Roberto Rodrigues de Menezes.

Roberto Rodrigues de Menezes



sexta-feira, 7 de agosto de 2015

AS VEIAS ABERTAS DA AMÉRICA LATINA III



Fernando Henrique Cardoso.
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Chegamos, senhores leitores, aos últimos três livros do decálogo "As veias abertas", que não faltará nunca na biblioteca do perfeito idiota latino-americano. 

8) Dependência e desenvolvimento na América latina, de FHC e Enzo Faletto (1959).
Este breve manual de duzentas páginas, foi lido por muitos universitários da América Latina como obra clássica. Pelo modelo econômico que Fernando Henrique adotou mais tarde, como presidente do Brasil, pode-se constatar que ele realmente estava certo quando disse para não darem muita importância ao que ele escreveu quando jovem. Houve uma profunda mudança para melhor no entender a América Latina na mentalidade desse sociólogo. Afirmam os autores no livro que as decisões que afetam a produção e o consumo de uma dada economia são tomadas em função da dinâmica e dos interesses das sociedades desenvolvidas. Os países sub-desenvolvidos, numa economia global, constituem a periferia do mundo, sempre subordinados ao "centro", que determina as funções que cumprem estas economias sub-desenvolvidas no mercado mundial". Acho que podemos parar por aqui. Nosso Fernando Henrique fez tudo ao contrário ao assumir a presidência do Brasil, e considero que com correção. Tanto que tanto Lula como Dilma o seguiram e seguem na condução da mesma política econômica, cujo reparo faço ao assistencialismo deslavado que impede a qualificação e o saber, mas que mantém milhares de pessoas como massa cordata de manobra e de  vitória em eleições.
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9)) Para uma Teologia da Libertação, de Gustavo Gutierrez.
Esta tal de teologia, verdadeira praga que tornou a igreja católica mais guerrilheira do que precisava, e colocou o pão na frente da palavra de Deus, se espalhou na América Latina e esvaziou suas igrejas. Era o que precisavam as seitas pentecostais para acolher católicos aos milhares (de fita, reconheço), mais preocupados em louvar a Deus que ver em qualquer pessoa mais humilde o eterno excluído e oprimido, talvez o deus verdadeiro. 
Os cantadores protestavam contra as injustiças, os pacifistas contra a guerra, os hippies contra a sociedade de consumo, os estudantes contra as universidades não engajadas. Naturalmente, a Igreja Católica não estava alheia a este processo e precisou também protestar. O Concílio Vaticano II começou a mudar os rumos da Igreja, antes mais preocupada em guiar seu rebanho para a conquista do céu. E por isso ela se declarou peregrina e companheira da sociedade na luta para construir um mundo melhor. Já dentro deste espírito combativo, o sacerdote Camilo Torres morreria lutando junto às Farc, a guerrilha narco-comunista.
O Concílio declararia o "aggiornamento" da missão pastoral. O jovem sacerdote peruano Gustavo Gutierrez (Lima-1928), formado em Psicologia e doutorado em Teologia na França, professor da Universidade Católica de Lima, lançou um documento nestes moldes guerrilheiros, que chamou de "teologia da libertação". Ficou até surpreso, mas sua ideia explodiu nos rincões socialistas do mundo. Procurou o livro sagrado e encontrou a leitura adequada para converter os "pobres" no sujeito histórico do cristianismo. Gutierrez validou o conceito do "homem novo" de Guevara (mesmo que este fosse um ateu confesso). Diz o livro: Só uma ruptura radical do estado de coisas atual, uma transformação profunda do sistema de propriedade (aqui se pode aquilatar que o padre não tinha propriedade), do acesso ao poder da classe explorada, uma revolução social que rompa com essa dependência, pode permitir a passagem para uma sociedade socialista.
