Roberto Rodrigues de Menezes.

Roberto Rodrigues de Menezes



sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

FORO PRIVILEGIADO.



O Foro privilegiado perdeu o encanto.

 É sabido que os mensaleiros foram condenados no Supremo Tribunal Federal, em virtude do meritório labor judicante de um homem ilustre, o ministro Joaquim Barbosa, preclaro e ínclito, que passou a ser uma das personalidades mais respeitadas deste país, depois de sua atuação irretocável como relator do processo, apesar dos senhores Levandowski e Toffoli tentarem por todos os meios dificultar o seu trabalho. Agora, finda a refrega e só precisando colocar na cadeia os réus, José Dirceu à frente, surge um novo casuísmo bem característico de nossa república bananeira: a injustiça que pode causar o tal do foro privilegiado.
Lembram os leitores, pois consta da tradição da república, que gente graúda neste país tinha (e tem) como privilégio o tal foro privilegiado, políticos especialmente, que só poderiam ser julgados por áureas instâncias superiores, pois não davam a mínima para as instâncias menores do poder Judiciário. Afinal, eles eram os catões e seus procedimentos infernais e dantescos, quando viravam processo, tinham como norma uma suntuosa gaveta, a esperar a indefectível prescrição, pois de chicanas e embarrigamentos nossas leis penais estão repletas. Agora, que surge no céu da pátria um ministro que não tem medo de político, mesmo da situação, e faz o que a honra lhe manda fazer, o foro privilegiado não presta mais. Reclamam os mensaleiros que todo vivente do lábaro sagrado verde amarelo deve ter também direito a três instâncias. Consideram-se injustiçados, pois não passaram pelos fóruns dos municípios nem pelos tribunais estaduais. Pobrezinhos!
O incrível disso tudo é que o senhor Inácio da Silva passará incólume pelas mais diversas procelas, pois já recebeu da nação uma estranha e surrealista imunidade penal. Vai dizer de novo que nada sabia e, se Dilma não se aprecatar, ele vira candidato e se elege no primeiro turno, pois o país já está todo aparelhado pelas hostes petistas.
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Se há uma virtude que prezo é o tal do brio. O vulgo o denomina pura e simplesmente vergonha na cara. Foi o caso da falta dele nos capitães Prestes e Lamarca, que comeram por cerca de quinze anos do gamelão armado e depois o viraram com o maior despudor. Lamarca chegou ao cúmulo de atacar o quartel da instituição que lhe deu abrigo e o fez oficial. Prestes, ligado a uma espiã de Stalin, tentou derrubar Getúlio, numa intentona burra e quixotesca que, num país sério lhe renderia o desprezo da História. Mas aqui as coisas acontecem diferente. Prestes foi além. Em 1950 se alia a Getúlio, que deportou Olga Benário para a Alemanha de Hitler, provocando-lhe a morte num campo de concentração. Só isto, numa análise simples e sem muita verborréia, lhe provocaria o desprezo de todos, pois se aliou ao verdugo de sua mulher, por ele cantada em prosa e verso em ternas cartas. Eis aí a questão do brio, da vergonha na cara, que o fanatismo ideológico faz desaparecer.
O mesmo aconteceu com o Senhor Fernando Collor de Melo. Alijado do poder de forma até injusta, por uma onda petista aliada à Rede Globo, cumpre a seu período de ostracismo, volta como senador e se alia... aos seus verdugos. Patética a cena em que ele, muito lampeiro, beija a mão de Dilma. Eis novamente a questão do brio, da vergonha na cara. Votei no senhor Collor, e votaria até num macaco, desde que o senhor Inácio da Silva estivesse do outro lado, e não me arrependi até ele retornar e  baixar a cerviz àqueles que sempre o desprezaram e continuam desprezando. Só que hoje é diferente, pois o partido hegemônico precisa de maioria para que suas medidas provisórias sejam aprovadas sem reparos, como vem acontecendo há dez anos, com raras e honrosas exceções. Hoje, nem estas exceções são mais possíveis, pois os políticos se renderam ao poder e a oposição está em vias de se extinguir. É o caso simples da morte anunciada.  Hoje só existe o petismo com Deus e o diabo na terra do sol.

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Prometi parar, caros leitores, mas não consegui. Vou agora deixar de imitar político e prometer o que não vou cumprir, e escrever quando me der coceira no dedo. Perdoem-me, mas de vez em quando eu estarei voltando.
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domingo, 23 de dezembro de 2012

VÉSPERAS.


