Roberto Rodrigues de Menezes.

Roberto Rodrigues de Menezes



terça-feira, 31 de julho de 2012

Aborto, uma ameaça real.



(Não cometi crimes. Fui um inocente executado.Queria apenas nascer, mas não permitiram).

 GOVERNO FEDERAL FINANCIA ORGANIZAÇÕES QUE TRABALHAM PARA LEGALIZAÇÃO DO ABORTO
Nas últimas eleições presidenciais, quando a então candidata à presidência da República, Sra. Dilma Rousseff, viu as intenções de voto caírem vertiginosamente após a divulgação da sua posição favorável ao aborto, assinou um compromisso público, no qual firmou a obrigação de não modificar a legislação referente ao aborto. Com isso, conseguiu eleger-se, como é sabido.
Após ser eleita, de fato, a Sra. Dilma Rousseff não tentou modificar as leis que tipificam o aborto, porém, vem trabalhando com afinco e determinação para que o aborto seja implantado no país. Para isso, tem financiado organizações que têm como bandeira o trabalho para a legalização do aborto. Essas organizações lutam pelo que chamam de “direito da mulher” sobre o seu corpo.
Tanto é verdade que a Secretaria de Política para as Mulheres, capitaneada por Eleonora Menicucci, secretária com status de ministra de Estado, está dando quatro milhões e meio de dólares para as seguintes organizações:
1.       CFEMEA (http://www.cfemea.org.br/)
2.       INSTITUTO PATRÍCIA GALVÃO (http://www.agenciapatriciagalvao.org.br/)
3.       REDE DE DESENVOLVIMENTO HUMANO (http://www.redeh.org.br/)
4.       COLETIVO LEILA DINIZ (http://www.coletivoleiladiniz.org/)
5.       INSTITUTO MULHER NEGRA (http://www.geledes.org.br/)
6.       CUNHÃ COLETIVA FEMINISTA (http://www.cunhanfeminista.org.br/)
A pergunta que não quer calar é a seguinte: qual a razão para que 4,5 milhões de dólares sejam dados para instituições que publicamente trabalham contra a vontade do povo brasileiro?
Somente duas opções podem ser aceitas, nesse caso:
1.      Ou a Sra. Dilma Rousseff, presidente da República, nada sabe sobre as ações da Secretária de Política para as Mulheres e, diante desta denúncia, irá tomar medidas coerentes com o seu compromisso firmado à época das eleições, destituindo peremptoriamente a Sra. Eleonora Menicucci, posto que suas ações não condizem com a palavra dada pela sra. Presidente;
2.      Ou a Sra. Presidente sabe exatamente o que está acontecendo na Secretaria de Política para as Mulheres, tem pleno conhecimento das ações da Sra. Eleonora Menicucci, as apoia e, portanto, irá calar-se, omitir-se diante da vontade da maioria esmagadora do povo brasileiro, mostrando com essa atitude que está ciente e de acordo com o que ocorre na referida Secretaria e no Ministério da Saúde.
Não existe uma terceira alternativa. O país está diante de fatos claros: o Governo Federal insiste em financiar organizações que historicamente já agiram de forma contrária à vontade da população.
A Frente Parlamentar Evangélica protocolou nesta semana, junto à Câmara dos Deputados, em Brasília, o Requerimento nº 2406/2012, assinado pelo Deputado Federal, Sr. João Campos e subscrito por mais vinte e seis parlamentares, solicitando ao Governo Federal que dê explicações detalhadas sobre o destino dado ao valor de 4,5 milhões de dólares (composto de 3 milhões de dolares recebidos da ONU-Mulheres e mais 1 milhão e meio do próprio governo Federal) e sobre o critério de escolha das organizações que estão recebendo parte desse montante.
Além desse requerimento específico, a mesma Frente Parlamentar endereçou um outro ao Sr. Alexandre Padilha, Ministro da Saúde, questionando acerca da norma técnica que permitirá a liberação comercial do medicamento abortivo conhecido como CITOTEC. Qualquer mulher que queira realizar um aborto será orientada pelo Sistema de Saúde - por meio de uma cartilha que está sendo preparada pelo MS - a adquirir este medicamento em qualquer farmácia e administrá-lo. Tão logo os primeiros sintomas apareçam deve encaminhar-se para um Posto de Saúde. O requerimento pede explicações sobre essa ação gravíssima do Ministério da Saúde, subordinado ao Governo Federal, que porá em risco a vida de milhões de bebês.
Incrível é que essa notícia não foi veiculada na grande mídia, nem mesmo no site da Câmara dos Deputados. Apesar do escândalo que esses atos do Governo representam, tais notícias não serão veiculadas na grande mídia. Caso queria inteirar-se, o cidadão deve recorrer ao Pravda(http://port.pravda.ru/news/russa/27-07-2012/33419-dilma_aborto-0/), veículo de comunicação ligado à Federação Russa. Esta é a censura que o país vive.
Colocar em prática a agenda abortista internacional não é algo que começou ontem. Pelo contrário, tão logo acabou o Governo Militar, organizações internacionais passaram a subvencionar institutos nacionais com o fim único de promover a legalização do aborto.
Recentemente, a Organização das Nações Unidas criou um órgão denominado ONU-Mulheres. Este organismo surgiu "a partir de um forte embasamento, pela fusão de quatro organizações da ONU com um sólido histórico de experiência em pesquisa, programas e ativismo em quase todos os países". É interessante perceber como eles são claros ao exporem seus objetivos:
“A ONU Mulheres apoia os Estados-Membros da ONU no estabelecimento de padrões globais para alcançar a igualdade de gênero e trabalha junto aos governos e à sociedade civil para formular leis, políticas, programas e serviços necessários à implementação desses padrões. A ONU Mulheres coordena e promove o trabalho do Sistema ONU no avanço da igualdade de gênero.”http://www.onu.org.br/onu-no-brasil/onu-mulheres/
No documento chamado "O Progresso das Mulheres: em busca da justiça", a ONU-Mulheres afirma na página 43: os comitês das Nações Unidas sobre os Direitos Humanos, sobre os Direitos Econômicos e sobre os Direitos das Crianças já declararam que estão preocupados pela legalização do aborto e exortaram várias vezes os Estados-membros que revisassem ou modificassem a legislação. Vários casos judiciais transcendentais confirmaram o direito das mulheres ao acesso a serviços de saúde reprodutivas, incluindo o aborto, em condições seguras. Ou seja, segundo este documento, o aborto é um direito reprodutivo das mulheres; existe jurisprudência para amparar esse postulado; mais que isso, se o Brasil não reconhecer o aborto como um direito, entrará para a lista de países que desrespeitam os direitos humanos.
Trata-se de um ataque frontal à soberania da Nação. Com esse documento, querem dizer como se deve pensar, em que se deve acreditar e como se deve legislar no Brasil. Isso é inadmissível. É um atentado à democracia brasileira. Fundações internacionais interferindo na maneira de se governar um país. E isso por meio do dinheiro, comprando posturas e subvencionando organizações nacionais para trabalharem contra a vontade da população.
Diante disso, incrivelmente existe um silêncio sepucral, nada se fala sobre o assunto na grande mídia. Não existe uma voz que se levante em defesa não só da soberania do país, mas em defesa da vida das crianças nos ventres maternos. Onde estão os defensores da vida, dos direitos humanos? Onde?
As crianças mortas, assassinadas pelas normas técnicas, pelo CITOTEC, pelo dinheiro dessas organizações internacionais são SILENCIOSAS. Não gritam, não podem defender-se e, por isso, todos fingem que nada está acontecendo. É mister que o povo apoie os Deputados e Senadores que estão chamando o Governo a dar explicações de seus atos. Não só isso, é preciso que cada cidadão se pronuncie, tome atitudes concretas diante desse flagelo que está se abatendo sobre o país.
Cada homem, mulher de boa vontade, independente da crença religiosa, raça ou partido político, mas que esteja disposto a por em risco fama, propriedade, nome, família e até mesmo a própria vida para defender essa geração de nascituros que está sendo ceifada, deve entrar em contato com o Senadores e Deputados, pedir satisfações ao Governo Federal. Saiba como fazer acessando os links abaixo.
A voz do povo deve ser ouvida. é preciso romper o silêncio sobre essa atrocidade que está em vias de ser legalizada. Sejamos nós as vozes daquelas crianças que estão correndo o risco iminente de serem assassinadas silenciosamente nos ventres maternos. Sejamos nós aqueles que gritam pelos nascituros, pelos fetos, pelas crianças, pela VIDA. Não podemos nos calar diante de tão eloquente silêncio e dor. 
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 Remetido pelo meu amigo Anatoli
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O Sr Gabriel Chalita, que se diz católico, apoia Dilma e foi à Canção Nova com o ministro da Saude, favorável ao aborto, pois pertence ao governo federal. O que estes dois foram fazer na Canção Nova, uma organização católica e como tal, contra o assassinato de bebês no ventre das mães? Existem determinados segmentos da Igreja Católica que já se renderam aos ateus do politicamente incorreto. Adeptos da Teologia da Libertação já pregam abertamente o segundo casamento mesmo com um cônjuge vivo, indo contra as palavras claras do próprio Cristo. Não é à toa que a Igreja Católica vem decaindo no continente americano e mesmo no mundo todo, substituida por seitas evangélicas lotadas de ex-católicos. No mundo avança de forma inexorável o fundamentalismo islâmico.
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sexta-feira, 27 de julho de 2012

