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sexta-feira, 30 de março de 2012

O APOCALIPSE.


João escreveu nos pergaminhos o que gravara nas pedras.
"Eu sou o Alfa e Omega, diz o Senhor Deus, aquele que é, que era e que vem, o Dominador". (Apoc 1, 8).
(Alfa e Omega - princípio e fim - primeira e última letras do alfabeto grego).
Palavra grega que significa Revelação, o Apocalipse foi escrito pelo discípulo João no final da sua vida. Talvez seja o livro da Bíblia de mais difícil compreensão. Para interpretá-lo é necessário levar em conta o gênero literário utilizado pelo autor, além da circunstância em que foi escrito.
É histórico que o primeiro século do Cristianismo foi uma época de perseguições repletas de sangue e martírio. A civilização romana tinha por meta acabar com os cristãos. Maior potência econômica e militar da época, esqueceu suas raízes republicanas e passou a ter imperadores que se julgavam deuses.
Neste século dominaram de forma totalitária os seguintes imperadores, ou césares:
Tibério - 14 a 37.
Calígula - 37 a 41.
Cláudio - 41 a 54.
Nero - 54 a 68.
Vespasiano - 69 a 79.
Tito - 79 a 81.
Domiciano - 91 a 96.
Nerva - 96 a98.
Destes todos, os mais terríveis e sanguinários com relação aos cristãos foram Nero, Vespasiano e Domiciano. Este último, não logrando matar João, o discípulo, desterrou-o para a ilha de Patmos, que hoje pertence à Grécia, embora fique a cerca de 50 quilômetros das costas da Turquia.
Neste degredo, de acordo com a tradição cristã, João recebeu de Deus as revelações. Como não dispunha de pergaminhos, penas e tintas, gravou nas pedras da ilha o que vira e ouvira. Amigos cristãos lhe levaram de barco o material que precisava e na ilha ele iniciou sua obra. Com a morte de Domiciano retornou a Éfeso e difundiu o que escrevera.
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Um anjo de Deus lhe apareceu na ilha e disse: "Contemplarás o que não foi revelado a nenhum ser humano. Perderás a noção do tempo e do espaço. Escreve o que vires e manda-o às sete igrejas em Éfeso, Esmirna, Pérgamo Tiatira, Sardes, Filadélfia e Laodicéia. O clamor dos mártires se eleva aos céus pedindo justiça."
Muitos cristãos já estavam desesperançados com relação à sobrevivência da nova religião, que buscavam espalhar por todos os recantos. O livro é uma mensagem de conforto e um manifesto contra os perseguidores e seu paganismo.
Lutam o bem e o mal, mas Deus fará vencer o bem, mesmo que tal se realize com sofrimento e morte. João usa muitos simbolismos em seu texto, do mesmo modo que alguns livros do Antigo Testamento. O gênero literário é chamado Apocalíptico, com visões e revelações simbólicas. Não é a descrição antecipada de acontecimentos de hoje ou do futuro, como alguns sugerem. A linguagem é figurada e misteriosa para melhor prender a atenção do leitor.
Símbolos:
* Cristo - o Cordeiro.
* Mulher - (a esposa, ou a que deu à luz um menino). Pode ser a Igreja, a Jerusalém celeste (a mãe mística) ou mesmo o céu. Alguns traços adaptam-se à Virgem Maria.
* Dragão - as forças hostis ao reino de Deus, a mesma serpente do Gênesis (Foi então precipitado o grande dragão, a primitiva serpente, chamado demônio e satanás, o sedutor do mundo inteiro).
* As duas feras - O Império Romano e o culto pagão.
* A fera (a Besta) - Simboliza os césares, talvez Nero, o perseguidor maior. O número 666 reflete um domínio falho, inferior ao sete, que é o número perfeito.
* Babilônia - A Roma pagã, ou a prostituta, ou a grande mãe da prostituição.
* Harmagedon - "Eles se reuniram em (num lugar chamado em hebraico) Har-magedon, monte onde perecem os reis. Região assentada aos pés das colinas do Carmelo. Reis e demônios se reuniriam neste lugar para a grande batalha contra o Deus poderoso, quando serão derrotados.
* Cristo é mostrado também como o Filho do Homem. O texto anuncia lutas, perseguições, fracassos e mortes no plano terrestre. Mas fala da realidade da salvação e da vitória final, com Cristo ressuscitado.
* Mil anos - amplidão vitoriosa do cristianismo, os últimos tempos.
* Três portas abertas para as regiões do mundo - é uma bela imagem da universalidade da Igreja.
*Pontos em evidência:
1 - Mensagem às sete Igrejas da Ásia.
2 - Os quatro cavaleiros:
Branco (vencedor) Paz.
Vermelho (guerra).
Negro (a Balança, com que todos serão julgados).
Esverdeado ( a morte).
3 - Triunfo das testemunhas de Cristo.
4 - Castigo da Babilônia.
5 - Julgamento geral - cada um será julgado de acordo com suas obras.
6. A glória da Igreja eterna. Jerusalém celeste.
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Não há no Apocalipse qualquer referência, como em qualquer livro da Bíblia, a uma possível data para o Juízo Final. O que conta na verdade é:
"Vigiai, porque não sabeis o dia nem a hora" (Mt 24, 42-44).
"Não compete a nós conhecer os tempos que o Pai fixou com sua própria autoridade". (At 1,7).
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Algumas denominações religiosas afirmam ser o Papa a Besta do Apocalipse, numa referência deselegante e rasteira para com o Chefe da Igreja
Católica. Estudemos isso um pouco.
Afirmam estar escrito na Tiara papal, que hoje ele não mais usa, o seguinte: Vicarius Filii Dei , que em português significa "O vigário do Filho de Deus". Somando-se as letras deste título latino em algarismos romanos, ficaria:
V I C A R I U S F I L I I D E I.
5+ 1+100 + 1+5 1+50+1+1 500+1. = 666.
As letras A, R, S, E e F não têm valor numérico. A letra U tem o mesmo valor da letra V, portanto 5.
Este título, porém, não consta na Tiara, onde não há nenhuma inscrição. E o papa, ao longo dos séculos, tem sido chamado pelos cristãos de Vicarius Crhisti, não o que sugerem.
Poderíamos levar tais ilações mais adiante. A Besta poderia ser o próprio Cristo. Os números em hebraico do nome Jesus de Nazaré têm o mesmo valor 666.
Outro exemplo: A profetiza adventista Ellen Gould White. As letras de seu nome, que podem ser transformadas em algarismos romanos, dão o mesmo valor.
Dois eles (LL) = 50+ 50.
U = 5.
L = 50.
D = 500.
W (V+V) = 5+5=10.
I = 1.
A soma perfaz 666.


Obviamente, a Sra Ellen não foi nem é a besta do Apocalipse.
Uma interpretação possível é a do nome de Nero, ou Caesar Nero ( do grego NVRN RSQ). A soma dá o mesmo número.


No livro Apocalipse João descreve (17, 11):
A besta que existia e não existe mais, é ela própria o oitavo e também um dos sete, mas também caminha para a perdição.
João, com muita probabilidade, se refere a um dos imperadores romanos. O imperador que o mandou para a ilha em degredo foi Domiciano, o oitavo imperador daquele século, que morreu quando ele estava na ilha. Porém, não existe uma conclusão cabal para tal problema. Importa analisar o tempo, contexto e circunstância em que o livro foi escrito, procurando-se obter algum ensinanento.
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Faço esta reprodução de postagem do dia 16-05-10 em homenagem à leitora Johanne Sollis, que de vez em quando me  brinda com comentários  muito bons.
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