Roberto Rodrigues de Menezes.

Roberto Rodrigues de Menezes



domingo, 10 de junho de 2012

CONTRA TODA ESPERANÇA XIII.

MEU CASAMENTO COM MARTHA.
Alguns de nós, encarcerados políticos, solicitamos à direção do Ministério autorização para nos casar, pois acreditávamos ser o momento propício, uma vez que os sofrimentos estavam mais abrandados.
O pai de Martha e eu queríamos que ela fosse embora de Cuba, morar com seus irmãos no exterior. Isso era necessário para sua segurança, depois de ter sido fichada e detida pela polícia política. Ela, depois de mil argumentações do pai e minhas, mudou a decisão de permanecer em Cuba e concordou em sair do país. A dela era uma das poucas famílias que tinham ficado para trás,  quando as solicitações para sair de Cuba foram  aprovadas. Naquela ocasião, dezenas de milhares de pessoas foram embora para os Estados Unidos nos chamados Voos da Liberdade em 1965.  Ela também teria podido ir.
Certa manhã, no escritório dos militares, assinamos alguns documentos legais e assim nos casamos. Aquele ato não tinha para nós o menor valor espiritual. Só nos sentiríamos realmente casados quando nos uníssemos diante de Deus.
Como uma especial concessão para os dois pares que se tinham casado, concederam-nos quinze minutos no salão de visitas. Quando Martha saísse de Cuba, faria isso como minha esposa. Tínhamos conversado o quanto seria útil seu trabalho fora do país em favor de minha libertação. Planejamos toda uma série de atividades com o objetivo de criar uma campanha de opinião pública que obrigasse Castro a me libertar.  Ela não teria dificuldades para levar essa campanha a cabo, pois era uma verdadeira ativista.
Martha respondeu com juros às esperanças que depositei nela.
(Armando Valladares, ex-preso político de Castro).
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