Contra toda esperança (final).



Armando Valladares finalmente estava sendo expulso de seu próprio país por Castro e seus esbirros. Já cumprira dois anos a mais, além dos vinte, de sua pena absurda. A esposa Martha, em contínua campanha internacional para que o soltassem, foi a sua grande libertadora. Castro, afinal, via-se obrigado a atender um pedido do amigo socialista Miterrand. Quantos mofaram até morrer e estão ainda mofando hoje nas masmorras cubanas!
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Deram-me um terno, um capote e uma maleta.Na última conversa com o general, este me fez uma ameaça velada: minha família ficava e dependia de mim que a deixassem sair ou não. Não podia, portanto, fazer declarações contra Cuba.
- Os braços da revolução são longos, Valladares, não se esqueça disso.
Nada respondi. Minha mente estava fora daquela sala, longe... muito longe, em Paris, onde Martha me esperava, minha Penélope real. Em 1979 eu havia escrito um poema para ela que terminava com uma premonição:
Chegarei a ti
desta vez não duvide
já está decidido nosso encontro
apesar do ódio e dos abismos.
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Chegou a hora da partida. A comitiva de vários carros enfiou-se pela Avenida de Rancho Boyeros, rumo ao aeroporto internacional José Marti. O avião partiria às sete da noite. Um sol vermelho como sangue tingia a tarde de escarlate e em meu coração elevei uma prece agradecida a Deus, por ter me ajudado a esperar contra toda esperança, e roguei-lhe pela minha família, de quem não tinham permitido me despedir. 
Rezei por meus companheiros que ficavam para trás, na noite interminável dos cárceres políticos cubanos.
Os carros corriam velozes e uma mistura de melancólica tristeza e alegria foi me afundando na lembrança de vinte e dois anos...
Lembrava-me dos sargentos Porfírio e Matanzas, afundando as baionetas no corpo de Ernesto Dias Madruga, de Roberto Lopes Chavez agonizando em uma cela, implorando como um louco por um pouco d'água, e dos guardas que lhe urinavam na cara, na boca; de Boitel, a quem depois dos cinquenta e tantos dias de greve de fome negaram água, porque o próprio Castro tinha dado ordem de matá-lo; depois de Clara, sua atribulada e velha mãe,  agredida pelo tenente Abad nas dependências da polícia política, só porque queria saber onde haviam enterrado seu filho; lembrava-me de Carrion com um tiro na perna, pedindo ao guarda Jaguey que não atirasse mais e este, sem compaixão, ,metralhando-o pelas costas; e pensava que outros oficiais semelhantes aos que me rodeavam haviam proibido aos familiares que chorassem na funerária, sob ameaça de levar o cadáver.
Lembei de Estebita, de Pire, que amanheceram mortos nas celas muradas, vítimas de experiências biológicas De Disdado Aquit, do chino Tan, de Eddy Molina e tantos outros assassinados nos campos de trabalhos forçados.
Uma legião de espectros nus, aleijados, passou na minha frente, do mesmo jeito que nas revistas horrorosas com centenas de feridos, as celas de confinamento com seus regime de surras, as mãos decepadas a facão de Eduardo Capote.
Campos de concentração, torturas, mulheres surradas e violentadas nos cárceres. o militar que me jogava excrementos e urina no rosto, as surras que deram em Eloy, em Izaguirre, Martins Perez com os testículos feridos a tiros. O pranto de Robertico chamando pela mãe.
E no meio da visão apocalíptica de minhas terríveis experiências passadas, entre a fumaça acinzentada da pólvora e a orgia de pancadas, de prisioneiros abatidos a tiros, um homem famélico, esquelético, com cabelos brancos, olhos azuis fulgurantes e coração cheio de amor e pedindo clemência para seus verdugos:
- Perdoai-os, Senhor, eles não sabem o que fazem - enquanto uma rajada de metralhadoras perfurava o peito do irmão de fé.
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Do nosso ponto de vista, não temos problema algum com os direitos humanos. Aqui não há desaparecidos, aqui não há torturados, aqui não há assassinados. Em vinte e cinco anos de revolução, apesar das dificuldades e dos perigos pelos quais passamos, jamais se cometeu uma tortura, jamais se cometeu um crime. (Declarações de Fidel Castro a jornalistas franceses e norte-americanos no Palácio da Revolução, em Havana, em 28 de julho de 1983, publicadas no jornal Gramna, na edição de 10 de agosto do mesmo ano).
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Eis senhores, o Éden das esquerdas, em sua crueza torpe. "Idealistas" brasileiros, como José Dirceu, foram para lá em busca de liberdade e  bem-querença. A nossa Tia Pre, o nosso magistrado-mor, frei Betto, nunca esconderam sua admiração pelo regime castrista. E morrerão acreditando que lá se encontra o paraiso perdido, apesar de milhares e milhares terem morrido em botes e barcaças rudes, tentando fugir do reino dos céus na terra.
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segunda-feira, 23 de julho de 2012

