Roberto Rodrigues de Menezes.

Roberto Rodrigues de Menezes



sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Holodomor: a morte pela fome!

Kharkiv, Ucrânia, 1933. Camponeses conseguem evitar as barreiras policiais na busca desesperada pelas cidades e por ter o que comer. Uns chegam às cidades, mas morrem nas calçadas, sob os olhares indiferentes de populares.
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Memorial às vítimas do Holodomor em Kiev, Ucrânia. A morte de camponeses pela fome aconteceu nos anos de 1931 e 1932.
******************** Josef Stalin, responsável maior pelo genocídio.
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Faço-lhe um desafio, caro leitor. Vá até uma universidade e procure falar com cem estudantes.
Pergunte-lhes sobre o Holocausto Nazista promovido contra os judeus na Segunda Grande Guerra. Todos, sem exceção, lhe falarão alguma coisa. Faça, então, a mesma pergunta sobre o Holodomor, o holocausto dos ucranianos. O número de vítimas foi quase o mesmo e o fato aconteceu cerca de dez anos antes. Posso lhe dizer sem medo de errar que talvez um, dentre cem, sendo um pouco otimista, lhe dirá algo. Talvez você, meu caro amigo, nem conheça também.
Por que isso acontece? Porque não passa um mês sem que tomemos conhecimento de alguma homenagem, coroa de flores, algum pedido de perdão, filmes, documentários sobre os nazistas? O Nazismo foi o segundo pior tumor social da história da civilização que já está sepultado há 65 anos. E por que o primeiro tumor, tão ou mais deletério que o Nazismo, continua vivo, como acontece na América Latina? Não me manifesto avesso às homenagens aos judeus mortos por Hitler, muito pelo contrário. Quem percorre meu blog sabe que costumo defender dois países por considerar que no primeiro, EUA, a democracia sempre existiu desde a sua independência, e o segundo, Israel, o valente e corajoso país de Moshe Dyan, tem toda a esquerda internacional contra si.
A questão se resolve com duas assertivas díspares: uma é a propaganda e a outra a cortina de silêncio. No caso dos nazistas, a propaganda foi determinante e acontece até hoje. No caso do Holodomor, a cortina de silêncio e a censura sempre imperaram, pelo menos até a URSS ruir na início da década de 90. As universidades do mundo não comentam o Holodomor. Talvez na Ucrânia, a grande vítima.
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Criança ucraniana vítima da coletivização forçada dos campos.
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Todos sabemos que com a advento do comunismo na Rússia, no começo do século XX, pouco a pouco as nações em volta, até chegar ao número de quatorze, foram absorvidas com violência, ou mesmo uniram-se por concordância, ao ideais e utopias soviéticas. Isso foi um processo demorado. A infeliz Polônia, por exemplo, sentiu o tacão nazista até 1945 para passar a ser vítima de outro tacão pior, o comunista, até cerca de 1990. Quatorze satélites formariam a URSS, com um comando em Moscou. Outros países do leste europeu passariam a formar o que se chamou Cortina de Ferro, uma espécie de defesa dos soviéticos contra a Europa.
Mas no ano de 1931, quando se efetivou com maior repressão o processo de coletivização dos campos, que derrubou por completo o direito de propriedade, os camponeses da Europa Oriental se viram à míngua. Acostumados a produzir em casa, artesanalmente, chegava até eles o Estado exigindo a sua parte. E era a parte do leão. Expurgos, massacres, transferências forçadas, todo um processo aterrorizante que destruiu a produção agrícola e fez chegar a fome em todo o seu terror.
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Uma vítima do holocausto ucraniano.
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Máximo Gorki, escritor stalinista e o temido Yagoda, chefe da polícia política soviética na época do massacre ucraniano, denominada GPU (mais tarde KGB).
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Mikhail Khalinin. Um dos lugares tenentes de Stalin com responsabilidade nos massacres.
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O bonitão Lazar Kaganovitch, apesar do nome. Outro fiel assessor de Stalin, membro do Politburo e responsável maior pela campanha de requisições no Cáucaso do Norte.
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Stanislav Kassior, homenageado em selo, mais um dos responsáveis pelo Holodomor, secretário geral do partido comunista na Ucrânia.
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Sempre foi muito difícil fazer o cálculo do número de vítimas, pois as informações eram totalmente censuradas. Somente o Estado soviético e seus satélites as possuíam. A abertura dos arquivos da KGB e das polícias políticas dos países comunistas permitiu, a partir do final do século que se foi, vislumbrar informações corretas e dados novos e estarrecedores. Foi um genocídio deliberado, pois havia revolta contra o poder central soviético, que não permitia discordância. O historiador Stanislav Kulchytsky relata as mortes de 3 a 3,5 milhões de camponeses na Ucrânia e 1 a 1,5 milhões de mortes no Cazaquistão, nas regiões dos rios Volga e Don e no Cáucaso do Norte. O total oscila entre 5 a 6 milhões de mortos somente nos anos de 1931-32. Os judeus vítimas dos nazistas foram 6 milhões.
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O escritor socialista George Bernard Shaw afirmava: O poder não corrompe o homem, mas é o homem que corrompe o poder. Um dito inteligente, que não impediu que ele sempre se posicionasse a favor do comunismo stalinista.
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Esta é uma pequena das milhares de amostras do que somente se descobriu após a queda do Muro de Berlim. Queremos nós o comunismo na América Latina? Sei. Já sei que você vai me chamar de delirante, amalucado, que isso não pode mais ocorrer. Mas saiba que temos um Chavez ao nosso lado. Saiba que Castro ainda não morreu. Saiba que há setores guerrilheiros da própria Igreja Católica no Brasil (Pastoral da Terra) que consideram o agro-negócio, que sustenta a economia deste país, coisa do demônio. Saiba também que o MST prega sem rodeios em suas madraças a abolição da propriedade privada e coletivização da área rural. Deseja o socialismo marxista-leninista sem rodeios e não faz mistério disso. Obviamente, ainda existe uma esquerda democrática e vou até votar nela porque neste país todos temem ser considerados conservadores, tamanha a cachaça ideológica pregada e a consequente patrulha. Mas... ainda se mostra interessante estar alerta, ou estar esperto, como disse um dia o Cabo Sílvio a respeito do peru do tenente Piva.
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As fotos foram obtidas junto à Wikipédia. Se o caro leitor quiser se aprofundar sobre este tema, recomendo a leitura do Livro Negro do Comunismo, produzido por pesquisadores e professores do Centro Nacional de Pesquisas Científicas da França (CNRS), sob a coordenação do pesquisador Stèphane Courtois. Alerto, porém, que os massacres são tantos, que o livro possui quase mil páginas. E por dever com a verdade, reconheço que Stalin não foi o maior genocida da História no que concerne à coletivização privada dos campos e áreas rurais. Mao-Tse-Tung o superou com folga na China.
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