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O padre Gustavo Gutierrez, cujo livro, embora sem muita pretensão da parte dele, lançou as bases da igreja guerrilheira, da pastoral da terra e das comunidades eclesiais de base, entidades no Brasil conduzidas desde o seu início pelo partido dos trabalhadores.
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10) As veias abertas da América Latina - Eduardo Galeano.
Este ficou por último porque é a Bíblia Sagrada do idiota latino-americano. Não é à toa que é manual de cabeceira do histriônico falecido Hugo Chavez, um dos piores caudilhos que esta malária latino-americana já criou. Não existe compêndio melhor de erros, arbitrariedades ou simples bobagens que povoam as cabecinhas dos nossos radicais mais desencaminhados. A América Latina é um continente inerte, desmaiado entre o Atlântico e o Pacífico, do qual os canalhas do primeiro mundo, verdadeiras harpias, sugam o sangue em suas veias abertas, o sangue de suas riquezas naturais. Imagem tão plástica quanto melodramática. Algumas vezes os culpados são os ingleses, outras os espanhóis e até os nossos patrícios. Obviamente, depois destes, os americanos passam a ser os piores canalhas da época. O livro é um memorial constante de agravos montados a partir do vitimismo latino. Ficaria muito bem numa sala de espera de um hemocentro ou na Transilvânia, na biblioteca do conde Drácula.
A segunda parte do livro tenta justificar as razões que explicam os fracassos latino-americanos em seus esforços para escapar da tradicional miséria que embarga as massas. E que são os culpados?
Todos, menos "nós", os pobrezinhos. Os culpados são "eles".
Se nos emprestam é para nos arruinar. Se não nos emprestam é para nos estrangular. Os salários de fome da América de baixo contribuem para financiar os altos salários na América de cima e na Europa.
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Álvaro Vargas Lhosa e seus dois parceiros concluem que, para a América Latina nascer de novo, será preciso derrubar seus donos, um por um, país por país.
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Eduardo Galeano - uruguaio, nascido em Montevidéu em 1940 e falecido a pouco tempo. No seu livro existe algo que ele demonstrou odiar mais ainda que os próprios gringos, que as multinacionais, que o liberalismo: a verdade, a sensatez e a liberdade. Com isso ele aperfeiçoou de vez a lendária idiotice ideológica latino-americana. Antes de morrer reconheceu que seu livro não era aquilo tudo o que os esquerdistas incensavam.
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Hugo Chavez, o caudilho-bolivariano-mor da América Latina. As veias abertas foi seu livro de travesseiro, que recomendava a todos os perfeitos idiotas como ele.
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Quando quererá o Deus do céu
que a tortilha se vire,
que os pobres comam pão
e os ricos comam merda?
Que culpa tem o tomate
de ter nascido na mata,
se vem um gringo filho da puta
e o mete numa lata
e o manda para Caracas?
(Canção popular cantada por grupos de esquerda da América Latina. Talvez seja do próprio Chavez.  
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quarta-feira, 5 de agosto de 2015