SILVEIRA JUNIOR


Jornalista e escritor Norberto Cândido Silveira Junior, nascido em 17 de maio de 1917 no Balneário de Piçarras, próximo de Itajaí, e falecido em Florianópolis a 03 de dezembro de 1990. Foi titular da cadeira 2 da Academia Catarinense de Letras.
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Conheci Silveira Junior no Palácio do Governo em 1975, na administração do governador catarinense Antônio Carlos Konder Reis. Ele era assessor especial do grande político.
Figura ímpar, de cultura enciclopédica, embora não fosse detentor de diplomas. Um grande homem que aprendi a respeitar e admirar em razão da grandeza de sua alma, tudo aliado a uma simplicidade quase ingênua, humilde que era. Homem de caráter reto e integridade exemplar.
Honrava-me quando ele me chamava de amigo. Não acreditava em Deus, ou melhor, possuía dúvidas quase insuplantáveis. Disse-me pensativo que somente poderia saber depois de estar em outra dimensão. Mas afirmo que ele está ao lado de Deus, pois se conduziu na terra como homem justo. Faleceu com a idade de 73 anos.
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Obras:
História de Itajaí - 1949 - Edição do autor.
História de Itajaí - 1972 - Editora Escalibur - SP.
Um brasileiro nos EUA - 1962 - Editora Tecnoprint - RJ.
Memórias de um menino pobre - 1973 - Co-edição Udesc/ Editora Lunardelli. Fpolis.
Confissões de uma filha do século (romance) - 1982 - Editora Lunardelli. Fpolis.
Depois do juízo final (romance) - 1983 - Editora Global - SP.
Mil notícias culturais - 1985 - Editora Lunardelli - Fpolis.
Cristianismo e Justiça - 1972 - Edição do autor.
Nossa guerra contra a Alemanha (romance) - 1988 - Editora Lunardelli - Fpolis.
Contos, crônicas e narrativas.
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Detenho-me nos dois livros que mais me comoveram e deliciaram.
Nossa guerra com a Alemanha:
O livro tem em seu preâmbulo a seguinte nota, bastante esclarecedora:
"Santa Catarina deve grande parte do seu progresso à colonização alemã. Por isso nem parecia que houvesse um tempo na nossa história que esta gente, que já estava diluída na terceira e quarta geração, fosse acoimada de traidora do Brasil, apenas porque tinha sobrenomes como Müller, Schroeder, Schneider ou Zimmermann. Eles nasceram no Brasil e não tinham culpa de trazerem estes sobrenomes ancestrais. Mas o nosso xenofobismo não os poupou. E por isso, democratas e patriotas, que hoje são exemplos de cidadãos do mundo, não se pejaram de inflingir a esta pobre gente a mais humilhante punição por crimes putativos que eles, na verdade, nunca praticaram.
Este livro pretende trazer um pouco de luz sobre estes episódios que aconteceram há mais de quarenta anos e resgatar parte da nossa dívida de gratidão para com aqueles que atravessaram o Atlântico para crescerem e prosperarem conosco. (Silveira Junior)"
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O livro narra a vida atribulada do alemão Vitoldo e a esposa Brune. Com a segunda guerra mundial, que exporia Hitler como um dos genocidas do século vinte, os alemães e seus descendentes foram até proibidos de falar a língua-mãe. Alguns nem sequer sabiam falar o português. Autoridades como o delegado Justino, que prendeu Vitoldo e se aproveitou da ingenuidade da esposa, faziam a lei naquela região. Tanto que Vitoldo teve um filho louro e uma filha morena, esta fruto das investidas do delegado contra Brune enquanto o pobre alemão estava na cadeia. O livro se refere à Noite dos tambores silenciosos em Jaraguá do Sul, município próximo de Blumenau, quando colonos desarmados foram atacados a tiros pela polícia, morrendo dois e sendo feridos vários. A única motivação era o ódio aos alemães do Vale, taxados de nazistas. Um agente da lei dispara três balas contra o jovem e culto Ricardo Greenwaldt, em sua residência, matando-o sem motivo aparente, crime até hoje sem punição. Colonos eram obrigados a beber óleo de rícino e até óleo diesel, pelo simples fato de terem origem alemã e serem considerados "capangas de Adolf Hitler". Pobre gente!
O livro resgata a injustiça cometida contra esta gente laboriosa e ordeira, que com seu trabalho veio trazer progresso para o fértil e belo vale do Itajaí e outras regiões catarinenses.
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Nossa guerra contra a Alemanha.
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Memórias de um menino pobre.
O livro mais belo e comovente de Silveira Junior. Verdadeiro hino ao universo telúrico e simples do vale do rio Itajaí-açú. É autobiográfico. Narra a vida difícil e pobre do autor e sua família no sub-distrito de Rio Branco, distrito de Bananal, na época pertencente ao município de Joinville e que hoje se denomina Guaramirim, próspero município barriga-verde.
Limito-me a citar alguns trechos do livro, cuja análise não se faz necessária, pois a prosa fluente e melódica do autor fará com que meus leitores melhor o compreendam e se encantem. Sua linguagem é terna e saborosa.
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Eu tive uma infância povoada de temores e angústias. Que medo que o professor Cantalício me desse na cabeça com aquela régua de metro; que medo que o padre viesse rezar na nossa capela e voltasse a falar do inferno; que medo do inferno, que era todo de fogo, com demônios que tinham setas na cauda; que medo que na curva do seu Zé Jacinto aparecesse a mula-sem-cabeça; que medo que o seu Dodô voltasse, mesmo depois de haver morrido; que medo que uma enorme trombeta aparecesse nas nuvens anunciando o fim dos tempos; que medo, que medo, que medo...
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Tenho uma lembrança penosíssima de meu pai, agonizando de um enfizema pulmonar, perguntando à minha mãe: quando é que Deus vem me buscar? E sei que no dia da sua morte o jasmineiro de nossa casa estava florido. Até hoje ligo o perfume ativo dessa flor ao cadáver de meu pai, estendido na sala com um lençol por cima.
