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O Capitão João Cândido Alves Marinho em foto de 1935, quando do Centenário da Força Pública, depois Polícia Militar.
Assumiu o coronel Marinho no início do ano de 1951, tranquilizando assim todos os oficiais da PM catarinense. No seu terceiro ano de Comando, 1953, o relacionamento entre o Dr. Irineu e o coronel Marinho começou a se deteriorar, tanto que a PM não foi contemplada com reajuste de salários obtido pelos funcionários civis. No final de Outubro de 1953 o Governador viajou para o Oeste a fim de inaugurar obras, entre elas o quartel da então Quarta Companhia de Polícia Isolada de Chapecó. O coronel Marinho não foi convidado para integrar a Comitiva. Tal desfeita revoltou a oficialidade.
Em 20 de Novembro, o jornal oposicionista "O Estado" publicava com destaque um artigo intitulado "PROTESTO", assim mesmo em letras garrafais, assinado pelo capitão Ruy Stockler de Souza. Oficial de atitudes firmes e claras, fora como Tenente Ajudante de Ordens de Nereu Ramos em sua Interventoria Estadual, ligado por isso ao PSD. Isso não impediu o capitão Ruy de iniciar sozinho o seu protesto, pois afirmava ter de honrar os seus galões.
E prosseguia: Não defendo Comandantes! De mim não necessitam! Como se não bastasse havermos ficado esquecidos quando todos os servidores do Estado foram contemplados com melhoria de vencimentos, passamos agora pelo vexame de ver inaugurados os nosso quartéis sem que desse histórico e solene acontecimento participasse o nosso Comandante, desta forma ostensivamente menosprezado. Todos podem calar, por comodismo... Menos eu, graças a Deus!
Seja ele um grande chefe ou um comandante mirim, meu amigo ou desafeto, em horas tais só uma coisa me ocorre: é o Comandante Geral chefe de uma classe à qual pertenço, somos partes inseparáveis de um todo. Se luva no rosto é lançada, o braço é que o ultraje defende!
E finalizava: "... Se me calo me acovardo, e covarde é coisa que não combina com uniforme (...) Fico com a verdade (...) e não apanho em silêncio! Fica o meu protesto!
O artigo teve grande repercussão. O Comandante Marinho, pelo regulamento, era obrigado a punir o Capitão Ruy, cujo artigo configurava grave infração disciplinar. Mas, moralmente, não tinha como punir o subordinado que de forma tão vigorosa o desagravara. Não deve, por isso, ter tido a menor dúvida em seguir o caminho indicado pela sua dignidade. Deixou o Comando.
Eis aí o motivo de ORDEM MORAL mencionado em seu pedido de exoneração.
Dr. Irineu Bornhausen, governador de 31 de Janeiro de 1951 a 31 de Janeiro de 1956.
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P.S. - Aqui fica um agradecimento especial ao Coronel Edmundo José de Bastos Junior, nosso expoente maior das letras milicianas. Desde que iniciei este blog, vem ele se dispondo com grande boa vontade e presteza a colaborar, uma vez que dispõe de alentada enciclopédia de informações e dados policiais militares, fruto de sua pesquisa constante, que nos ensejam conhecer melhor nosso não tanto calmo, mas glorioso passado. Será sempre uma honra tornar público via internet tudo o que o coronel Edmundo se dispuser a levar ao conhecimento de nossos leitores. Já sugeri até que ele tenha o seu próprio Blog, pois seria a memória viva por excelência de nossa Corporação.
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Caros leitores. Estou viajando hoje para Piratuba com a minha Sílvia, a fim de descansar um pouco e retemperar as energias. Dançaremos bastante, já que estão previstos um baile de máscaras e uma festa junina. Tudo no estilo terceira idade, que é o melhor baile que existe. Ninguém briga, ninguém urra, não há drogas, as músicas são mais calmas e variadas. Segunda-feira volto, se Deus quiser, com força total.
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