Roberto Rodrigues de Menezes.

Roberto Rodrigues de Menezes



sábado, 11 de dezembro de 2010

O Simbolismo na Literatura Brasileira.

Museu Cruz e Sousa, no centro de Florianópolis. Foi um dia Palácio do Governo.
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01 - João da Cruz e Sousa, o maior vulto brasileiro do Simbolismo, nasceu em Desterro (Florianópolis), a 24 de novembro de 1861. Faleceu em 19 de março de 1898 em Sítio, Minas Gerais, onde fora se tratar de tuberculose. Em 1890 transferiu-se para o Rio de Janeiro, sendo arquivista da Central do Brasil. Cruz e Sousa teve uma vida difícil e sempre cheia de dificuldades financeiras. Morreu pobre. Ele foi sem dúvida a culminância literária de sua raça aqui no Brasil.
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O Simbolismo - Parte V do Curso de Literatura Brasileira, segundo obra de Ébion de Lima.
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No final do século dezenove o fascínio maior era sentido em relação à ciência. Contestava-se a religião e o positivismo era doutrina da moda. A arrogância das conquistas científicas pensou resolver os problemas da humanidade, mas não aconteceu assim. O vazio existencial continuou nos homens. A incapacidade parnasiana e a crueza do realismo na Literatura só fizeram entes mais idealistas suspirar por um desafogo literário. Em busca desta corrente espiritual, contra o positivismo como filosofia e a dureza crua da corrente realista, surgiu o Simbolismo. Opunha-se ao parnasianismo plástico e objetivo. O Simbolismo caracterizou-se pela fuga da matéria e a busca da região do espírito. Retornava o subjetivismo, embora mais refinado. Buscou-se empregar os símbolos, arte de sugerir os nossos sentimentos mais inexprimíveis. O poema é um mistério do qual o leitor deve procurar a chave. Quem faz o poema exprime a inspiração que vem de sua alma, procurando uma correspondência do exterior.
No simbolismo a poesia torna-se bem mais religiosa, procura as brumas inquietantes do destino, dos sofrimentos, dos mistérios. No Brasil, o Simbolismo teve poucos adeptos.
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Obras de Cruz e Sousa:
Broquéis - Missal - Evocações - Faróis - Últimos sonetos.
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"Crótão selvagem, tinhorão lascivo,
planta mortal, carnívora, sangrenta.
De tua carne báquica rebenta
A vermelha explosão do sangue vivo!"
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Vozes veladas, veludosas vozes,
volúpias de violões, vozes veladas,
vagam nos velhos vórtices velozes
dos ventos, vivas, vão vulcanizadas.
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Antífona.
Ó formas alvas, brancas, formas claras
de luares, de neves, de neblinas!
Ó formas vagas, fluidas, cristalinas...
Incensos dos turíbulos das aras!
Formas de amor, constelarmente puras,
de Virgens e de Santas vaporosas.
Brilhos errantes, mádidas frescuras
e dolência de lírios e de rosas.
Indefiníveis músicas supremas,
harmonias da Cor e do Perfume...
Horas do Ocaso, trêmulas, extremas,
Réquiem do sol que a Dor da luz resume.
Visões, salmos e cânticos serenos,
surdinas de órgãos flébeis, soluçantes...
Dormências de volúpicos venenos
sutis e suaves, mórbidos, radiantes...
Infinitos espíritos dispersos,
inefáveis, edênicos, aéreos..."
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02 - Bernardino da Costa Lopes. (Rio 1859 - 1916). Trabalhador dos Correios, jornalista e boêmio. Enfronhou-se na vida literária, mas viu-se atacado por epilepsia e perturbações mentais, que lhe conturbaram o talento artístico.
Obra: Cromos - Brazões - Helenos.
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Cromos.
Caíra o sol no horizonte.
A rapariga travessa
vai de cântaro à cabeça
pelo caminho da fonte.
Fumega o rancho. Defronte
azula-se a mata espessa...
Antes, pois, que a noite desça
voam as aves ao monte.
Aponta Vésper, brilhante,
e o largo silêncio corta
uma toada distante.
Irado, enxotando o galo
está um homem na porta,
dando ração ao cavalo.
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03 - Alfonso Guimarães (Ouro Preto 1870 - Mariana 1921).
Boêmio, não concluiu o curso de Engenharia. Termina o curso de Ciências Jurídicas em Ouro Preto. É nomeado promotor em Minas e depois juiz em Mariana, onde permaneceu até a morte. Teve prole numerosa de 14 filhos.
Obra: Dona Mística - Kiriale - Pastoral aos Crentes do Amor e da Morte - Poesias (coleção póstuma).
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"Entre brumas, ao longe, surge a aurora,
o hialino orvalho aos poucos se evapora,
agoniza o arrebol.
A catedral ebúrnea do meu sonho
aparece na paz do céu risonho,
toda branca de sol.
E o sino canta, em lúgubres responsos:
-- Pobre Alphonsus, pobre Alphonsus.
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O céu é todo treva, o vento uiva.
Do relâmpago a cabeleira ruiva
vem açoitar o rosto meu.
E a catedral ebúrnea do meu sonho
afunda-se no caos do céu medonho
como um astro que já morreu.
E o sino geme em lúgubres responsos:
-- Pobre Alphonsus, pobre Alphonsus!..."
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04 - Augusto dos Anjos.
(1884-1913). Da Paraíba, formou-se no Recife e deu aulas particulares no Rio de Janeiro. Angustiado, doente, pessimista e pobre. Deixou uma coleção de Poesias "Eu", com a obsessão lúgubre de temas e vocábulos próprios de hospital e cemitério.
"No inferno da visão alucinada,
viu montanhas de sangue enchendo a estrada,
viu vísceras vermelhas pelo chão...
E amou, com um berro bárbaro de gozo
o monocromatismo monstruoso
daquela universal vermelhidão."
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Augusto dos Anjos.
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Tela de Olaia Serafim, denominada "A grande jornada". Revista Galeria em Tela da Editora On Line.
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