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Nasci em 1917 no atual município de Piçarras, que naquele tempo pertencia a Itajaí. Mas de nada me lembro do lugarejo de São Braz, que abandonei com pouco mais de dois anos. Todas as reminiscências de minha infância, o palco é Rio Branco, um lugarzinho que hoje pertence ao município de Guaramirim, mas que naquele tempo compunha o distrito do Bananal, parte integrante do território do então imenso município de Joinville.
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E qual não foi o pânico do velho Bruda quando, numa madrugada, ao levantar para fazer uma necessidade, viu alçar voo da caminha da neta nada menos que um monstruoso morcego, transmissor da raiva bovina. Aproximou o lume da criança e, na penumbra, descobriu a marca vermelha dos dentes do morcego e um tênue filete de sangue escorrendo do pescoço da menina. E não sei quantos dias se passaram até que a pobre criança entrou em delírio e foi consumida nos espasmos da terrível moléstia. Vovô Bruda abriu a mangueira, soltou os animais no campo e, também ele, desvairado, meteu-se pela mata adentro que contornava o morro dos fundos de sua propriedade. Dias depois os corvos denunciaram a sua presença, balançando-se sinistramente, dependurado num laço de cipó-imbé,
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Mamãe era quase analfabeta, mas perdia horas ouvindo alguém lendo um livro, cujo enredo ela nunca mais esquecia. Foi assim que ela me contou as aventuras de Robinson Crusoé, de Defoe, e Escrava Isaura de Bernardo Guimarães. Mais tarde, quando li estas obras, admirei-me da fidelidade da narrativa de mamãe.
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Eu tinha um grande prestígio junto ao Dato Piazera porque ele namorava a minha irmã Rosa.
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Dato Piazera transformou o pátio da capela numa penumbra dourada, de onde recendia um cheiro gostoso de carne seca assada. Dato gostava de soltar foguetes e deixava o céu ficar coalhado deles, para alegria do pequeno Norberto.
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Aliás, eu gostava das novenas oficiadas pelo seu Antônio Reinert, que sabia cantar a ladainha em latim. Ele puxava as rezas que diziam coisas assim: Regina vírgula, vírgula. Regina infirmoru. Regina apostoloru. Regina martiró. Regina santoru omi...
E havia também uma coisa muito complicada que seu Antônio dizia: Regina sine-labioriginali-conceta... E a cada uma dessas invocações nós respondíamos em coro: Orai por nobres!...
Isso era a novena. Mas a cada mês vinha de Massaranduba ou Jaraguá, já não sei ao certo, um padre para rezar missa. E essa missa me apavorava, desde o dia em que o bom sacerdote descreveu para nós como era o inferno, para o qual iam todos aqueles que morriam em pecado mortal. Dizia que o inferno era um lugar de fogo e enxofre, para onde vão os meninos que praticam coisas feias com as namoradas, os que ofendem o Espírito Santo em pensamentos, palavras e atos... Intimamente eu me enquadrava em todos aqueles pecados mortais. Quando o padre terminou aquele sermão, o meu pavor era de tal ordem, que tive medo de enlouquecer. Saí correndo para casa e contei à mamãe o que o padre havia dito. Ela me liberou da frequência aos atos religiosos com estas palavras: O Deus que eles pregam é muito ruim. Se vocês vão à missa para ouvir essas coisas, de hoje em diante ninguém mais é obrigado a frequentar missas. Estes comentários de mamãe constituíram um marco em minha vida. E a partir daí tornei-me um homem sem religião, embora estudioso das coisas do espírito. Nunca tomei a primeira comunhão e a partir dessa omissão original, nunca frequentei a Mesa Eucarística.
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Ainda sobre a fauna da nossa escola, não posso esquecer um filho adotivo da sinha Cardosa, que era tatibitate e tinha o lábio leporino. O apelido dele era porco-da-índia. Como ele não podia pronunciar o C nem o G, ele falava vou pra 'asa, fi'ei de 'asti'o (fiquei de castigo), mas também era um rapaz muito mau e desbocado. Uma vez quebrou um tinteiro na cabeça do Pacífico e continuou desafiando: Me 'hama de por'o-da- índía a'ora, seu 'orno, me 'hama 'e eu te parto a 'ara.
E a verdade é que nós passamos a respeitá-lo...
Na escola éramos meninos tímidos, muito bem comportados. Nunca discutíamos nem ao menos conversávamos com nosso mestre. Mas quando saíamos das suas vistas éramos um bando de javalis soltos; grosseiros, rústicos, desbocados.
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Eu seguiria, certamente, o mesmo destino de meus irmãos mais velhos, que foram para a cidade em busca de dias melhores. Em Joinville José, o meu irmão mais velho, conseguira para mim um modesto lugar de caixeiro num armazém. E chegou o dia em que ele veio buscar-me. Naquele dia não pude mais soltar a palavra. Um nó se instalou na minha garganta. E eu queria passar por valente e não chorar. E foi nessa angústia que me afastei de minha pobre casa e da minha família tão triste e sofrida, rumo a Bananal, onde, acompanhado de meu irmão José, peguei o trem de ferro que me levaria para a grande aventura urbana que vivo discretamente até hoje. Era no dia de Santo Antônio...
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Presto assim homenagem a este primoroso homem das letras, que leu minhas garatujas poéticas um dia e tanto me incentivou. Que esteja ao lado do Deus que sempre acreditou, embora fosse instado a não fazê-lo diante de um contexto e de uma época.
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Igrejinha de Nossa Senhora do Rosário da Enseada de Brito.
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quinta-feira, 19 de julho de 2012