O presidente da Câmara dos Deputados, Marco Maia, petista, falou no dia 20 em rede de tevê sobre o seu parlamento. Que maravilha! Vim a saber que nossos congressistas são melhores que os americanos, os europeus e os chineses. É público e notório que o presidente e sua trouppe partidária adoram a China, mas duvido que lá o parlamento seja como aqui. Só o é na obediência plena ao Executivo, pois em terras de Cabral oposição já se fez defunta há tempos. Aqui existe esquerda e adesistas, mais alguns pouquinhos esperneantes que nada conseguem. A cooptação foi tão precisa e avassaladora, que hoje Dona Dilma aprova o que quer. Remember mensalão e mensaleiros. Marco falou de mais de setecentos projetos que viraram lei. Tenho certeza que pelo menos noventa por cento deles foram através de medidas provisórias, que seu partido tanto condenou e hoje usa à larga, despudoradamente. Que este parlamento não chega perto de outros se faz realidade. Talvez empate em leniência com os parlamentos venais de Cuba e Venezuela. O parlamento a que ele se referiu só existe na sua imaginação fértil e canhotamente vesga de petista. Mas ele pode se orgulhar. No seu mandato foram oficializadas as gazetas de segundas e sextas. Um Congresso que trabalha três dias por semana só pode servir de péssimo exemplo para os trabalhadores, e não partido dos trabalhadores, que de trabalhadores nada têm. Joaquim  Barbosa já provou que nada mais são que burgueses mandriões. E, pior, Marco pensa que está arrombando.
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Vejam, meus caros leitores. Apliquei 538,56 reais no Banco do Brasil. É pouquinho, sim, pois não sou mensaleiro e não aceito propina. Se não aceitei como moço, não vou aceitar depois de velho, embora haja velho por aí perdendo a compostura. Recebi o extrato do mês e creio que os funcionários devem ter rido muito à minha custa.. Meus rendimentos foram de 2,13 reais e o Imposto de renda me tirou 2,97 reais. Fiquei 84 centavos mais pobre. Vou tirar logo e comprar bugigangas para os netos, pois se assim continuar vou ficar zerado. Não sou a imagem do mais refinado pascácio, para não dizer, otário?...
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Dona Dilma  está dando os primeiros chutes nos estádios para a Copa. Enquanto isso, saúde, segurança e educação estão uma m. Existem máximas que não vão mudar nunca. Dê para o pueblo pão e circo e o terás nas mãos. O que se vai gastar com dinheiro público nestas superficialidades será um desbunde. 
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Mas, mesmo assim, o partido hegemôniico continuará no poder e Lula ou Dilma serão reeleitos. Está tudo dominado, nem adianta a questão dos mensaleiros. O bolsa-família e as outras bolsas, como a bolsa-presídio, resolvem.
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43.000 mortos em acidentes de trânsito nas rodovias tupiniquins, fora os todo arrombados na perícia, mas 55.000 mortos pela violência, e as tevês fazem estardalhaço de uma semana quando ocorrem aquelas chacinas nos States. Dilma até já lançou propaganda para desarmar os EUA. Afinal, ela pode!...
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FELIZ NATAL E 2013 PODEROSO.






Meus caros leitores. Resolvi me dar umas férias, pois vejo que plantei semente em terra pedregosa. Levo três anos para completar 230.000 acessos e aquele rapaz simpático berrando a plenos pulmões "para nossa alegria", naquele vídeo patético, fez mais de um milhão de acessos em poucos dias. O pueblo está mesmo estupidificado e a Internet, na maioria de seus temas, mostra-se superficial e sem qualidade. Perdoem a sinceridade politicamente incorreta. Desejo a meus seletos leitores uma natal repleto de bênçãos, onde não se comemore, como a maioria vai fazer, o nascimento do papai noel, o bom velhinho. E que o ano de 2013 seja repleto de venturas.
Obrigado a todos. Talvez volte em março, talvez nem mais volte, se meus compromissos acadêmicos não permitirem. Mesmo assim, foi uma alegria muito grande escrever estas páginas. Um grande e fraterno abraço de seu modesto escriba.
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quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

CHE GUEVARA.


Quem foi Ernesto Che Guevara?
FICÇÃO: Um homem do povo, de todos os povos da terra. Humanista, corajoso, guerreiro da paz. Amante da literatura e da vida. Advogado dos fracos e oprimidos.

REALIDADE: Assassino de sangue frio. Torturador sádico. Materialista com sede de poder. Terrorista que espalhou destruição e carnificina pela América Latina.

Humberto Fontova fugiu de Cuba em 1961 com sua família. Tinha então sete anos. Hoje vive na região de Nova Orleans, onde trabalha como jornalista. É formado em Ciência Política pela Universidade de Nova Orleans e mestre em Estudos Latino-americanos pela universidade de Tulane. É também ativo colaborador da imprensa de língua inglesa e de língua espanhola de seu país. Já publicou quatro livros, entre os quais: Fidel, o  tirano favorito de Hollywood.
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"Se os cubano-americanos impressionam por parecerem muito inflamados ou, em última instância, meio loucos até, há uma razão para tanto. Praticamente todos os dias, ligamos a televisão ou saímos na rua e vemos justamente a imagem do homem que treinou a polícia secreta cubana para matar nossos irmãos - milhares de homens, mulheres e crianças. Este homem cometeu esses assassinatos com suas próprias mãos E não obstante nós o vemos celebrado por aí como a quintessência da humanidade, do progresso e da compaixão.
Este homem, este assassino, é Ernesto Che Guevara".
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O Verdadeiro Che Guevara e os idiotas úteis que o idolatram. Livro do cubano Humberto Fontova, da Editora É Realizações.
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Che desejava destruir a cidade de Nova Yorque com mísseis. Por que Angelina Jolie tem a tatuagem dele e denuncia a violência do mundo como embaixadora das Nações Unidas?
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Che queimou centenas de livros e assinou sentenças de morte contra escritores que não pensavam como ele. Por que Sartre o elogia como homem perfeito e por que a revista Times o considera uma das cem personalidades mais influentes do século XX? (Hitler também foi e Sartre morreu cultuando Mao Tse Tung).
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Che era abertamente racista. Por que personalidades afro-descendentes americanas falam bem dele°
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Che perseguiu homossexuais, roqueiros e cristãos praticantes. Então por que Carlos Santana, Madonna, Jhonny Depp e Robert Redford o consideram um cara legal? (Incluo frei Betto).
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Che, comunista ferrenho, amava a riqueza material e todo tipo de luxo privado.
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Depois de ler o livro, surge a questão: os fãs de Che são muito ignorantes para perceber que estão sendo enganados ou muito antiamericanos para se importar com isso?
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Capítulos do livro:
- Nova Yorque festeja o patriarca do terrorismo.
- O carrasco de roqueiros, gays e simpatizantes.
- Bon vivant, queridinho da mamãe e esnobe (O tio Hemingway).
- De idiota militar a herói de guerrilha.
- O executor favorito de Fidel.
- Assassino de mulheres e crianças.
- O ladrão da Arte.
- A surpresa da Academia.
- Tiranete e Puxa-saco.
- O exterminador de guerrilhas.
- O cérebro da revolução, o czar da economia.
- Che na África.
- A derrota final.
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O Partido dos Trabalhadores no Brasil foi talvez o maior protagonista do renascimento e propagação do "ícone", dada a sua permeação gradual em todas as esferas da cultura brasileira.
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Drama na cidade de Tatuí, São Paulo:
Um cidadão compra um carro de outro. Por algum motivo quis devolver, desfazer o negócio. O vendedor, com a ajuda de mais dois animais desequilibrados, vai à casa do comprador, mata-o a facadas, estupra e mata a esposa e a filha jovem do infeliz. Os três põem fogo na casa, no carro, nos corpos. Depois disso, você consegue ouvir uma socióloga bem bonitinha e bem vestidinha falando em ressocialização? Não há necessidade de ressocializar a família morta? Num país medianamente sério, caso típico de pena de morte. Aqui: condena-se a trinta, se não fugir cumpre cinco e está resolvido. Dane-se quem morreu.
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Por mais longe que um homem vá, jamais fugirá de si. (Jayme).
(Depois de tudo o que já vi na vida, nem sei se acredito nessas máximas bem comportadinhas).
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sábado, 1 de dezembro de 2012

