Roberto Rodrigues de Menezes.

Roberto Rodrigues de Menezes



sábado, 26 de junho de 2010

Tenente Fernando Raulino.

Tenente Fernando Raulino.

No dia 18 de maio de 1949, tropas do Exército realizavam exercícios no campo de manobras de Gericinó, na Vila Militar do Rio de Janeiro. Estava em andamento uma demonstração de tiro real das armas de uma divisão de Infantaria para os oficiais-alunos da Escola de Aperfeiçoamento do Exército. O exercício foi também acompanhado por numerosos oficiais e praças da Polícia Militar do então Distrito Federal, inclusive os alunos de sua Escola Profissional, em que se formavam seus oficiais.

Quando eram disparados tiros de morteiro visando alvos a duzentos metros, uma das granadas explodiu ao deixar o tubo. Da terrível deflagração resultaram vários mortos, a maioria oficiais do Exército, e cerca de sessenta feridos, inclusive o próprio Comandante da Escola de Aperfeiçoamento, coronel Justino Alves Bastos.

Entre os alunos da Escola de Oficiais da PM do Distrito Federal que assistiam ao exercício estava o subtenente da Polícia Militar de Santa Catarina Fernando Raulino, que cursava o terceiro e último ano. Atingido por vários estilhaços no rosto e no corpo, teve morte imediata.

***************

Nascido em 30 de maio de 1916, Fernando Raulino havia ingressado como soldado na Força Policial Militar catarinense em 18 de maio de 1934. Natural de Florianópolis, era filho de Antônio José Raulino e Júlia Maria da Silva. Foi aluno da primeira turma do Curso de Sargentos, obtendo as três divisas em 03 de setembro de 1935. Foi promovido a segundo sargento em 14 de julho de 1938, a primeiro sargento em 08 de janeiro de 1941 e a subtenente em 9 de janeiro de 1946. Selecionado para cursar a Escola de Aperfeiçoamento Profissional da Polícia Militar do Distrito Federal - onde nossa PM formava, então, os seus oficiais - estava, quando ocorreu o acidente que lhe custou a vida, a poucos meses de concluir o curso e ascender ao posto de segundo tenente.

***************

O Boletim do Comando Geral (19-05-1949), após transcrever o comunicado oficial de sua morte, publicou o seguinte necrológio:

"Ao transcrever o radiograma acima, este Comando lamenta profundamente o doloroso acontecimento ocorrido ontem nos campos de manobra de Gericinó, e que tanto consterna os sentimentos de todos os que aqui mourejam, uma vez que ocasionou o desaparecimento tão prematuro do nosso meio, do disciplinado, inteligente e esforçado camarada que a fatalidade acaba de colher no verdor de seus anos, e quando terminava brilhantemente o seu curso de preparação ao Oficialato da nossa secular Corporação na tradicional Polícia Militar do Distrito Federal, e ainda, precisamente, na data em que aqui assentava praça, em 18 de maio de 1934. Nesses quinze anos de leais serviços prestados com dedicação invulgar à nossa Força, o subten. Raulino nunca desmereceu, pelas suas belas virtudes militares, o conceito em que era tido por seus superiores e subordinados, que lhe dispensavam, por isso, uma especial estima, consideração e benquerença, porque ele era digno dos nossos melhores aplausos. Com o seu passamento perde nossa Corporação um jovem de quem muito se poderia esperar, e, por isso, o nosso preito de gratidão e profundo respeito pela morte do nosso inesquecível camarada subtenente Fernando Raulino."

O corpo chegou a Florianópolis a 20 de maio, transportado em avião da FAB. No aeroporto, para recebê-lo, encontravam-se o representante do Governador do Estado, o Comandante Geral e uma comissão de oficiais da Polícia Militar, os alunos do Curso de Formação de Oficiais (reativado naquele ano), representantes das Forças Armadas e muitas outras pessoas.

O cortejo parou em frente ao quartel, onde foram prestadas as honras fúnebres regulamentares. Em seguida rumou para Palhoça, onde foi realizado o enterro. Em 26 de junho seguinte, Fernando Raulino foi promovido post-mortem ao posto de segundo tenente. Em 1963 seu nome foi dado a um pavilhão construído no grupamento escola da Polícia Militar, atual Centro de Ensino, na Trindade.

***************

(Texto de autoria do Coronel Edmundo José de Bastos Junior no seu livro "Polícia Militar: um pouco de História e algumas histórias").

***************

Nenhum comentário:

Postar um comentário