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quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

GENOCÍDIO UCRANIANO - PARTE III.





NKVD era o antigo nome da KGB, polícia política soviética, a consciência "moral" do regime. Praticaram torturas e assassinatos desde 1920 até 1990. E hoje, os comunistas, autores por excelência dos grandes genocídios no século vinte, são cantados em prosa em verso em países imbecilizados e idiotizados pela sua doutrina. A doutrina que mais matou em nome de hipócritas utopias, tem membros na América Latina até na Igreja Católica.
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Do alojamento central, inundado com poças de sangue, saem dois corredores. Eu segui pela direita, na esperança de encontrar pessoas vivas. Primeira câmara: do gancho na parede pendia enforcado com barbante um homem vestido com calça militar e botas. Sua altura era acima do gancho. Na parede ao lado estava rabiscado "Que viva Rússia livre". vítima - major da aviação soviética.
A uma dessas câmaras foi difícil entrar. Do outro lado da porta - vários corpos com rosto encostado numa fenda da porta. Acabavam de queimar os restos de gás venenoso - cheiro de ovos podres

Na próxima câmara - duas jovens e lindas mulheres até pós a morte, enforcadas, com cordas no pescoço. Ao lado dois bebês com crânios estraçalhados. Perto da porta - manchas frescas do cérebro derramado.

Mais uma manifestação selvagem - dedos cortados, retiradas tiras de pele nas costas. Iniciavam enrolando o começo dessas tiras num pedaço de madeira e diariamente prosseguiam. Quando terminavam uma tira - começavam outra. Cuidadosamente cortavam com bisturi, esterelizando os lugares anteriores, para que o torturado não morresse prematuramente.

Demyaniv Laz. Genocídio da Halychyna(1)


[...] Entro numa dependência maior, com mesa no meio. Na mesa está amarrado um homem nu com o rosto incrivelmente retorcido. O corpo é coberto por uma redoma de vidro. Na barriga - feridas com estranhos buracos. De repente, do buraco rastejam para fora, um atrás do outro, vários ratos. Este - um de vários métodos de tórtura da NKVD. Sob a redoma, ao prisioneiro vivo, colocam ratos famintos.

Acabou. As forças me abandonaram. Parece que perdi, nesta hora, 12 anos de vida. Meio inconsciente do horror, corri para fora da prisão. Nenhum de nós se deparou com vivos.
Numa loja semi destruída pego uma câmera e volto para fotografar a montanha de cadáveres, padre crucificado e freira na sala principal.. Às câmaras não tenho mais forças para voltar. Dentro de uma semana minhas fotos apareceram em "Novidades de Krakiv", mas nem todas, algumas foram censuradas. Crimes tão selvagens não arriscaram publicar. Posteriormente, em 1943 eu enterrei estas fotos na horta próximo de casa". (Com a volta do domínio russo seria perigoso conservá-las - OK).

Memórias de Mikhailo Mirus
Nascido em 1929, morador de Chotkov, Ternopil.
"Ouvindo que os alemães que entraram na cidade, abriram a cadeia, eu, como outros moradores de Chortkov, fui lá. O visto impregnou-se em minha memória com uma imagem terrível para toda vida. Ao comprido dos muros estendiam-se os gramados com canteiros de novas flores. O espaçoso terreiro estava vazio. [...] Marido e mulher, ambos mortos, encostados na parede e escorados com estacas para não cair. Ele, com o órgão sexual amarrado com arame farpado, ela, com um feixe do tal arame dentro do órgão sexual. [...]
 

           Demyaniv Laz. Carcaças sobre a roupa dos torturados.

Em todo o espaço da primeira dependência foi escavado um buraco, cheio de cadáveres. Em cima deles foi pulverizada uma fina camada de terra. É evidente que o trabalho não tinha terminado. Em cima ainda havia dois cadáveres, provavelmente os executores desse trabalho. Ali estavam também as pás.
O rosto do homem estava como queimado ou escaldado, enegrecido. No meio encontrava-se um tanque de metal, a partir do qual partiam tubos da grossura de um braço. Daqueles tubos avançava um vapor que corroía a carne. Sob os olhos, dos sufocados pelo vapor - saquinhos. Orelhas já não havia, caíram, os narizes também.

Memórias de Yulian Pavliv
Nascido na aldeia Narayev, Ternopil. Em 1930.
"Na primavera de 1941 na aldeia Narayev, como em outros locais, eram aprisionados os representantes de inteligência local, inclusive minha tia Ivanna, professora da aldeia. Em junho de 1941 saiu a sentença. Dos 19 aprisionados 3 receberam a pena de morte. Os aprisionados estavam detidos em Berezhany. Com o início da guerra a aldeia esperava a volta dos prisioneiros. Ao invés disso vieram notícias de pavorosas torturas. No início de julho os parentes partiram em busca dos entes queridos e, por segurança levaram os adolescentes de 10 - 12 anos. Lá nós encontramos montes de cadáveres danificados nos subsolos.