TEN CEL JANUÁRIO DE ASSIS CORTE>

Texto do Acadêmico Ten Cel Francisco de Assis Vitovski, Cadeira 12 da Academia de Letras dos Militares Estaduais.  O Ten Cel Januário é o patrono de sua Cadeira.

          Com a fundação da Academia de Letras dos Militares Estaduais de Santa Catarina, quando tive o privilégio de estar incluído entre os fundadores e nesta condição poder escolher a cadeira, busquei assento na cadeira 12, para a qual fora decidido homenagear o tenente coronel PMSC JANUÁRIO DE ASSIS CÔRTE como patrono, por seus feitos como miliciano catarinense.




          Consta que Januário teria nascido em 21 de maio de 1865  na cidade de Aquidabã, interior do Estado de Sergipe, filho de José Corrêa Dantas e Francisca Vieira Dantas. Porém as buscas realizadas por seus familiares naquela cidade resultaram infrutíferas, principalmente porque a igreja católica da época, onde eram registrados os nascimentos, foi destruída por um incêndio. Também não foram encontradas respostas para a diferença de seu sobrenome para aquele informado como sendo o de seus pais.
          A história de Januário por nossas terras se inicia em 1894, quando já tinha 29 anos de idade, considerado  na época como idade madura. Não se sabe por que veio para cá. É fato que registrava-se naquele tempo a chegada de pessoas de outras partes do país e do exterior.
          Nos anos que antecederam a sua chegada, ou os assentamentos de sua história, já que não se sabe em definitivo a sua origem, aconteciam eventos decisivos na história do Brasil e  particularmente em Santa Catarina. O ano de 1892 iniciava-se com Floriano Peixoto conspirando contra Deodoro da Fonseca, ditador, até fazê-lo renunciar. Demorou-se entretanto a convocar eleições, desejoso de permanecer Presidente, ainda ditatorialmente.
          O Almirante Custódio José de Melo, fiel aos ideais democráticos, rebela-se. Em 6 de setembro de 1893 acontece a sublevação da Armada Nacional. A bordo do navio Aquidabã, coincidentemente o mesmo nome da cidade em que Januário teria nascido, Custódio Melo lança a bandeira da revolução. Gumercindo Saraiva e os federalistas, no Rio Grande do Sul, são aliados importantes. O Almirante escolhe Santa Catarina para sede do governo provisório da República e atrai para cá os efetivos das forças leais a Floriano.
          Em 16 de abril de 1894, o navio Aquidabã, que segundo o historiador Osvaldo Rodrigues Cabral, é "o único navio eficiente das forças revoltosas", é torpedeado. Era o fim. Em 19 de abril o Coronel Moreira César assume o Governo a mando de Floriano e implanta um período de terror, numa sequência de atos sanguinários, fatos que ainda hoje nos comovem e enojam. Permaneceu no governo até 28 de setembro, destacado para Canudos, onde teve seu castigo merecido pelas atrocidades aqui covardemente cometidas. Morreu miseravelmente, enfiado num poste, pelos jagunços de Antônio Conselheiro.
          Exatamente neste ambiente sócio político é que, em 2 de junho de 1894, Januário inclui no Corpo de Segurança do Estado de Santa Catarina, como soldado, justamente quando a Corporação tomava nova organização. A situação no País e no Estado vinha se normalizando e a vida nacional recomeçava ou também se reorganizava.
          Como não existem registros que tratem da vida de Januário até o seu ingresso no Corpo de Segurança, supõe-se que estivesse embarcado no navio Aquidabã, pois após o bombardeio os tripulantes desembarcaram por aqui. Também nada consta se o mesmo possuía alguma experiência militar anterior, salvo uma referência à contagem de tempo de serviço por ele prestado às Forças Armadas, do que se deduz que tenha servido às armas do país. Daí deduzir-se também que sua origem não seja daquela cidade do Estado de Sergipe, mas do navio Aquidabã e que no mesmo era um militar graduado revolucionário, fato que quis omitir. Mas seu aculturamento e grau de instrução profissional eram com certeza elevados, haja vista que em 4 de outubro do mesmo ano, apenas quatro meses depois de ter ingressado no Corpo de Segurança, já Sargento Ajudante ( função privilegiada do sargento mais antigo da corporação) é promovido a Alferes. Neste período o Estado de Santa Catarina era governado por Hercílio Luz e esta promoção é significativa, porque em 1894 o efetivo do Corpo de Segurança era de apenas 350 homens e destes 11 eram oficiais. Portanto uma carreira meteórica, deixando a entender que o mesmo se destacava cultural e profissionalmente dos demais. Além disto, é muito prestigiado por Hercílio Luz nos anos que se sucedem.
          Em 23 de março de 1895, um ano após ter ingressado no Corpo de Segurança, casa-se com Dona Maria das Dores Vieira, na residência de Olivério Vieira de Souza, pai da noiva, na Rua Quintino Bocaiuva, onde desemboca a Av. Trompovski, em Florianópolis, por volta das 5 e meia da tarde.
          A 13 de abril de 1895 passou a comandar interinamente a 1ª. companhia do Corpo de Segurança e a 19 do mesmo mês foi nomeado Inspector da Música do Corpo.