Contra toda esperança XIX.



Orlando Garcia Plasencia e muitos outros de seus companheiros foram detidos por uma conspiração abortada que tinha, entre outros planos, atentar contra a vida de Castro. Projetavam atirar nele com uma bazuca. Um dos conspiradores, uma moça chamada Dália Jorge, não pôde resistir aos interrogatórios. Colocaram-na completamente nua diante de um grupo de oficiais. Se para um homem é humilhante ficar nu diante de seus verdugos, para uma mulher o é infinitamente mais.
Aos poucos, com aquelas técnicas de interrogatório,  a cela fria e o terror, obrigada a se exibir nua, a resistência de Dália Jorge desmoronou. Delatou, então, todos os seus antigos companheiros e tudo o que sabia. Enquanto Garcia Plesencia e outros sofriam torturas, ela perambulava pelo presídio, porque lhe haviam concedido liberdade dentro daquela zona. Quando sentiu a formação de um novo ser em suas entranhas, não pôde saber qual daqueles oficiais que a tinham violentado era o pai.
Para arrancar de Garcia Plesencia uma  confissão que implicasse outros supostos conspiradores, torturaram-no durante semanas. Completamente nu, amarravam-lhe as mãos às costas e o obrigavam a subir sobre os depósitos de gelo, diante de um aparelho de ar condicionado ligado ao máximo de frio. Se dolorido pelo contato do gelo nas solas dos pés Garcia se abaixava,  o guarda lhe jogava um jarro de água gelada.
Depois de semanas dessas torturas, passaram a amarrá-lo com cordas em posição fetal, cabeça enfiada entre os joelhos: quando urinava empapava a cabeça com a própria urina. Também amarravam-no pelos ombros e, com a cabeça encoberta por um capuz, mergulhavam-no em água quase até a asfixia.
Uma madrugada o próprio Castro apareceu.
- Por que não atirou em mim? disse-lhe. - Você é um covarde!
 O prisioneiro não respondeu e Castro o esbofeteou, apesar de estar manietado e completamente nu.
Hoje, mais de vinte anos depois, continua no presídio do Combinado Leste.

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Piada inteligente:
A ONU resolveu fazer uma pesquisa em todo o mundo. Enviou uma carta para o representante de cada país com a pergunta: "Por favor, diga honestamente qual é a sua opinião sobre a escassez de alimentos no resto do mundo". A pesquisa foi um grande fracasso! Sabe por quê? Todos os países europeus não entenderam o que era "escassez". Os africanos não sabiam o que era "alimento".Os cubanos estranharam e pediram maiores explicações sobre o que era"opinião". Os argentinos mal sabem o significado de "por favor". Os norte-americanos nem imaginam o que significa "resto do mundo". O congresso brasileiro está até agora debatendo o que é "honestamente".
(Remetido pela amiga Denise)
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segunda-feira, 16 de julho de 2012

Contra toda esperança XVIII.



