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segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Santa Catarina de Alexandria.

Santa Catarina de Alexandria, no altar-mor da catedral de Florianópolis. Esta Santa é padroeira e dá seu nome ao Estado, à ilha onde se espraia nossa capital (minha terra) e é ainda padroeira da Arquidiocese. Merece que a conheçamos melhor.  
foto do site da Arquidiocese de Fpolis
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 Padre Ney Brasil Pereira. O presente artigo, que terá cinco pequenos capítulos, é de autoria deste honrado e venerável sacerdote. As fotos e gravuras também foram extraidas de seu livro "Santa Catarina de Alexandria". Padre Ney nasceu a 04 de dezembro de 1930 no município catarinense de São Francisco do Sul.
Na minha adolescência fui aluno do Seminário de Azambuja, no municipio catarinense de Brusque. Lá, tive a felicidade de conviver com quatro mestres maravilhosos, de grande saber humanístico e religioso: Monsenhor Valentim Loch, Padre Cláudio Cadorim, Padre Raulino Reitz e Padre Ney Brasil Pereira, que se destacavam dentre tantos sacerdotes de iguais virtudes. Padre Ney é professor de Exegese, doutor em Teologia, um virtuose do piano e do órgão, regente de corais, enfim, homem de saber enciclopédico, sempre aliado a uma simplicidade edificante. Tive a honra de ser seu aluno e de cantar no coral do Seminário, por ele regido. A história de Santa Catarina, que apresento aqui aos leitores, é toda de sua autoria. Telefonei a ele e lhe pedi autorização para publicar parte do seu livro, o que ele logo permitiu. 
Catedral de Florianópolis
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I - A HISTORICIDADE DA SANTA.
(Páginas 10 e 11 do livro Santa Catarina de Alexandria, do Padre Ney).
Vivemos numa época de crítica histórica acentuada, a qual, aplicada às narrativas bíblicas e hagiográficas, não tem receio de ser radical. Impera o minimalismo, que reduz a um mínimo os dados confiáveis, atribuindo esta posição à falta de documentos. Assim também aconteceu com nossa Santa Catarina, a qual, apesar de um culto tão difundido na Europa desde o século VIII, e mais ainda a partir do século XI, teve seu nome retirado do calendário universal da Igreja, na reforma litúrgica que se seguiu ao Concílio Vaticano II. Essa retirada do calendário universal foi mal interpretada como uma "cassação". Mas não houve cassação alguma da Santa, que pode continuar a ser legitimamente venerada nas regiões, dioceses, paróquias ou igrejas a ela dedicadas, e isso na data tradicional, 25 de novembro. Que houve, então?
Houve o reconhecimento de que não temos, de fato, dados históricos confiáveis que sejam contemporâneos à personagem cujo martírio, por escritos bastante posteriores, é situado no início do século IV na cidade de Alexandria, no Egito, durante a perseguição de Maximino. Diante da ausência de documentação, surge a pergunta direta: afinal, a santa existiu ou não? Quando a invocamos, invocamos alguém, uma pessoa, ou apenas um símbolo?
A título de exemplo, citamos o caso de alguns personagens bíblicos que até deram o nome a certos livros da Bíblia e cuja existência histórica não é comprovada. Assim, o personagem Jó, cujas palavras são a criação literária de um escritor, este sim histórico, do século V antes de Cristo, e cujo nome desconhecemos: Jó é um personagem-símbolo de qualquer justo sofredor, que se interroga e questiona o próprio Deus, sofredor verossímil e real, embora não histórico no sentido de que tenhamos documentação para situá-lo numa época e lugar determinados. Assim também Tobias e Judite, personagens simbólicos que protagonizam dois livros deuterocanônicos, isto é, livros que não pertencem à Bíblia hebraica mas fazem parte da Septuaginta,  Antigo Testamento grego, e encontramos na nossa Bíblia. Especialmente Judite, cujo nome significa "a Judia", é uma história com dados até inverossímeis, mas cuja realidade está na lição que traz: Deus age e liberta seu povo através de pessoas que, como Judite, Nele confiam e se põem a agir.  No caso de Santa Catarina, tratar-se-ia também apenas da heroina fictícia de uma bela história?
Colocando  a questão nestes termos, distingamos as coisas: de um lado, os detalhes de seu martírio, da roda dentada que se quebra, do confronto e da conversão dos sábios, do transporte do seu corpo pelos anjos até o monte Sinai, etc, que são realmente os enfeites da criatividade, da devoção e do entusiasmo e, por outro lado, a existência  histórica de uma mulher cristã martirizada na Alexandria, na perseguição de Maximino, e cujas relíquias se encontram no mosteiro do Monte Sinai. Estou convencido de que, entre tantos e tantos cristãos comprovadamente martirizados em Alexandria durante várias perseguições ao longo do século III e no início do século IV, podemos tranquilamente identificar, entre elas e eles, a nossa Santa, a nossa padroeira. (Continua amanhã).
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Dois novos seguidores do bloguinho;
- Pelicana Esther, minha colega Ana Esther, da Associação de Cronistas, Poetas e Contistas Catarinenses, instituição da qual faço parte com muita honra. Moça de belas qualidades.
- O nobre jornalista Paulo Tarcísio Cavalcanti, da bela Natal, no RN. Meu caro Paulo: estudei no Rio com o tenente coronel Cavalcanti, da PM de Pernambuco, e ele me disse que os Cavalcanti no nordeste são como as areias do mar. Muitos e corajosos.
É um prazer e uma responsabilidade tê-los como seguidores.
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Para Johanne Sollis:
Sei que você me acompanha sempre e isso me orgulha. Por sinal, meu primo, que fez aquele poema que você achou maravilhoso, tem 58 anos e é solteiro. Leve isso como brincadeira, cara amiga.
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