e as malas num pequeno estábulo e entraram na casa do campônio, que os atendeu muito bem, desde que lhe fosse recompensada a gentileza com algumas moedas. Pinuccio não se fez de rogado, pois o gasto para ele poderia ser um excelente investimento. O homem explicou que era pobre e dispunha de apenas um quarto com duas camas e um berço. Numa delas dormia com a mulher e na outra a filha Nicolosa. Mas resolveu o problema montando ali uma outra cama que estava guardada no estábulo. Além do quarto, sua casa tinha apenas a cozinha.
Depois de uma comida simples e um copioso vinho do campo, todos se dispuseram a dormir, pois a noite se fizera escura e sem lua.

A região da Toscana hoje. Não mudou muito em relação ao tempo de Pinuccio e Nicolosa.
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Gianelo e a mulher Peronela, que não dizia palavra mas olhava Adriano com certo interesse, deitaram-se numa cama, tendo ao pé o berço e entre eles as duas camas. Nicolosa abrigou-se numa e os dois jovens se aboletaram na outra como podiam.
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Já ia a noite alta e os roncos de Gianelo impediam os dois rapazes de dormir, embora dormir não fosse exatamente o que queria Pinuccio. Ele, julgando-se seguro, levantou-se sem ruído e se dirigiu para o leito da amada, mas esbarrou no berço e o afastou com cuidado. Passou adiante e logo chegou até a moça, que o recebeu radiante e com os olhos bem abertos.
E ali iniciaram os dois jovens a sua tertúlia amorosa sob as cobertas, sem qualquer barulho. Pinuccio encantou-se com Nicolosa, que se revelou prestativa e calorosa, de tal jeito que chegou até a deixá-lo desconfiado de sua virginal identidade. Mas creditou o ardor ao imenso amor que a rapariga lhe dedicava, o que ela, entre beijos, lhe assegurou.
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Aconteceu, porém, um barulho na cozinha, contígua ao quarto. Peronela acorda e se levanta para averiguar. Constata que nada mais é que o gato da casa esbarrando numa panela e volta para a cama. Como estava tudo muito escuro, orientou-se pelo berço, que Pinuccio trocara de lugar. Deitou-se ela, assim, ao lado de Adriano, pensando estar ali o marido. O rapaz, que não pregara olho, e não desejando sair daquela aventura sem algum prêmio, colocou-se sobre a mulher, que o recebeu muito bem, e deram as arremetidas que puderam, procurando não fazer barulho, para imenso prazer da Peronela. Esta estranhou o repentino calor do marido, que andava ultimamente meio sem suporte, mas não fez caso disso.
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Enquanto isso Pinuccio e Nicolosa abraçados, satisfeitos e muito surpresos, escutavam os sussurros da Peronela, que por mais silenciosa que quisesse ser, não podia nem tentava impedir os movimentos repetitivos e cada vez mais intensos do Adriano.
Pensou a Nicolosa um tanto envergonhada, que o pai e a mãe estavam a se comportar de maneira muito imprópria, pois tinham visitas. Logo em seguida se fez silêncio, tendo Peronela ficado cansada e muito satisfeita com o que obtivera. Logo ela e Adriano se puseram a dormir, pois o esforço fora grande.
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Pinuccio, por sua vez, que já colhera as flores do amor que viera buscar, resolveu voltar para sua cama. Observou que ali dormiam dois, e só poderiam ser o Gianelo com a mulher. A escuridão e o berço trocado também o desorientaram. Deitou-se, então, na cama onde só dormia um homem que fora prejudicado em toda aquela confusão, o pobre do Gianelo. Acordou-o de mansinho, pensando ser o amigo Adriano, e lhe sussurrou no ouvido: -- Meu caro, nunca vi mulher tão deliciosa quanto a Nicolosa. Acabei de ficar com ela na cama e ela me deu tudo o que eu vim buscar aqui.
Gianelo, aturdido e custando a crer no que ouvia, balançou a cabeça várias vezes para se assegurar de que estava acordado. E logo constatou que estava.
-- Pinuccio, você cometeu uma enorme vilania e abusou da minha confiança. Mas irá me pagar!...
E já foi levantando na tentativa de pegar um porrete na cozinha.
O jovem, apavorado, comprendeu que falara para o pai o que fizera com a filha, pensando ser o Adriano. Estava perdido. Mas o desespero logo lhe deu ideias e gritou:
-- O que é isto? O que o senhor está a fazer se me acordei agora? Não sei como estou na sua cama.