          A 19 de junho deste mesmo ano seguiu para Araranguá-SC, no cumprimento de uma missão determinada pelo Governador do Estado, retornando a 30 do mesmo mês, passando a exercer acumulativamente a função de Secretário do Corpo de Segurança.
          Em 22 de fevereiro de 1896 é promovido a tenente e passa a servir na 4ª. companhia, sendo que em 14 de agosto recebe a missão de seguir para o interior do Estado coibir manifestações por questões de limites entre o Paraná e Santa Catarina. Já naquele tempo Januário começa a conviver com esta demanda, que perduraria por longo tempo, aliada à guerra dos fanáticos. Este conflito determinará um dos pontos altos de sua carreira na caserna, marcada por inúmeras e vitoriosas campanhas.
          Ainda no governo do Dr. Hercílio Luz, em 4 de fevereiro de 1897 é promovido a Capitão e nomeado comandante da 4ª. companhia, onde servia como tenente sob as ordens do capitão Francisco Luiz Vieira.
          Em 23 de fevereiro de 1899 é nomeado tesoureiro do Conselho Econômico do Corpo e em agosto do mesmo ano é nomeado Fiscal, deixando, por esta razão, as funções de comandante da companhia e de tesoureiro. A função de Fiscal era equivalente a de subcomandante do Corpo de Segurança e repetidas vezes este cargo é exercido por Januário, concomitante com missões a ele determinadas pelo governador do Estado, como na Colônia Angelina em 28 de março de 1901, em São Bento do Sul em 12 de janeiro de 1902 representando a Secretaria Geral dos Negócios do Estado, em 23 de fevereiro de 1904 em Blumenau, em 19 de dezembro em Itajahy (Itajaí), em 13 de outubro em São José e a 2 de fevereiro de 1906 na vila de Biguassú.
          Após cada uma dessa diligências, era elogiado pelo governador do Estado pelo zelo e esmero com que cumprira a missão a ele designada, elogios estes registrados em sua Caderneta (Caderneta é o nome usado para o prontuário dos oficiais militares - Ficha é para as praças).
          E em 13 de novembro de 1905 foi nomeado efetivamente Fiscal, sendo transferido para o Estado Maior do Corpo, deixando este cargo em 11 de maio de 1906 por ter sido nomeado por decreto do governador como Comissário de Polícia da Capital, cargo equivalente ao de delegado de polícia.
          Em 12 de maio de 1906, pelo Decreto no. 266 do Governador do Estado, Januário recebe a Carta Patente como oficial da Força Pública de Santa Catarina, sendo-lhe garantido por este documento, os direitos e vantagens auferidos a todos os funcionários estaduais.
          Mesmo como Comissário de Polícia, entre 06 e 11 de agosto de 1906 serviu como Ajudante de Ordens do Presidente da República Affonso Moreira Penna, durante o período em esta autoridade esteve em visita a Santa Catarina.
          Já no ano seguinte, no dia 8 de outubro de 1907, quando governava a província o Dr. Gustavo Richard, é nomeado Comandante do Corpo de Segurança, exercendo-o até 19 de outubro de 1909, no início do governo de Vidal Ramos, que o elogiou pelo brilhante desempenho ao exonerá-lo do cargo.
          Um registro interessante em seus assentamentos, é que em 10 de setembro de 1908, Januário foi vacinado.
          Em 26 de novembro de 1910 foi registrado em seu prontuário um elogio do Governador do Estado "pela dedicação, entusiasmo e disciplina com que cumpriu o dever de representante da Força Pública, por ocasião da sublevação de parte da Armada Nacional na baía do Rio de Janeiro" e pelo mesmo fato foi louvado através do ofício no. 320 do tenente coronel comandante da Guarnição Federal na capital, pela dedicação, disciplina e presteza com que mostrou-se na noite de 23 de novembro. Foi a revolta dos marinheiros contra a Lei da Chibata, último castigo corporal abolido dos regulamentos militares.
          Iniciam-se então na região serrana de Santa Catarina os movimentos dos fanáticos, atos de bandoleiros que aterrorizavam a região, destruindo tudo por onde passavam, deixando um trilho de morte e Januário inicia o desempenho de uma série de missões que o caracterizaram como um verdadeiro líder de seus homens. Capaz, competente, destemido.
          Em 20 de junho de 1911 aparece a primeira diligência para Canoinhas, da qual retornou em 21 de agosto.
          Em 11 de dezembro volta àquela cidade, com forte contingente. Lá, em 17 de janeiro de 1912 é promovido a major, o segundo posto da escala hierárquica de sua corporação, só retornando da missão ao quartel do Regimento de Segurança, em Florianópolis, a 14 de março de 1912, três meses depois que saíra, assumindo nesta mesma data o cargo de Comandante Interino do Regimento.
          Esta permanência na região de Canoinhas deve ter influenciado para que Januário escolhesse esta cidade para viver seus últimos dias.
          Em 24 de setembro de 1912 é destacado novamente para a serra, agora para a Vila de Curitibanos, no comando de um contingente, a fim de defender a população e perseguir um bando de malfeitores que infestava a região.
