Em todas as lojas e vitrines surge a figura rosada do bom velhinho, de barba algodoada e gargalhar inconfundível. No seu majestoso trenó de renas aladas, carrega as dádivas natalinas, trilhando o seu cintilante caminho de estrelas. Habita a Lapônia, uma terra distante e gelada, de pequenos duendes e paisagem imaculadamente branca, somente toldada pelos picos brilhantes dos montes e os galhos serenamente verdes dos pinheiros agrestes. E assim o Papai Noel se eterniza na imaginação de todos. ***************************
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Em outra terra longínqua, numa pequena cidade chamada Belém, noite fria de inverno, um estábulo rústico acolheu um casal. Ela se chamava Maria e era mais doce que o mel dos oásis, olhos serenos de amor desmedido. Acompanhava o marido, homem maduro e nobre que vivia para ela, sabedor do ingente papel que o Senhor do universo a ambos reservara. Ela esperava um bebê, que traria a salvação para todos os homens sofridos.
E foi assim que, em meio a ovelhas e pastores, numa noite dourada em que uma estrela luminosa apontou o lugar para três reis de terras distantes, nasceu aquele menino. Um menino pobre, de negros cabelos como a noite sem lua, de olhos profundos e calmos a fitar a mãe amorosa e o pai tão distinto. Este menino cresceu e veio a ser motivo de amor e ódio, de alegria e dor. E ela sentiu. como dissera Simeão, um punhal a lhe dilacerar o peito, quando viu o Filho maltratado e ferido. Os seus O crucificaram, preferindo absolver um criminoso, opção triste e infeliz, reveladora de que nem sempre o voto da maioria realiza o bem. ***************************
Mas Ele reviveu no terceiro dia. Estava, enfim, completada a sua magnífica e insondável obra de redenção dos homens.E bem depois, não se sabe ao certo, homens piedosos resolveram comemorar o seu nascimento, na Belém-Efrata abençoada há séculos pelo profeta Miquéias, pois este afirmou que de lá sairia o homem que iria governar a terra. São Francisco de Assis seria o primeiro a reproduzir tão significativa data com o presépio, representação naquela época simples e hoje estilizada, de tão maravilhoso evento. No entanto, tão veneráveis momentos estão sendo substituídos pelo consumismo desenfreado, a ponto de não mais se falar do aniversariante nos novos shoppings e lojas em neon, as catedrais da moda que substituíram os vetustos santuários.
Isso, obviamente, não impede que continuemos a nos irmanar e a festejar, mas sem esquecer o grande esquecido do mundo do consumo e das propagandas. Ele, Jesus, aniversariante por excelência, merecedor de todos os votos de parabéns e de felicidades, mesmo que deles não necessite.
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Procuremos, no mais recôndito pedacimho de nossas almas, dar-lhe um abraço sereno, um aceno, um afago, no dia de seu aniversário. Ele, mais que ninguém, merece, pois se imolou por nós, num sacrifício sublime.
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