Armando Valladares foi preso político de Fidel Castro. Mofou 22 anos nas terríveis masmorras comunistas cubanas, apesar de ter sido condenado a 20  por somente divergir. Foi salvo pela interferência do presidente socialista francês Miterrand e pela grita internacional.
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Não só derramaram seu ódio doentio sobre mim,  como também sobre meus familiares. Sob a ameaça de encarcerar minha irmã, obrigaram minha mãe a escrever-me uma carta dizendo que eu era um inimigo do povo, que merecia a incomunicabilidade e que devia agradecer à revolução o que fazia por mim. Quando o major Guido me entregou a carta e terminei de lê-la, eu sabia que tinham conseguido a tal carta com ameaças. Em várias partes do texto ela repetia como era bom o comandante Blanco Fernandez. Fizeram isso para se deliciar vendo minha mãe elogiar o coronel que ordenava o tratamento repressivo que eu recebia. Sabiam que me dilaceravam vendo minha mãe defender um dos meus verdugos.
Eles chamavam minha irmã à sede da polícia política frequentemente, e se aproveitavam do fato de minha mãe estar só, para aterrorizá-la. Um dia, no meio do caminho, minha irmã encheu-se de coragem e voltou. Disse a si mesma que, se queriam ameaçá-la e interrogá-la, deveriam ir buscá-la em casa. E quando entrou, surpreendeu um dos oficiais da polícia ditando uma carta à minha mãe, dirigida à Anistia Internacional. Ao me reunir com minha família nos Estados Unidos, minha mãe me contou que a obrigaram a redigir e assinar muitas outras cartas, a fazer declarações - a pessoas estrangeiras que levavam à minha casa - desmentindo o que eu denunciava.
Quando minha irmã negou-se a ir à sede da polícia política, o coronel Blanco Fernandez foi buscá-la. Mostrou-lhe uma sentença em que era condenada a doze anos de cadeia, sem jamais ter sido julgada. Ela teve que pegar seus objetos pessoais e levaram-na para a prisão de mulheres. Mantiveram-na esperando até o anoitecer, com o pretexto de que faltavam uns trâmites. Depois a mandaram para casa, dizendo que no dia seguinte iriam buscá-la. Fizeram isso várias vezes. Devido a essa pressão, minha irmã acabou no psiquiatra e ainda hoje está em tratamento. 
Em uma ocasião, para lhe revistarem a bolsa, foi maltratada fisicamente pelo coronel Blanco Fernandez e pelo capitão Mentira. Minha velha mãe sofreu muitas ameaças.  Um dia, o capitão Mentira apresentou-se lá em casa e disse-lhes que renunciassem a sair do país, e que para meus familiares só havia três possibilidades:
1) transformarem-se em comunistas.
2) não conspirar contra a revolução.
3) sair de Cuba clandestinamente em um bote.
Toda essa perseguição contra pessoas indefesas.
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Faltam somente mais duas postagens para que eu termine a série "Contra toda esperança". Dedico-a ao Cardeal Arns, Dom Balduíno, frei Betto e Leonardo Boff, os grandes defensores de Castro no seio da Igreja no Brasil. Dedicar esta série ao PT, PC do B, Psol e PSTU é chover no molhado.
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segunda-feira, 9 de julho de 2012

Os 12 trabalhos de Hércules.


Hércules leva o cão Cérbero, dos Infernos, até o rei Euristeu.



O herói muda o curso de um rio para limpar os estábulos do rei Áugias.
O centauro Quirão foi o preceptor de Hércules na infância, nas florestas da Grécia.
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Curiosidades da Mitologia Greco-romana, Enciclopédia Trópico).
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Hércules foi o mais famoso herói grego, dotado de força prodigiosa, tanto que a expressão hercúleo (fortíssimo) é empregada na língua portuguesa.
Filho de Zeus, o deus dos deuses, e Alcmena. Aos oito meses, demonstrando força incomum, que só poderia ser presente do pai, matou duas serpentes que Hera, a esposa de Zeus, mandara colocar em seu berço para matá-lo. A deusa queria se vingar da traição do marido.
Já adulto, participou da expedição dos Argonautas no navio Argos, sob o comando de Jasão, na busca do tosão, ou velo, ou velocino de ouro (pelo de um carneiro em ouro).

