Cajigas era um camponês da região montanhosa de Escambray, cenário de levantes contra Castro desde 1960. Vários dos filhos desse ancião somaram-se aos grupos daqueles que combatiam o comunismo. Unicamente por essa causa, porque seus filhos estavam lá e não tinham conseguido apanhá-los, prenderam o velho Cajigas, pensando que assim os rapazes se entregariam. Depois de interrogá-lo, tentando conseguir informações sobre os contatos e os acampamentos dos revoltosos, Cajigas foi preso na ilha de Pinos. Mas na tortura a que foi submetido os interrogatórios perturbaram-lhe as faculdades mentais. Levaram-no para La Campana, lugar de Escambray utilizado para fuzilar os que se opunham a Castro. E lá fingiram fuzilar o velho com balas de festim. A mente dele não suportou e ele desequilibrou de vez. Na loucura de Cajigas havia uma ideia fixa, obsessiva: ver os filhos. E constantemente aproximava-se das grades da entrada chamando-os:
- Quero ver meus filhos!... Quero ver meus filhos!...
Um dia, um dos guardas teve a ideia de dizer a ele que seus filhos tinham sido fuzilados:
- Ouviu, velho, fuzilamos os teus filhos, para de encher a paciência! Estão bem mortos!...
Então, Cajigas agarrou-se aos barrotes chorando. Chamaram o major para ir buscá-lo e levá-lo para a cela. O velho tinha as mãos crispadas ao redor dos barrotes e foi preciso arrancá-lo dali à força. O guarda avisou ao oficial que Cajigas havia rompido o silêncio e desobedecido às ordens. Sem explicação, enfiaram-no na solitária de castigo.
Na manhã seguinte, quando o militar passou fazendo a chamada, o cadáver de Cajigas balançava lugubremente. Havia se enforcado com as próprias calças!
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Armando Valladares, o autor do livro Contra toda a esperança, esteve preso em Cuba por 22 anos pelo crime de se opor a Castro. Arranjaram-lhe um julgamento farsa, como tantos que ocorreram desde que o tirano tomou o poder. Expulso de Cuba após cumpridos dois anos a mais que a sentença, por pressão internacional, hoje ele vive nos Estados Unidos.
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