          Novamente a 26 de outubro, com quase todo o contingente do Regimento de Segurança, deslocou-se para Lages, onde chegou a 5 de novembro. Com a saída deste contingente ficaram na capital pouquíssimos soldados, deixando-a desguarnecida. O destino da tropa era ocupar a vila de Campos Novos, ameaçada pelos fanáticos. Mas depois de uma viagem penosa até Lages e como diz o Almanaque do Centenário da Força Pública, "quase desnecessária", recebe ordem para regressar e a 21 do mesmo novembro inicia o retorno, acantonando a 21 no Rio dos Macacos, a 22 no Rio Tiuna, a 23 nas Caneleiras, a 24 no Bom Retiro, a 25 na subida do Morro Quebra Dente, a 26 no Rancho Queimado, 27 na freguesia de Santo Amaro e a 28 no quartel do Regimento.
          Observe-se deste deslocamento quão extrema era a necessidade de liderança e controle da tropa.
          Consta ainda no Almanaque do Centenário da Força Pública que o Regimento "recebeu calorosos elogios dos poderes públicos, pela prontidão, disciplina e energia demonstradas na expedição."
          Em 21 de janeiro de 1913 é nomeado por ato do governador do Estado, como Delegado de Polícia da 2ª. região, cargo que exerceu até 20 de agosto do mesmo ano.
          Em 15 de dezembro de 1913 Januário recebe nova missão em Canoinhas, quando lá se iniciavam ações decisivas contra os fanáticos, retornando à capital em 28 do mesmo mês e dois dias depois, em 31 de dezembro, marchou com o todo o Regimento de Segurança a fim de reunir-se às forças que se achavam em operação na Vila de Curitibanos. Chegou em Lages depois de 7 dias e mais 3 em Curitibanos, de onde, em 26 de janeiro de 1914 levantou acampamento com destino ao reduto de Taquarussu do Bom Sucesso. A 3 de fevereiro, com Forças do Exército, artilharia, infantaria e a Força Policial, estavam no Espinilho, sob o comando do tenente coronel Duarte de Aleluia Pires.
          No decorrer desta diligência, no dia 8 de janeiro, quando acampou na Capella do Bom Jesus das Canoas, foi dispensado do comando do Regimento, entregando-o ao Major do Exército Gustavo Schmidt, reassumindo-o novamente em 19 de março de 1914 ao término do combate, até sua chegada em Florianópolis.
          Os jagunços estavam bem organizados e ambientados ao terreno. A 8 de fevereiro de 1914, pela tarde, chovia torrencialmente quando a luta começou. A tempestuosa noite de 8 para 9 foi passada em bivaque, com abnegação e resistência, onde a tropa deveria a qualquer custo manter a posição. Só a energia e o efetivo exercício do comando conseguiriam isso. Daí o valor de Januário, como líder de seus homens.
          Os remanescentes dos jagunços retiraram-se para Caragoatá.
          Em 14 de fevereiro o contingente iniciou o deslocamento para o reduto de Caragoatá e a 9 de março Januário foi encarregado de um reconhecimento no esconderijo inimigo, missão perigosa e arriscada, que executou com sucesso. Após as ações em Caragoatá, seguiu para Canoinhas, passando por Perdizes, Cachoeiras e Fazenda dos Pardos, chegando em 31 de março e daí para Florianópolis, apresentando-se em 22 de abril, entregando o comando das tropas ao major do Exército (comissionado como tenente coronel) Gustavo Schmidt.
          Consta que em uma destas campanhas percorreu a região disfarçado de mascate, para efetuar reconhecimento da situação. Especula-se que isto ocorreu por ocasião de um dos dois incêndios na Vila de Curitibanos, provocados pelos fanáticos. Também é possível que tenha sido em Caragoatá.
          Em 13 de junho de 1914 segue novamente, por determinação do governador do Estado, para a então Villa de Canoinhas, apresentando-se de retorno em 17 de julho, quando passou a responder pelo comando do Regimento até 24 do mesmo mês.
          Passadas as missões de campanha, em 24 de abril de 1915, no governo do Coronel Felipe Schmidt, assumiu pela segunda vez o Comando do Corpo de Segurança, sendo que em junho deste mesmo ano sua esposa veio a falecer.
          Foram importantes as realizações neste seu período de comando. Pela Lei 1.137, de 30 de setembro de 1916 é trocada a denominação de Regimento de Segurança para Força Pública, que vai perdurar até a promulgação da Carta de 1946 e ao fixar o efetivo para o ano seguinte, o governador autoriza a criação de uma Sessão de Bombeiros.
          É exonerado deste cargo em 19 de maio de 1917, entregando-o ao Tenente Coronel Gustavo Schmidt, de quem o recebera anteriormente, porém, no decorrer de 1918 por duas vezes passa a responder pelo comando da Força Pública.
          O General Lauro Muller havia sido eleito para governar  o Estado, mas assume Hercílio Luz, que chama novamente Januário Côrte para comandar a Força Pública, em 14 de fevereiro de 1919.
          Nesse último período também foram importantes as suas realizações, apesar de que em janeiro de 1920 declara-se em estado de abatimento moral, por problemas de perseguições políticas, mesquinhas e injustas, de pessoas querendo afastá-lo do Comando. Manifesta inclusive o desejo de aposentar-se imediatamente do serviço público, quando alguns amigos, assim como outras pessoas ilustres e influentes na política estadual, interferem junto ao governador por sua permanência.
