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quinta-feira, 2 de janeiro de 2014

O MORRO DO ESQUERDISMO UIVANTE.




Estou passando os meses de janeiro e fevereiro na Enseada de Brito, município de Palhoça, grande Floripa, onde tenho uma casinha, leitores. Um oficial de polícia aposentado não tem como morar no norte da ilha e muito menos em Jurerê Internacional. Lá é terra de gente rica, mas onde estão acontecendo invasões lideradas por gente com aquela verborragia costumeira, com alguns pobres como massa de manobra. Mas não me queixo, pois gosto mesmo da Enseada, minha sesmaria afetiva. Em volta dela gravitaram e viveram meus ancestrais açorianos. Aqui floresce nossa cultura mais legítima, com seus costumes lusos ainda preservados por gente de bem. Mas, apesar disso, a Enseada tem um problema ideológico insolúvel. 
A BR-101 corta o estado catarina no seu litoral de norte a sul, ou vice-versa, e tem somente dois pontos de estrangulamento, cheios de carros, filas e impaciência. Um é a ponte de Laguna, cujas obras estão a pleno vapor. Vai realmente ficar muito bonito depois de pronto. O outro ponto de estrangulamento sempiterno é o morro dos Cavalos, aqui na Enseada. Este não tem nem terá solução, pois no cimo dele moram alguns índios. São umas dez casinhas que a Funai construiu para os nossos irmãos morarem ali. Uma parte das terras está sendo tirada dos açorianos brancos, muitos que ali moram a mais de cem anos, para dá-las aos, como dizem, os verdadeiros habitantes destas terras tupiniquins. A pensar isso, os diligentes obreiros da Funai deveriam sair do país e voltar a seus lugares de antanho.
Mas aqui na Enseada os índios são poucos, e isso faz com que os indefectíveis antropólogos barbudos, com aqueles estudos angelicais de pós-doutorado que tentam explicar o inexplicável, tentem trazer índios até do Paraguai para povoar a região. O embrulho é alimentado por alguns padres (conheço um), pelo Ibama, Funai e esquerdismo galopante. E nada se resolve. Já se pensou fazer dois túneis no morro, já se pensou em pistas a mais para a subida e descida, já se pensou em tudo, como sói acontecer nos tais estudos e debates, mas solução, nada. As máquinas não vêm e os engarrafamentos são diários, enervantes, perenes. Qualquer tentativa de iniciar as obras esbarra na Funai e Ibama, os empata de sempre, preocupados com os berbigões, as jacutingas e os indígenas. Mas estes também sofrem, pois ficam ilhados em suas casas, os acidentes são constantes, com mortes, pois o local é íngreme e perigoso.  
Mas não culpo os indígenas, muito pelo contrário. O dedo incongruente e cheio de culpa do branco engajado é que está ali, dificultando tudo. Ainda esta semana vi no centro de Floripa, e isso acontece há anos, uma senhora indígena com seu bebê no colo. Passa o dia ali, sem nada fazer, dependendo das esmolas e caridade dos passantes. Vende algum artesanato e folhagens que, se um branco pegar no mato, logo se verá preso pela diligente polícia ambiental. Os índios permanecem como estão desde que tenho casa na Enseada, lá se vão quase quarenta anos. Já paguei passagens de ônibus para alguns deles. Não tiveram a vida melhorada, embora se saiba que as burras da Funai estão repletas de dinheiro federal, que vai para o tal custeio da máquina. Funcionários comissionados regiamente remunerados, com certeza a mais do que o necessário, como acontece em todo órgão público, os famosos custos operacionais, diárias, viagens, etc, etc, fazem com que o que chega ao índio seja pouco. E não há como negar, pois estes em nada melhoraram suas condições de vida, pelo menos aqui na Enseada. Até porque alguns abilolados tentam fazê-los regressar nus à selva, para serem comidos pelos mosquitos e se converterem nos bons selvagens de Rousseau, uma quixotice histriônica, pois o que eles querem mesmo, e com justa razão, são as benesses do capitalismo, como antenas parabólicas com tevês e as imagens da Globo, máquinas digitais, pizza e coca-cola.   
Ainda penso que aos índios deve ser dada a oportunidade de se integrarem com todas as raças, preservando a sua cultura. Mas sem separatismo ideológico. Estão dando a eles terras em profusão, com exagero, que eles não saberão administrar. E todos os leitores já sabem quem vai lucrar com isso: os brancos espertos e os caciques espertos. Nossos indígenas devem estudar, trabalhar, progredir, talvez um seja um dia presidente. Lula não foi? Tratando-os como menores é que nunca serão. E não adiantam palavreado e floreios de doutor esquerdista.  
Mais um ano vai passar, os engarrafamentos  continuarão, e nem a paulista Ideli Salvati, que bate papo com a Dilma todo dia, conseguirá duplicar a maldita rodovia. Nem usando helicóptero ou avião da FAB. A Funai e o Ibama não deixam. Esses caras mandam mais que a presidente? Acho que mandam.


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O número de pessoas aqui em Floripa chega a dobrar no verão. Os hermanos vêm em lotes noa aviões ou em carros. Ricos aportam em Jurerê Internacional e seus night clubes e no norte da ilha. As companhias de água e luz se veem em palpos de aranha para atender toda esta demanda. Ainda mais agora que Floripa parece um Senegal, de tão quente.
O que se faz, então? Na voz corrente dos moradores da Enseada de Brito, tira-se a luz daqui para favorecer os bacanas da ilha. Não faltou luz o ano todo, mas no dia 31 passado, das 22 e 15 até as 23 e 45 faltou luz. Anda bem que veio antes da virada, pois todos já queriam bocar a boca no trombone. Em Floripa é assim: ficam o ano todo fazendo propaganda como a melhor cidade do mundo, vem gente aqui como formigas no verão, e falta água e luz. Seria melhor planejar isso com mais cuidado.
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O livro "Assassinato de reputações", de Romeu Tuma Junior, está difícil de comprar. O pessoal está ressabiado. Diz o livro que Lula trabalhava no DOPS para o Romeu Tuma. Vai dar em nada, pois o importante é pagar o bolsa família.
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Absurdas estas festas de natal e fim de ano (shows sertanejos e fanques em profusão), luzes, fogos, todo um circo armado. E as prefeituras, depois, alegam não ter dinheiro para o que é realmente sério, uma vez que a maior parte da rapina vai para a hidra federal e seus gastos também mirabolantes. Seria melhor menos propaganda e circo; mas, infelizmente, o pueblo gosta mesmo de circo. 
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