Nos Carpatos encontraram vítimas da NKVD enterradas

Regadas com sangue câmaras e corredores. O rastro de sangue conduzia ao pátio. Lá já estavam deitados em filas os corpos sem orelhas e narizes e rostos enegrecidos. O calor de julho já provocava um terrível mau cheiro. Ecoavam choros, gritos de desespero, blasfêmias.
Tia Ivanna nós encontramos na margem do rio Zolota Lypa (Tília de Ouro) próximo do castelo, que a NKVD usava como câmara de tórturas. Ao lado havia ainda dois homens, alguém cobriu seus corpos nus e desfigurados. O corpo da tia Ivanna, dos pés aos ombros, estava coberto de profundas arranhaduras. Rosto enegrecido. Removido o trapo da boca - língua arrancada.
De lado a lado feridas de faca, barriga cortada de baixo até o peito, garrafa enfiada no órgão sexual. Mais duas moças de Narayev foram barbarizadas deste modo. Outros corpos não tinham menos sinais de torturas: olhos retirados, órgãos sexuais cortados, dedos cortados, cabeças esmagadas.

Os habitantes locais nos contaram, que durante a semana ao redor da prisão atroaram os motores dos tratores, o que não conseguiu afogar completamente os gritos de torturados. Procuravam os seus familiares principalmente pela roupa. Longa foi a pesca dos corpos no rio Zolota Lypa, onde foram lançados pela NKVD. Por vários quilômetros flutuavam na água colorida com sangue e até a represa na aldeia Saranchyky, onde os desfigurados e assustadores cadáveres eram pegos e enterrados pelos aldeões. Os não reconhecidos enterravam em valas comuns. Muitos assassinados foram enterrados em aldeias próximas.

       
(carcaça de crânio): Escavações do Demyaniv Laz. Mordaça no crânio da vítima.

Os habitantes de Narayev encontraram e enterraram 12 torturados de sua aldeia. Corpos de mais três condenados à morte foram encontrados no outono, num buraco, cobertos com pedra, próximo à floresta de Berezhany. Um deles, T. H. Pavliv tinha as pernas cortadas. Quatro não foram encontrados. 15 dos 19 assassinados da aldeia tinham menos de 23 anos.
Agora observem a seguinte evidência. Esta "história dos fuzilamentos" contém únicos quadros do momento e tecnologias do ato do crime do império-bolchevique. Tais amostras são únicas porque outras dezenas de milhões de indivíduos do Universo silenciaram para sempre.

Testemunho de Yaroslau Rozhyi
Aldeão de Romaniv. Peremyshyl. Lviv
Era junho de 1941. À câmara sempre traziam novos prisioneiros das aldeias de Biberechen. Junto ao portão sempre ficava um policial ukrainiano. Certo dia, à tardinha, ele nos disse: "Rapazes, aqueles diabos novamente foram a algum lugar!" E nós lhe dissemos: "Então abra o portão e solte-nos." Mas ele respondeu que as chaves a NKVD levou. "Levem os bancos e quebrem as grades". O advogado Kultchytskyi explicou-nos que isto poderia ser uma cilada, que nem os bolcheviques poderiam condenar sem decisão do Tribunal (o advogado, ingênuo e honesto, ainda não sabia como agia a NKVD). Voltando, a NKVD começou levar um por um ao subsolo e fuzilar. Nós chegávamos até a porta e escutávamos. Korolyk chorou muito quando foi conduzido. Mas Mykola Duchii foi quem mais implorou: Camaradas, eu sou seu pobretão, tenho mulher e filho, por piedade, não me matem!" Aqueles apenas riam, e um deles disse: "Não é nada, é exatamente como arrancar um dente: dói - uma vez e acabou!" Depois ouvimos tiros no subsolo.

        
Demyaniv Laz. Crânios dos torturados, preparados para perícia.

"Depois de várias execuções, "troika" (trio) da NKVD ia para Dyzhurku", provavelmente beber vodka, porque quando eles vieram a mim, deles exalava vodka. De minha morte eu tinha certeza, quando me chamaram. Dois me pegaram debaixo dos braços, o terceiro com revólver caminhava atrás. Levaram-me para o subsolo. Já no limiar do porão escuro, os dois que me seguravam, largaram e o terceiro colocou a mão no meu ombro. Num segundo eu, de algum modo senti-o levantar o braço direito e, parecia, que ouvi o estalo do revólver. Eu,momentaneamente virei a cabeça. Houve um tiro!
E, como hoje lembro, que caí em cima de quentes corpos humanos. Quanto tempo fiquei inconsciente, eu não soube. Depois, na escuridão, de algum modo readquiri a consciência. Pensei estar em outro mundo porque lembrei que fui baleado.
A primjeira impressão foi a intensa dor nas pernas e braço. Doíam muito. Minha boca estava cheia de sangue quente, salgada. Sobre mim havia algo pesado. Este peso, vagarosamente consegui empurrar. Era o cadáver do advogado Kultshytskyi que nos convencia não fugir porque ele conhecia os códigos bolcheviques. Eu tinha furadas as duas bochechas e estava deitado numa pilha de cadáveres. Alguém nesta pilha ainda rouquejava [...]"