          Dentre as suas realizações, podem ser citadas:
          1 - a Escola Regimental "Marechal Guilherme", criada em 1918 para alfabetização dos militares, tem no dia 15 de fevereiro, um dia depois de Januário assumir, aprovado o seu regulamento, tanto para a Escola, cujas aulas começaram a funcionar normalmente, como para a Biblioteca da Força.
          Essa escola, que funcionou até na década de 1970, tinha como diretor um oficial designado pelo Comandante e um professor diplomado no Curso Normal Regional, nomeado por ato do Governo do Estado. Coincidentemente a escolha recaiu na pessoa de Alinor Vieira Côrte, filho mais velho do comandante, por sua competência e dedicação e por ser raro, naqueles tempos, um professor normalista.
          2 - a lei 1.324, de 18 de agosto de 1920, que cria o Corpo de Oficiais da Reserva e a lei 1.396, de 21 do mesmo mês, que cria a Justiça Militar do Estado, para "julgar as infrações disciplinares e crimes militares, previstos no Código Penal da Armada, cometidos por Oficiais e Praças da Força Pública."
          3 - e pela lei 1.337, também de 21 de agosto, é criada a "Companhia de Atiradores", com o objetivo de ministrar "instrução aos reservistas da Força Pública, disseminar a instrução militar entre os cidadãos e incentivar o culto do patriotismo das glórias militares nacionais", sendo também determinado que o uniforme de parada desta Companhia seria igual ao do antigo Regimento de Barriga Verdes de 1865 e estreado no desfile de 7 de setembro, quando das comemorações do centenário da Independência do Brasil e depois disto nas formaturas e nos grandes dias de gala nacional. A maioria do contingente desta companhia era composto por pessoas de alta distinção na sociedade florianopolitana, que procuravam envergar a nobre farda do miliciano catarinense. Dos incorporados no ano de 1921, podem ser citados o Dr. José Arthur Boiteux, Secretário do Interior e Justiça; Manoel Galdino Vieira, que hoje dá seu nome ao Albergue Noturno de Florianópolis; Frederico Rolla, Aldo Rosa da Luz, Agenor Vieira Côrte (filho de Januário), Dr. Joe de Luiz Martins Collaço, entre outros.
          Em 20 de julho de 1920 é homenageado com seu nome dado à biblioteca da  Loja Maçônica Regeneração Catarinense.
          Em 6 de janeiro de 1922 Januário transmite o cargo de Comandante Geral, reassumindo as funções de Major Fiscal. Curiosamente aparece então nos seus assentamentos militares a concessão de 15 dias de férias, as primeiras que se tem registro, no dia 18 de maio daquele mesmo ano. Em 30 de agosto é promovido ao posto de tenente coronel e reformado, por problemas de saúde, afastando-se das fileiras da Corporação, com 57 anos de idade e 28 de efetivo serviço.
          Posteriormente casa-se novamente, agora com Guilhermina Campos, da cidade de Tijucas.
          Após sua reforma no serviço da Força Pública, transferiu residência para Canoinhas. Seu filho mais velho, Alinor, já morava lá, designado professor.
          Em Canoinhas, Januário possuía terras, recebidas por pagamento da construção da estrada que ligava Canoinhas à Colônia Ruthes, empreitada em sociedade com o Major Manoel Thomaz Vieira, da Guarda Nacional. A parte das terras que lhe cabiam nesta sociedade tinham por limites as barrancas dos Rios Canoinhas, Água Verde e Alemão. A Colônia Ruthes, transformada em município, toma hoje o nome de Major Vieira.
          Tão logo chega à cidade, em 8 de janeiro de 1923 é nomeado prefeito substituto, exercendo este cargo até 26 do mesmo mês e ano.
          Em 19 de julho do mesmo ano foi nomeado prefeito novamente, exercendo o cargo até 01 de dezembro.
          Naquela época os prefeitos municipais podiam nomear até três pessoas ilustres da cidade para substituí-los temporariamente, fosse por ocasião de algum afastamento, via de regra de viagens difíceis e demoradas para a capital do Estado, como no caso de doença ou mesmo a negócios. Também acontecia tal substituição para promover social e politicamente o substituto. Januário era nomeado substituto de Ivo de Aquino da Fonseca, até hoje o prefeito mais jovem do município, pois assumiu com apenas 22 anos de idade e como Januário, era oriundo de Florianópolis, portanto amigos, por convergirem da mesma cidade. Ivo de Aquino da Fonseca projetou-se no cenário político nacional, chegando a Senador da República.
          Depois disto Januário teria sido Conselheiro Municipal (Vereador), sabido através de uma correspondência designando-o para representar o Prefeito em uma solenidade em São Bento do Sul. Na Câmara de Vereadores local nada consta, pois um incêndio na Prefeitura Municipal à qual estava anexa a Câmara, consumiu todos os registros da época. Registre-se que na época os Conselheiros Municipais, hoje ditos Vereadores, não eram eleitos, mas nomeados pelo Prefeito. Entra um, sai outro, seus nomes não constam dos registros das Prefeituras Municipais.