A Peronela, que acordara e ainda estava meio zonza, sussurrou para Adriano.
-- Escuta estes nossos hóspedes, marido! Olha como discutem!
-- Não seja por isso, senhora, respondeu o esperto rapaz. Que Deus lhes dê más horas, pois beberam muito vinho ontem!
A mulher, espantada, logo constatou que estivera fazendo piruetas na cama com o homem errado. Seu instinto de sobrevivência fez com que, muito lesta, se acomodasse na cama da filha, sem que o marido, que estava a gritar com o Pinuccio, percebesse.
Foi só a Peronela deitar que Gianelo, ainda bufando, acendeu o lume e viu a mulher na cama com a filha, o Pinuccio ao seu lado e Adriano sozinho no outro leito.
-- Imagina, mulher, o que me disse este desgraçado sobre a nossa Nicolosa. Mas eu vou vingar minha honra, nem que me custe a vida!
A dona da casa, que já entendera tudo e voltara à calma, respondeu ao marido:
-- Esse Pinuccio é mentiroso, pois nunca se deitou com nossa Nicolosa. Como poderia, se logo que dormiste vim aqui deitar com ela? Não consegui cerrar os olhos até agora e este rapaz não esteve aqui. Ele deve ser sonâmbulo e fala dormindo!
Adriano, vendo que a Peronela cobria com muita competência a sua vergonha e a vergonha da filha, falou para o amigo:
--Pinuccio, você deve parar com esta mania de falar o que sonha e trocar de leito. Ainda mais aqui, na casa de nosso bom Gianelo. Que Deus lhe dê um resto muito ruim de noite!
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Pinuccio compreendeu a situação. Fingiu acordar-se na cama do hospedeiro, espreguiçou-se várias vezes e gritou de repente:
-- Bom Deus! O que faço aqui?...
E logo correu para a cama do amigo Adriano.

A mulher deixou o leito da filha e foi acudir o bebê, que acordara com a barulheira e começara a chorar. Acalmou-o, espinafrando o Gianelo.
-- Você bebe demais e faz toda essa confusão! Nunca vai deixar de ser tolo!...
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O pobre do homem acreditou em tudo aquilo que ouvira. Naquele teatro, a única que não mentira fora a Nicolosa, porque ficara calada, mas com uma dúvida a lhe martelar a cabeça confusa. Será que a mãe fizera mesmo todo aquele barulho com o Adriano? Gianelo sossegou e foi dormir ao lado da esposa.
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No outro dia, acordado e de muito bom humor, dava gargalhadas zombando do Pinuccio e de seu sonambulismo falador.
Tudo acertado, os dois rapazes pegaram as bagagens e os cavalos, fingindo cavalgar na direção de Florença. Ao invés disso, fizeram uma grande volta e retornaram à sua cidade.
Gianelo, Nicolosa e Peronela, no final daquela noite inesquecível para as duas.
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Pinuccio e Nicolosa, usando de outras artimanhas, encontraram-se mais vezes para dar vazão à sua paixão. A Peronela, que julgava saber o que a filha fizera naquela noite, reclamava de vez em quando, chamando-a de desavergonhada, mas sem o marido ouvir.
Nicolosa, por sua vez, perguntava sempre à mãe o que estava fazendo na cama do Adriano, respondendo-lhe esta que somente ali sentara por segundos, pois o berço estava fora do lugar. Quanto ao barulho, mentiu com o maior cinismo à filha que o fizera com seu pai. Como a escuridão acobertara tudo, Nicolosa acabou acreditando e, por sua vez, tanto jurou ser inocente, com sentido choro, que fez a mãe, que para alguns assuntos não se mostrava muito esperta, crer que Pinuccio era realmente um sonâmbulo e que a filha ainda continuava com seu selo.
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E Peronela acabou, por fim, se convencendo de que fora a única mulher que festejara com muito prazer, e sem o marido, a dança de Baco naquela noite.
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Giovanni Boccaccio, escritor famoso da Idade Média (1313 Paris - 1375 Toscana), mais Dante e Petrarca, foram os três maiores vultos do florescer das letras italianas. Seu livro famoso foi Decameron, que muito escândalo provocou na época, onde dez jovens se reúnem e cada um, em dez dias, narra a sua novela, perfazendo cem.
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