A deusa Hera, esposa de Zeus.
Acometido de um ataque de loucura provocado por Hera, Hércules matou seus três filhos. Consultou o oráculo, que definiu que o herói se submetesse a Euristeu, rei da Argólida. Este determinou que Hércules levasse a efeito doze trabalhos quase impossíveis, que ele executou com coragem e força.
Estes trabalhos são classificados em duas séries. A primeira série de seis foi realizada no Peloponeso.
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1 - O leão de Neméia:
Na Argólida, um enorme leão devorava pessoas e rebanhos. As flechas não entravam no corpo do animal. Hércules conseguiu fechar uma das saídas do bicho, agarrando e estrangulando o leão. Usando as próprias garras da fera, esfolou a pele e passou a usá-la. Zeus interferiu e colocou o que restara do leão numa constelação.
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2 - A Hidra de LERNA.
Lerna é uma região da Argólida onde uma hidra, serpente com nove cabeças e hálito venenoso, aterrorizava os habitantes. Euristeu mandou que Hércules a matasse As cabeças renasciam se cortadas e a cabeça do centro era imortal. Hércules utilizou contra ela flechas em chamas. Além disso, pediu ao sobrinho Iolau, condutor de sua biga, que pusesse fogo à floresta onde vivia o monstro. Assim, cada vez que Hércules flechava e cortava uma cabeça, as árvores em chamas impediam que os tecidos se reconstruíssem e a cabeça pereceu. Com o sangue da Hidra, o herói envenenou suas flechas, tornando-as mortíferas. Depois cortou a cabeça imortal e enterrou-a sob enorme rochedo. Segundo uma versão, o centauro Nesso teria usado o sangue da Hidra para fazer a poção que acabou matando o herói.
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3- O javali de Erimanto.
Erimanto era o nome de uma floresta da Arcádia, onde vivia um monstruoso javali que devastava a região. Hércules, aos gritos, o forçou a sair da toca e o perseguiu. Depois de fatigá-lo sob todos os modos, capturou-o e o levou nos ombros até Micenas.
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4- A cerva Cerinita.
Cerva de pés de bronze e chifres de ouro, que vivia no monte Cerineu, na Arcádia. Tão veloz que nenhum homem podia alcançá-la. O herói a perseguiu durante um ano. Cansada, ao atravessar um rio, foi ferida levemente por uma das flechas de Hércules. Perdeu a velocidade, sendo conduzida nos ombros do grego até o rei.
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5- Os pássaros do lago Estinfalo.
O lago, de espessa vegetação, abrigava uma estranha espécie de pássaros. Tinham penas de aço e devoravam todos os frutos da região. O herói, contra eles, utilizou castanholas de bronze que ganhara de Atena, sua deusa protetora. Assustadas com o barulho as aves foram deixando o esconderijo, uma a uma, até que Hércules as matou todas.
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6 -Os estábulos do rei Áugias.
Rei da Élida. Possuía imenso rebanho de bois e os estábulos estavam lotados de excrementos. Hércules conseguiu mudar o curso do rio próximo, que passou pelos estábulos, limpando-os.
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Os trabalhos da segunda série ocorreram no resto do mundo.
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7- O touro de Creta.
Minos era o rei de Creta, cujos habitantes sofriam com a força de um touro enfurecido mandado por Posseidon, deus dos mares. O herói, com força descomunal, dominou o animal e o levou ao rei. Ofereceram-no em oferenda a Juno, mas esta recusou, pois Hércules era filho de uma das amantes do marido. O touro, amansado, não mais incomodou os habitantees de Creta e foi depois morto por Teseu.
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8- Os quatro cavalos de Diomedes, na Trácia.
O rei Diomedes alimentava seus cavalos com carne dos estrangeiros que se aventurassem por seu país. Hércules fez os cavalos correrem até Diomedes, que foi morto pelos próprios animais. Em seguida os domou e os levou a Micenas.
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9- O cinto de Hipólita, na Cítia.
Hipólita foi uma famosa rainha das amazonas. Um cinto era o símbolo do seu poder, mas a filha de Euristeu, Admeto, cobiçava a jóia. O rei mandou Hércules buscá-la. Acompanhado de alguns amigos, o herói aprisionou Melanipa, irmã da rainha, e obteve o cinto como resgate.
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10- Os bois de Gerião, no extremo oriente.
Gerião era uma pastor gigante que possuía um enorme rebanho de bois. Após acidentada viagem, Hércules dominou os cães que guardavam os animais e aprisionou os bois. Hera dispersou-os pelos campos, mas Hércules levou alguns a Euristeu, que os sacrificou à deusa. Esta decidiu aceitar a oferenda e o trabalho foi dado como terminado.
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11- Os pomos de ouro das Hespérides.
Eram três ninfas da poente, filhas da Noite. Guardavam os jardins dos deuses, onde Hera cultivava pomos de ouro. No caminho Hércules encontrou o gigante Atlas, que carregava nos ombros a abóbada celeste. Ofereceu-se para segurá-la, enquanto o gigante Atlas iria roubar os pomos. Ele voltou com os frutos, mas não queria voltar a arcar com o peso da terra. Hércules, então, pediu-lhe que segurasse por um momento, enquanto ele ajeitava as sandálias. O tolo do gigante caiu na esparrela e o herói voltou a Euristeu com os pomos.
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12- O cão Cérbero nos infernos.
O cão Cérbero tinha três cabeças venenosas. Guardião dos Infernos, morava ao lado do rio Aqueronte. Deixava as almas entrarem, mas as impedia de sair. Quanto aos mortais que por ali se aventurassem, despedaçava-os. Euristeu encarregou o herói de trazer-lhe o cão. Hércules foi até Hefestos, seu tio, deus das profundezas infernais, e obteve dele permissão para capturar o cão, desde que usasse somente uma couraça e sua pele do leão. Hércules conseguiu apertar o pescoço do animal, deixando-o desacordado. Levou-o até Euristeu e depois o reconduziu aos Infernos.
Estava terminado o castigo de Hércules que o oráculo previra.
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Nos Infernos Hércules encontrou a alma do amigo Meléagro, que lhe pediu que casasse com a irmã Djanira. Assim foi feito. Quando a moça tentava atravessar um rio, o centauro Nesso a carregou para a outra margem e quis violentá-la, pois julgou que o marido, logo atrás, não conseguiria atravessar a corrente. Mas Hércules matou o centauro com uma flecha certeira.
Nesso, agonizante, deu à mulher uma poção mágica, para que a usasse se o marido tentasse abandoná-la, pois assim ele retornaria.
Passou o tempo e Hércules enamorou-se de Íole, filha do rei da Ecália, e quis deixar Djanira. Esta embebeu na túnica o filtro que havia recebido do centauro. Quando Hércules vestiu a pele, esta queimou-o como fogo. Filho de Zeus, o herói foi elevado ao Olimpo e Djanira se suicidou.
No Olimpo, Hércules reconciliou-se com Hera e casou-se com Hebe, a deusa da juventude eterna.
Morte do centauro Nesso.