          Percebe-se daí um detalhe singular na vida de Januário, seja o de assumir as funções interinamente. Isto aconteceu nas vezes que comandou o Corpo de Segurança e a Força Pública, pois o posto que detinha não era o último da corporação, o que determinava sua nomeação como comandante interino, o mesmo acontecendo como prefeito de Canoinhas. Observe-se no entanto a sua expressão profissional e social, que lhe permitia assumir essas posições de elevado destaque.
          Em 24 de março de 1926, aos 61 anos de idade, faleceu em Canoinhas, sendo enterrado no cemitério da cidade, que se localizava onde hoje está a Escola Básica Santa Cruz (antigo Ginasio Santa Cruz, construído e administrado pela congregação dos Irmãos Maristas). Por ocasião da construção dessa edificação escolar, seus restos mortais foram transladados para o novo cemitério da cidade, repousando lado a lado ao velho sócio e amigo, o Major Manoel Thomaz Vieira.
          Em 6 de julho de 1930, por proposta do comandante Lopes Vieira, seu nome foi dado à rua fronteira às casas da Vila Militar, em número de oito, destinadas a residência de oficiais e sargentos da corporação, no terreno hoje ocupado por parte do Hospital Lara Ribas e a Legião Brasileira de Assistência, em Florianópolis.
          Na ocasião, assim se expressou o comandante geral da Força Pública, em seu boletim interno da mesma data:
          “Certo já tardava a homenagem que o Conselho da Caixa Beneficente acaba de prestar a um velho servidor desta Força. Entretanto, não é fora de tempo a prova de admiração desta Força, pagando uma velha dívida de gratidão a quem tantos e tão relevantes serviços prestou nas nossas fileiras, desde simples soldado até o posto de tenente-coronel, em que se reformou. Durante o tempo em que conosco militou, sempre prestou assinalados serviços à causa pública, tomando parte nas expedições contra os fanáticos do ex-Constestado. Comandou em várias épocas, interinamente, esta corporação, onde demonstrou capacidade, honestidade e acentuado espírito de camaradagem. Disciplinador, excelente soldado e bom amigo, dotado de perfeita noção do cumprimento dos seus deveres, vasta moral, Januário Cortes foi, sem dúvida, um belo exemplo, cujo passado foi uma esteira luminosa que confunde o olhar turvo dos falsos doutrinadores, dos vesgos que não conseguiram triunfar da lama em que estão imersos. Deixou, pelo caminho trilhado de sua vida laboriosa, proba, sulcos profundos, onde se nota abnegação estóica e desinteresse. Sereno nas suas decisões sensatas e impoluto, ia vencendo os dias tranqüilamente, como quem tem consciência do dever cumprido. Logo que se reformou, foi residir em Ouro Verde, onde faleceu.
          Muito à vontade se sente este comando prestando tão justa homenagem póstuma a tão distinto e correto oficial desta corporação.”
(Boletim Interno da Força Pública de 6/7/1930.
          Em 20 de março de 1949 foi fundada a Loja Maçônica JANUÁRIO CÔRTE, sendo a denominação proposta por Rodolfo Geraldo da Rosa, "em homenagem ao grande Oficial da Polícia Militar de Santa Catarina, com relevantes serviços prestados à Maçonaria catarinense".
          Com a criação do 3º. Batalhão de Polícia Militar na cidade de Canoinhas em 29 de novembro de 1960, palco que fora esta cidade da guerra do contestado e onde Januário havia se destacado como combatente, a Polícia Militar resolveu homenagear o ilustre comandante, dando seu nome a este batalhão.
          Também foi dado o nome de Januário de Assis Corte para uma rua no bairro Alto da Tijuca, da cidade de Canoinhas.
          No portal da Polícia Militar de Santa Catarina, consta nos atos heroicos da corporação o seguinte comentário:
          “A Campanha do Contestado (1912/1918), na qual se destacaram valorosos soldados, colocando-se em evidência o Major Januário Corte e o Capitão Euclides de Castro, conhecido como Capitão Canudinho, que comandou o último combate da Campanha do Contestado – Batalha do Tamanduá –, quando rendeu aproximadamente 5.000 revoltosos;”
          Januário deixou os filhos: Alinor (professor normalista), José, Agenor, Álida, Nadir, Eutália, Olivério (contabilista), Ivo, Jair, Sidney José e Pedro Paulo.
          Nesta data, outubro de 2012, ainda vivem os filhos Ivo e Pedro Paulo.
          Seus filhos Alinor e Olivério também foram prefeitos de Canoinhas. Alinor, entre 14 de abril de 1936 e 8 de julho de 1944 e Olivério, de 12 de agosto de 1944 a 21 de novembro de 1945 e de 11 de fevereiro de 1946 a 26 de dezembro de 1947.
          Do filho Alinor, legou à Polícia Militar do Estado de Santa Catarina o neto coronel RR Dinoh Antônio Côrte e os bisnetos tenente coronel Dinoh Antônio Côrte Filho, hoje servindo na 4ª. Região Militar, sediada na cidade de Chapecó e José Renato Côrte, este último deixando a Polícia Militar quando ainda era tenente para ingressar no Ministério Público do Estado.
