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sábado, 22 de março de 2014

DOIS GRANDES POETAS.

Meu amigo, o  poeta português EUGÊNIO DE SÁ, tem me remetido e brindado regularmente belas produções literárias suas e de amigos, onde se atesta o muito de qualidade e bom gosto das lides culturais na nossa terra-mãe, a par do afinamento harmônico com a escola clássica da rima e da métrica, ou mesmo com versos soltos eivados de harmonia e ritmo, duas qualidades essenciais da boa poesia. Aqui a minha homenagem a Eugênio, neste fim de semana.

  

O PESO DA DESESPERANÇA

Há um povo amargurado
Caminhando pelas ruas e estradas,
Sem rumo certo...
Ao desabrigo do sol e da chuva,
Pisa a areia escaldante do deserto,
Até alcançar e tocar as fímbrias das vestes
Do Mestre,
Pedindo com delicadeza que afaste
O varal das incertezas,
Das rimas e versos inconclusos,
Dos vértices obtusos,
Do desbotado papel da autoridade,
Que postula um substitutivo decente
Para desacelerar a banalização do crime,
Que desce impune pelas encostas,
Torrencial, voraz,
Diante da Sociedade incapaz
De oferecer coerentes respostas,
De encarar o problema de frente,
Deixando o corpo se esvair em sangue,
Depois de tombado pela massa desgovernada,
Vezes de cara limpa, vezes mascarada,
Sementes da podridão plantadas no coração
À luz da lua prateada.

Alceu Sebastião Costa
17 de março de 2014




 



ESTAMOS CONVOSCO!

Sente-se o filho deste solo luso
perante a desesperança do irmão
que em terra brasileira vê, confuso,
a fé que lhe é cassada p'lo poltrão.

Ira-se o coração, cerra-se o punho
enquanto a boca quer gritar ao vento
uma censura feia ao fero grunho
que ri, alarve, do tanto sofrimento.

E não obstante a hídrica distância
 que entre nós se interpõe, indiferente
nada nos mata a vontade e a ânsia

de, lado-a-lado, numa acção ingente
 darmos batalha às hostes da ganância
e juntos devolvermos cada dôr pungente.

   
Eugénio de Sá
19.Março.2014





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