Hércules é elevado ao Olimpo e a mulher se mata.
Hércules sobe até o Olimpo, onde casa com Hebe.
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sábado, 7 de julho de 2012

Recordar é viver.

Eu sou de um tempo distante, chamado tempo do onça. Quando se amarrava cachorro com linguiça e aos domingos a gente ia à missa. Trago lembranças bacanas das Casas Pernambucanas.

Tempo em que adultério era crime e o Flamengo tinha time. Sou do tempo do buscapé, do rojão e do xarope São João. Tempo em que os meninos sentavam de um lado na sala e as meninas no outro. 


Tempo em que menino gostava de menina. 

Quando o telefone era preto e a geladeira branca. Um tempo em que confiava nas companhias aéreas e a penicilina curava as doenças venéreas. Tempo do confete e da serpentina, do bicabornato de sódio.

e do lançamento do Sonrisal. A Rádio Nacional, o lança-perfume no carnaval, quando pó era apenas poeira. Tempo do terno de riscado a giz, da calça de cintura alta, quando ficar era não ir e os passeios à beira-mar não eram perigosos.

Sou do tempo da brilhantina, do laquê, do Glostora e do Gumex,


Quando só a mulher usava brinco e as portas não tinham trinco. As calças não perdiam o vinco, picada era só na bunda e se a febre profunda não cedesse. Naqueles tempos coca era refrigerante e havia o tergal, o banlon e o terilene. Tempo da cocoroca e da Copa Roca, que muitos não conheceram.

 Sou do tempo do coreto, da banda, da estricnina e do leite de magnésia, do sagu, do fubá Mimoso e do fosfato que curava a amnésia. Tempo do tostão e dos vinténs, da zona com seus bordéis .

Havia a Cibalena e os filmes do Rin-tin-tin, a Rádio PRK-30 e os contos da carochinha.

Tomava o Biotônico Fontoura.
No meu tempo o remédio era assim anunciado:
Veja, ilustre passageiro,
o belo tipo faceiro
que o senhor tem a seu lado.
Mas, no entanto, acredite,
quase morreu de bronquite,
salvou-o o Rhum Creosotado.


Li a revista Cruzeiro, escrevi com  caneta tinteiro, separei o joio do trigo e vi muito vigarista na cadeia, o que hoje não vejo. Os assoalhos brilhavam com a cera Parquetina. Só não fui garçom da Santa Ceia, mas não sou assim tão antigo.

Tempo de curtir a vida sem medo de bala perdida.
Tempo em que se respeitava os pais.
Enfim, um tempo que não volta mais.
(Carlos Alberto Andrade, jornalista, advogado, historiador, psicografando um amigo daquele tempo em Quatis, Rio de Janeiro).
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(Remetido pelo meu amigo Augusto Barbosa Coura Neto).
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terça-feira, 3 de julho de 2012

Contra toda esperança XVII.



Continuavam fuzilando presos comuns e políticos. Foram fuzilados os três irmãos Garcia Marin, que ocuparam a sede do Vaticano em Havana, em dezembro de 1980, pedindo para sair do país. Os sobreviventes dessa causa me contaram que a hierarquia c católica autorizou e colaborou com um plano para que forças especiais da polícia política, fazendo-se passar por uma delegação chegada do Vaticano, disfarçados de padres, entrassem na sede diplomática e reduzissem pela força os refugiados, dois dos quais estavam armados. Eles de nada desconfiaram, pois haviam lhes anunciado a visita dessa delegação. Contaram-me que os viram descer de um  automóvel da Nunciatura e confiaram.
Como se não tivesse sido castigo suficiente fuzilar-lhe os três filhos, a atribulada mãe dos Garcia Marin foi condenada a vinte e cinco anos de prisão, que ainda está cumprindo com mais onze familiares.
Sardidas, o militar torto, estava surrando um daqueles que teve a infelicidade de ir parar nas celas. Estava quase anoitecendo. Os gritos da vítima pedindo perdão eram arrepiantes. Por isso, Rodolfo Alonso, que tinha apenas 21 anos e estava condenado à morte por uma tentativa de sabotagem, não conseguiu ficar impassível e pediu ao militar que parasse de bater. O companheiro de Rodolfo, outro jovem como ele, era Abílio Gonzalez Tinham sido apanhados quando tentavam por fogo em um ônibus Em represália contra a família, a esposa de Abílio e seus dois filhos pequenos foram tirados da casa que o governo lhes concedia morar e foram jogados na rua. 
A 13 de junho de 1981 ouvi que me chamavam da salinha de saida. Era Rodolfo.
- Irmão Valladares, estamos indo!...
-  Para onde? perguntei, estranhando aquilo.
- Para o paredão. Já vieram nos buscar.
Fiquei com um nó na garganta. Achava que nunca mais, depois de vinte anos em presídios, teria que passar pelo transe doloroso de me despedir de companheiros que iam para a morte.
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Muito se falou sobre o papel da hierarquia católica em Cuba, acusada de colaborar com a morte dos três irmãos. Este colaboracionismo sórdido e nojento mereceria que os seus adeptos fossem expulsos da Igreja a toque de caixa. Valladares diz que a ditadura cubana ainda subsiste por vários motivos, e um deles é o colaboracionismo ou mutismo da Igreja Católica em Cuba.
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Do livro "Contra toda esperança", do ex-preso político de Castro, Armando Valladares, publicação que circula o mundo, mas não entra nas grandes editoras brasileiras, que temem desagradar o governo.
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