          O coronel RR Dinoh Antônio Corte comandou o batalhão da Polícia Militar que leva o nome de seu avô, de cujas mãos honrosamente eu recebi o comando desta mesma unidade militar para comandá-la, fazendo-o sob a evocação de seu patrono e seus feitos.
A GUERRA DO CONTESTADO
          Neste ano de 2012, em que se comemoram os 100 anos da Guerra do Contestado, é importante transcrever um trecho dos assentamentos militares de Januário de Assis Côrte, que consta da Caderneta no. 6 da Polícia Militar do Estado de Santa Catarina:
              “DEZEMBRO 1913 - pela regimental de número 349, de 15, seguiu em comissão para a Villa de Canoinhas. Por outra regimental no. 362 de 28 apresentou-se. A 31 marchou com o Regimento a fim de reunir-se às forças que se acham em operação na Villa de Curitybanos, acampando no mesmo dia em Aguas-Mornas, passando na mesma data a responder pelo comando do Regimento.
              Em 1914 - JANEIRO - Em marcha com o Regimento para a região serrana. A 1 acampou no Rancho Queimado; a 2 no kilometro 101; a 3 em Bom Retiro; a 4 no rio Canoas; a 5 no rio Tiúnas; a 6 no Rio Bonito; a 7 na cidade de Lages; a 8 acampou na Capella do Bom Jesus das Canôas, sendo nesta data dispensado de responder pelo Comando do Regimento. A 9 acampou na Fazenda do Estreito e a 10 aquartelou na Villa de Curitybanos. A 26 suspendeu acampamento com destino a Taquarussú, acampando nesse dia no Rodeio do Coronel Almeida. A 27 acampou no passo do rio Marombas e a 28 na Fazenda de Ozório Fagundes.
              FEVEREIRO - a 1 levantou acampamento no campo do Espinilho; a 6 acampou no Butiazinho; a 7 na Fazenda de Antonio Vicente; a 8 marchou com destino a base de operação no reducto de Taquarussú regressando a 9, acampando na Fazenda de Antonio Vicente; a 10 no campo do Espinilho até segunda ordem. Em ordem do dia no. 14, de 9, do Commandante em Chefe das Forças em operação de guerra, foi elogiado pela dedicação e calma demonstrada no combate e ocupação do reducto de Taquarussú e pela conducta com que se houve enquanto permaneceu nas imediações do reducto, principalmente na tempestuoza noite de 8 para 9, passada em bivaque com abnegação e resistência, concorrendo assim para que todas praças se podessem manter nas suas posições ocupadas durante a noite do bivaque. Em ordem do dia também de 9 do Sr. Capitão Nestor Sezefredo dos Passos do Commando da Columna, foi elogiado pela maneira digna com que se houve no combate e ocupação do reducto de Taquarussú e pela dedicação com que se houve durante a tempestuoza noite de 8 para 9 passada em bivaque. Em ordem do dia no. 9, de 9, foi elogiado pelo Sr. Capitão José Vieira da Roza, assistente do Commando em Chefe, pelo procedimento digno que demonstrou tanto nas marchas e linha de fogo. A 14 levantou acampamento, acampando no Rio Bonito. Ainda nesse dia foi felicitado pelo Exmo. Sr. Coronel Governador do Estado, pelo êxito no ataque levado a efeito no reducto de Taquarussú, conforme consta do telegramma daquela autoridade, publicado em ordem do dia regimental no. 14 deste dia. A 15 levantou acampamento, acampando na Estação do Rio das Pedras e a 16 na Estação do Rio Caçador.
              MARÇO - exercendo suas funções e acampado no Rio Caçador. A 6 levantou acampamento, acampando no Rio do Peixe; a 8 acampou no Campo de Perdisis; a 9 marchou com destino ao reducto de Caragoatá, a fim de fazer um reconhecimento no mesmo reducto, regressando no mesmo dia à tarde para o Campo de Perdisis; a 10 acampou em Cachoeiras; a 12 suspendeu acampamento, acampando na Fazenda dos Pardos; a 19 passou a responder pelo commando do Regimento. Em aditamento à ordem do dia de 10, no. 39, do Commando em Chefe das forças em operações de guerra contra os fanáticos, foi elogiado pelo mesmo Commandante em Chefe, por ter se portado com valor no reconhecimento levado a efeito ao reducto de Caragoatá, no dia 9 também do corrente. Em ordem do dia também de 10, do Commandante da 2ª. Columna das forças em operações de guerra, foi elogiado pelo alto critério e comprehendimento com que se houve na direcção do Regimento de Segurança, que tomou parte saliente na acção e nas linhas de fogo contra os fanáticos, no reconhecimento do reducto de Caragoatá no dia 9 do corrente. Ainda por outra ordem do dia do Commando da 2ª. Columna, de 10 do corrente, foi ao ser desligado do Regimento de Segurança sob seu interino Commando, elogiado pela criteriosa direcção que soube dar ao Regimento e pelo efficaz concurso que com o mesmo Regimento portou a referida Columna. A 30 seguiu com o Regimento para a Villa de Canoinhas onde acampou a 31.
              ABRIL - pela regimental no. 105, de 15, foi público ter seguido na mesma data para Florianópolis por ordem superior. A 22 foi publico ter apresentado-se na Capital, vindo de Canoinhas.”

SUA LETRA E ASSINATURA
    
          Partes finais de duas cartas dirigidas ao filho Alinor, onde constam sua assinatura original:





Este trabalho teve a colaboração essencial de:
CEL RR DINOH ANTONIO CÔRTE
CEL RR IB SILVA
CEL RNR EDMUNDO JOSÉ DE BASTOS JÚNIOR