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sábado, 4 de agosto de 2012

A proclamação da República brasileira.


(cesarcrash.blogspot.com)
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Curiosidades, verdades e mentiras sobre a proclamação da República no Brasil

O marechal Manuel Deodoro da Fonseca era simpatizante ao regime monárquico, funcionário de confiança e amigo de D. Pedro II. Apesar de saber da conspiração, relutou em participar dela e aderiu à causa apenas 4 dias antes da proclamação da República, em grande parte mais pelo temor que líderes de alas radicais do exército matassem os membros da família imperial brasileira, pela qual tinha respeito. Acreditava que este ato violento causaria uma guerra civil entre os golpistas com parte da população (grata pela abolição da escravidão) e os defensores do Império, que teriam na família imperial mártires para vingar. Por ser o militar de mais prestígio e de maior patente entre os militares conspiradores, resolveu tomar a frente do golpe de Estado para manter a situação sob controle.
Há divergências sobre até que ponto a participação de Deodoro foi por uma consciência mais ampla ou ambição pessoal. O pesquisador José Eduardo Bruno descreve da seguinte forma a ambiguidade da participação do marechal: 
Acordado, Deodoro ouve que dali a poucas horas Ouro Preto assinaria decreto dissolvendo o Exército. Não era verdade, mas irrita-se, veste a farda e dispõe-se a liderar a tropa. Não consegue montar a cavalo, tão fraco estava. Entra numa carruagem e acaba no pátio fronteiriço ao Ministério da Guerra. Lá, monta um cavalo baio e invade o prédio, com os soldados ao lado, todos gritando “Viva Deodoro! Viva Deodoro!” Saudando-os com o agitar do boné na mão direita, grita “Viva o imperador! Viva o imperador!”. Apeia e sobe as escadarias para considerar Ouro Preto deposto. Confuso pela forte febre com que se encontrava, repete diversas vezes: “Nós que nos sacrificamos nos pântanos do Paraguai rejeitamos a dissolução do Exército”. O visconde, corajoso e cruel, retruca que “maior sacrifício estava fazendo ele ouvindo as baboseiras de Vossa Excelência!” Foi o limite para Deodoro dizer que estava todo mundo preso.
O marechal já ia voltando, o sol ainda não tinha nascido e os republicanos, a seu lado, insistem para que aproveite a oportunidade e determine o fim do Império. Ele reluta. Benjamin Constant lembra que se a República fosse proclamada naquela hora, seria governada por um ditador. E o ditador seria ele, Deodoro. Conta a lenda que os olhos do velho militar se arregalaram, a febre passou e ele desceu ao andar térreo, onde montou outra vez o cavalo baio. A tropa recrudesceu com o “Viva Deodoro! Viva Deodoro!” e ele agradeceu com os gritos de “Viva a República! Viva a República!” 

As representações da proclamação da República mais famosas são encomendas retocadas da realidade. 
O quadro "Proclamação da República", do pintor paulista Benedito Calixto apresenta uma quantidade maior de militares do que provavelmente havia na ocasião. Os disparos de canhão comemorativos dificilmente teriam acontecido, tendo em vista o pouco efetivo e tempo que os amotinados tinham para consolidar o golpe e o receio de uma reação por parte da população, forças policiais ou da própria Marinha, o que não gerava uma situação tranquila para realizar uma solenidade daquele porte no momento.
No quadro "Proclamação da República" do chileno naturalizado brasileiro Henrique Bernadelli o cavalo baio (referência a cavalos mansos, geralmente de pequeno porte) montado pelo marechal foi substituído por um portentoso cavalo para imprimir maior grandiosidade à cena. Na ocasião ofereceram ao velho marechal, debilitado por uma doença, um cavalo manso e de menor porte, para facilitar sua montaria e que não exigisse muito esforço para ser controlado ou derrubasse Deodoro por se assustar com tiros ou movimentos. 
Este cavalo baio nunca mais foi montado após o episódio histórico. Incluído na carga do 1º Regimento de Cavalaria em 13 de março de 1884, então com 8 anos, morreu em 28 de fevereiro de 1904, com 28 anos. Numa destas contradições típicas da história brasileira, cooperou na proclamação da República com sua mansidão.

Geralmente se associa a monarquia aos desmandos dos reis e imperadores e a república à liberdade. No Brasil aconteceu o contrário. O reinado de D. Pedro II se caracterizou pela liberdade que oferecia à imprensa, flexibilidade administrativa e respeito que possuía pelos políticos do império. Quando foi proclamada a República, uma das primeiras providências foi a censura aos jornais, seguida de perda de autonomia pelos estados da federação e eleições fraudulentas com limitação das condições dos votantes. Multiplicaram-se os presos políticos e exilados, figuras que não existiam no Segundo Reinado.
O Império Brasileiro, que em seus últimos anos era caracterizado pelos observadores internacionais como "a monarquia mais republicana das Américas" se tornou "mais uma democracia de ditadores", tão comum na época entre as repúblicas da antiga América espanhola.
Boa parte da população de então simpatizava com a humildade, pacifismo e amor às artes e ciências de D. Pedro II, vendo também com bons olhos a provável sucessora do trono, a princesa Isabel, que agradava por sua devoção católica e era associada ao fim da escravidão. Se a simpatia dos pobres não era suficiente para pegar em armas pelo retorno do monarquia, foi mais decisiva a insatisfação dos ricos com a possibilidade do governo brasileiro ser chefiado pelo francês conde D'Eu, marido da princesa Isabel, e a falta de políticas imperiais para uma rápida melhora econômica, agravada com a abolição da escravidão. Não que os republicanos tivessem planos melhores – tanto que continuaram com as mesmas diretrizes da época do Império – era o caso da elite trocar o prejuízo certo pelo lucro incerto.
O jornalista João do Rio, ao descrever o Rio de Janeiro de 1908 no livro A Alma Encantadora das Ruas, se mostrou surpreso com a quantidade de trabalhadores, negros e brancos, que levavam nas costas tatuagens de símbolos imperiais. Afirmou ele: "Pelo número de coroas da monarquia que eu vi, quase todo esse pessoal é monarquista".

No dia 21 de abril de 1993 ocorreu um plebiscito onde a opção "República" obteve 86% dos votos válidos, conferindo, finalmente após 104 anos, legitimidade popular ao regime republicano brasileiro. No mesmo plebiscito, o sistema presidencialista de governo foi legitimado pelo voto popular.
Não bastando a demora que favoreceu o modelo republicano, tendo em vista que devido à demora da escolha, gerações haviam já nascido neste tipo de governo, impossibilitando uma comparação imparcial, realizaram a votação no feriado do Dia de Tiradentes, data de apelo emocional na luta dos brasileiros contra a monarquia portuguesa. As manobras políticas e ideológicas, de forma direta e subliminar, continuam a favorecer a República no Brasil.
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Este belo texto é de autoria do Historiador e Psicólogo Sylvio Mário Bazote, de Juiz de Fora, do encantador Estado de Minas Gerais (historiasylvio.blogspot.com.br). Tão bom que desejei reproduzi-lo para meus leitores. Concordo com ele. Fazer um plebiscito sobre Monarquia, presidencialismo e parlamentarismo no dia de Tiradentes e mais de um século depois foi uma senhora patacoada ou patranha da turma republicana. Esta tal consulta deveria ser feita, quando muito, dez anos depois do golpe chamado República. Admiro muito a família real brasileira, a atual e os seus ancestrais. Por sinal, votei na monarquia naquela consulta induzida e farsista.
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