        
Demýaniv Laz. Tranças femininas com crânios, retirados de outro túmulo.

Infelizmente, muitos outros testemunhos e documentos precisarão ser retirados para além deste artigo. Mas no final eu compartilho com vocês a eterna saudade de muitos conterrâneos, que eles manifestaram outrora à minha mãe de Kharkiv.

Nos anos trinta a juventude da aldeia Holyn de Ivano-Frankivsk, como em toda Ukraina Ocidental delirava com liberdade. Era uma fé pessoal, sonho, fator de honra, sustentáculo da moral pessoal e da comunidade.

Os melhores foram para subterrâneos da OUN (Organização dos Nacionalistas Ukrainianos). Os mais moderados absorviam literatura e história ukrainiana, etc. Grande quantidade da juventude de Haluchyna tornou-se ativista da "Prosvita" (cultura, educação, civilização) - dedicada à representação de teatro ukrainiano, poesia, corais e ... futebol.

    
Demyaniv Laz. Perfuração quadrada no crânio. Apenas o Exército Vermelho possuía baionetas quadradas.

E ais que após a "libertação" de 1939, em um dia, somente num dia sumiram 14 jovens da aldeia Holyn. Alguém descobriu que eles foram levados pela NKVD. Mas, somente no início da guerra em 1941 os familiares puderam visitá-los na prisão de Ivano-Frankivsk (então Stanislavsk) - para encontrar seus corpos.

O sangue estava por toda parte. Exatamente como nos relatados testemunhos acima. Demoraram para encontrar os corpos queridos entre centenas de cadáveres. Eles foram encontrados numa das câmaras de tortura. Lembro-me bem da descrição do corpo do jovem que estava prestes para se casar com sua linda menina.

E, eis seu corpo crucificado, pregado na parede. E, na barriga aberta... estava a cabeça de sua amada...
Tudo!!! Introduza-se a terra e o céu ao rugido do meu sofrimento. Viver não apenas por nós mesmos - nós temos de viver também por eles. Este é Vasyl Semonenko. A ele, aliás, os carrascos do império permitiram viver apenas aos incompletos 29 anos. "Dolorosamente ele amava Ukraina".

(1) Halychyna é o nome da região das tês províncias: Lviv, Ivano-Frankivsk e Ternopil.

Neste artigo foi aproveitado o material do Centro de Pesquisa do Movimento de Libertação, Museu de Ocupação Soviética, "Memorial de Kyiv" em nome de V. Stus, sociedade "Busca"; aos quais o autor é imensamente grato pelo trabalho santo.

Tradução: Oksana Kowaltschuk


Fotoformatação: AOliynik

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A Ucrânia no século XX foi tão infeliz quanto a Polônia de João Paulo II. Isso porque não falamos dos mortos dos anos 30 no Holodomor, sete milhões que a fome abateu, pois a coletivização das lavouras pelos comunistas russos só produziu morte na Ucrânia. Dominada desde os anos 20 pelos comunistas, estes fugiram matando o que podiam, quando os alemães invadiram o país em 39,  como se vê nos relatos. Após se livrarem dos assassinos nazistas em 1945, voltou a Ucrânia a sentir as botas comunistas até Gorbachev. Minha simpatia a este valoroso país, que admiro tanto quanto a Polônia.
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Agradeço ao caro amigo Anatoli cossaco de Curitiba e filho de ucranianos, sobre a oportunidade que me dá de levar para meus leitores mais um capítulo dos maligno e demoníaco terror comunista. Combater este tumor, que mais gente matou em toda a História da Civilização, é nosso dever irrevogável, dever de todo homem e mulher de bem. Meus respeitos a OKSANA.
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Um comentário:

  1. Dileto Amigo:
    Em meu nome e em nome da Oksana, nossa tradutora oficial e incansável apóstola desse câncer que infestou o mundo e que se instalou neste país, agradecemos de coração pela divulgação em seu blog e, acima de tudo, pelas palavras de carinho a nós dirigidas.
    Que Deus o abençõe e faça despertar a mente dos brasileiros !
    O Cossaco.

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