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sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Monsenhor Bianchini (parte 3).

Esta bonita lembrança foi distribuída pelo Movimento de Emaús aos presentes à missa de Sétimo Dia pela alma de Monsenhor Francisco de Sales Bianchini. Foi celebrada no primeiro dia de novembro, em que se reverenciam Todos os Santos, às vinte horas, na Catedral Metropolitana de Florianópolis, pelo Arcebispo Dom Murilo Krueger e mais alguns sacerdotes. Ao final, foram distribuídos exemplares da biografia do venerável sacerdote.
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A Bíblia Sagrada.
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Sílvia e eu fomos convidados a participar de uma reunião de culto ao Senhor na residência de um casal muito amigo, da Igreja Adventista. Em meio ao encontro um dos participantes questionou o que se chamava na Igreja Católica Sagrada Tradição. O que importava era a Bíblia e não a tradição. Procurei responder ao questionamento, mas ao final não saí satisfeito.
Fui, então, à minha fonte segura de respostas, o Monsenhor Bianchini. Ele, na sua casa do Jardim Germânia, numa tarde de chuva, me mostrou um volume de folhas datilografadas, folheou e chegou à página desejada. Não poderia lhes dizer hoje se aquelas explicações pormenorizadas a respeito de tantos assuntos de fé seriam obra dele. Até porque a folheei toda e não encontrei nominado o autor e ele nada me falou sobre isso.
Mas saí de sua casa convicto de que a Tradição se revela importantíssima, até para o fato da Igreja Católica existir até hoje, desde os tempos em que era perseguida pelos Césares romanos.
Ele muito tranquilo, me asseverou: Sem esta tradição que não se dá valor, aquela reunião com teus amigos não teria acontecido. Quem levou a Bíblia Sagrada até aquele encontro foi nada menos que a Tradição Católica.
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A Bíblia é a palavra de Deus que chegou até nós. Como? Pela Igreja e sua administração, sua tradição oral e escrita, pelos ensinamentos de seus responsáveis diretos. É a palavra de Deus não escrita, ou escrita à parte e em uníssono com a Bíblia, e transmitida de viva voz e através escritos, conservada pela Igreja em seus ensinamentos, em sua liturgia, em sua catequese.
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Missa de Sétimo Dia na Catedral (01-11-2010)
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As igrejas já tradicionais, separadas, como as luteranas, e seitas mais recentes, como as pentecostais, negam a tradição católica, dizendo que as verdades divinas estão somente na Bíblia.
Ora, Jesus não mandou que os apóstolos fossem pregar e ensinar a palavra escrita primeiramente. Ele não determinou que primeiro se escrevesse o Novo Testamento. "Ide por todo mundo e pregai o Evangelho a toda criatura" (Marcos 16,15). Só alguns apóstolos escreveram, e ainda quando estavam no final de sua vida. Portanto, eles foram enviados a pregar a palavra de Deus de viva-voz (tradição) e alguns deles, mais tarde, escreveram algumas cartas. Os demais somente pregaram a palavra de Deus de viva-voz.
A própria Bíblia nos mostra o quanto é importante a tradição. "Assim, pois, irmãos, ficai firmes e conservai os ensinamentos que de nós aprendestes, seja por palavras, seja por carta nossa". (II Tessalonicenses 2, 15).
"Intimamo-vos, irmãos, em nome de Nosso Senhor Jesus Cristo, que eviteis a convivência de todo irmão que leve vida ociosa e contrária à tradição que de nós tendes recebido". (II Tessalonicenses 3, 6).
"Tu, portanto, meu filho, procura progredir na graça de Jesus Cristo. O que de mim ouviste na presença de muitas testemunhas, confia-o a homens fiéis que, por sua vez, sejam capazes de instruir os outros. (II Timóteo 2, 1-2).
"Toma por modelo os ensinamentos salutares que recebeste de mim sobre a fé e o amor a Jesus Cristo. Guarda o precioso depósito pela virtude do Espírito Santo que habita em nós. (II Timóteo 1, 13).
Nem tudo aquilo que Jesus fez está na Bíblia, nos diz São João ( O próprio Cristo nada deixou escrito).
"Fez Jesus, na presença de seus discípulos, ainda outros milagres que não estão escritos neste livro. Mas estes foram escritos para que creiam que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo, tenham a vida em seu nome". (João 20, 30).
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Outro flagrante da Missa de Sétimo Dia.
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O último versículo do Evangelho de São João (21, 25) nos diz o seguinte: "Jesus fez ainda muitas outras coisas. Se fossem escritas uma por uma, penso que nem o mundo inteiro poderia conter os livros que se deveriam escrever".
Quem garante aos protestantes que os vinte e sete livros do Novo Testamento são inspirados por Deus? Queiram ou não, é a tradição católica que trouxe estes livros até os dias de hoje ou até Lutero e garante, portanto, a sua legitimidade.
Desta forma, muitos acontecimentos se deram ao longo da historia da Igreja aí iniciada. A Igreja Católica sempre foi testemunha, desde o primórdios, e os preserva até hoje, até porque foi a única Igreja que existiu e ainda existe desde a época de Jesus.
É natural que outras denominações religiosas não compreendam nem aceitem, até porque não possuem a tradição que somente os séculos e a história encerram. Estes acontecimentos maravilhosos, que são as grandes expressões das manifestações de Deus e sua palavra, foram testemunhados desde o seu início pelos dois mil anos da Igreja Católica.
Em que escritos se baseou o monge católico Lutero para reformar a Bíblia Sagrada? E outros reformadores como Calvino, Zwinglio, dentre outros? Nos escritos que lhe foram trazidos desde o início de sua Igreja, por monges, frades, exegetas católicos, que ao longo dos séculos, nos claustros, nos conventos, nas universidades (a Igreja Católica as criou) dedicaram suas vidas a transcrever e copiar os trechos da sagrada palavra de Deus. As reuniões conciliares davam forma, ordenamento e substância a estes ensinamentos. E tudo isso chegou até nós pela tradição oral e escrita de dois mil anos, que a Igreja Católica, formada por homens, alguns santos, outros não, com muitas dificuldades, nos legou.
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Lembrança:
Reunião do grupo Sagrada Família do Movimento de Emaús com o Monsenhor Bianchini. (Esta foto eu bati). Na ponta, à direita, nosso saudoso amigo Afonso (1953-2005), que já deve estar matando a saudade do Monsenhor.
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