AS VEIAS ABERTAS DA AMÉRICA LATINA II


Continuemos nós, pobrezinhos, a tentar explicar a nossa pobreza, muitas vezes mais mental que física. Pudera, com os governantes latinos caudilhescos e messiânicos que temos!... Continuemos cm a nossa biblioteca socialista.
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6) O homem multidimensional de Herbert Marcuse. (Só o título já nos mete medo).


Marcuse.
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A crítica feroz ao capitalismo surgiu dentro das próprias entranhas das sociedades avançadas. E entre essas críticas, nenhuma teve mais eco nas décadas de 1960 e 1970 - época áurea do idiota latino-americano - que as vertidas pelo filósofo alemão estabelecido nos Estados Unidos, Herbert Marcuse. (Esse pessoal é crítico feroz do capitalismo, mas só quer morar nos EUA. Por que o homem não foi para Moscou, que era bem mais perto?)
Nascido em Berlim em 1898, abandonou a Alemanha conturbada pelo nazismo e foi para a "América" em 1934. Se ele imaginasse que a Alemanha em que vivia iria se transformar em satélite soviético, talvez a história fosse outra, reconheço.
Marcuse era freudiano e marxista, combinação herética que já se havia observado em autores do porte, por exemplo, de Erich Fromm. Ao conduzir suas reflexões por meio dessas duas linguagens - a psicanálise e o materialismo dialético - criava uma verdadeira música angelical, densa e sedutora, para os intelectuais desejosos de crucificar o modelo de convivência ocidental e que queriam algo mais celestial. Marcuse forneceu a filosofia do "Grande Repúdio".
Isso é o Homem Multidimensional: a racionalização, a partir de Marx e Freud e um duro ataque contra a "ideologia da sociedade industrial avançada". Uma ideologia que, aparentemente, desvirtua a natureza profunda dos seres humanos, aliena-os e os transforma em pobres seres conformistas, aparvalhados pela quantidade de bens que o sinuoso aparelho produtivo põe à sua disposição, enquanto secretamente os priva da liberdade de escolher. Porque, no final, "a sociedade tecnológica é um sistema de dominação".
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Meus leitores poderão estranhar. O que estarão fazendo aqui o pobre do Pato Donald e seus três sobrinhos Huguinho, Zezinho e Luizinho? Ah, como era gostoso ler estes personagens na minha infância. Ainda hoje faço isso, embora com óculos de grau. Fui descobrir agora que o nosso mal humorado e querido pato (que só perdeu para a Branca de Neve no meu coração) foi sempre um agente maldito do mais terrível capitalismo.
7) Para ler o Pato Donald, de Ariel Dorfman e Armand Mattelart (1972). Os livros de Disney, para os autores, são comunicação de massa e colonialismo. Estes dois jovens mal roçavam a casa dos trinta anos. Dorfman nascera na Argentina e Mattelart era de origem francesa. O primeiro era membro da Divisão de publicações infantis de uma editora, enquanto Matellart era professor de uma universidade católica. Em que consiste a obra? Em essência, trata-se de uma aguerrida leitura ideológica sob a perspectiva comunista, publicada justamente no Chile encrespado e radicalizado do governo Salvador Allende. Os dois, marxistas, põem-se a tentar encontrar a mensagem oculta imperial e capitalista que encerram as histórias em quadrinhos saídas das "indústrias Disney". Mais que ler o Pato Donald, esses intrépidos autores, os Abott e Costelo da linguística, querem desmascará-lo, demonstrar as intenções avessas que ele esconde, descrever seu mundo distorcido e vacinar a sociedade contra esse veneno silencioso que risonhamente mina da metrópole ianque. O pato Donald, eliminados os ardis que o encobrem, é um canalha patológico (no sentido de pato mesmo), pervertido, porque no seu mundinho fantástico não há sexo, ninguém sabe quem é filho de quem, porque semear esta confusão sobre as origens faz parte da macabra tarefa do inimigo Disney - dizem os horrorizados investigadores.
Donald, Mickey, Pluto, não são o que parecem. São na verdade agentes da dominação. A Patolândia, metáfora própria dos Estados Unidos, é o antro cruel do mundo, enquanto os outros (nós latinos incluídos, mesmo que excluídos - vá entender!) fazem parte da periferia explorada e explorável habitada por seres inferiores. Penso que seus verdadeiros heróis nesta patacoada são os Irmãos Metralha, o João Bafo-de-onça, o Lobo Mau, a Rainha Madrasta e o Mancha Negra.
Como era de se esperar, uma descomunal besteira dessas tinha que se transformar num best-seller na América Latina. Após 21 anos da primeira edição, a obrinha foi reproduzida 32 vezes, para satisfação do ramo mexicano da Editora Siglo XXI.
Por que este livro se encaixou tão bem na biblioteca do idiota latino? Para esses desconfiados seres, há sempre uma conspiração internacional em curso para subjugá-los, sempre existem uns americanos cruéis tentando enganá-los. Este livro só empatou em acúmulo de bobagens com o besteirol que se escreveu no Brasil sobre os nossos quinhentos anos, nas críticas ao coitado do Pedro Álvares Cabral e seu "estupro" contra os indígenas.


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segunda-feira, 3 de agosto de 2015

AS VEIAS ABERTAS DA AMÉRICA LATINA I


O livro "O manual do perfeito idiota latino-americano" foi escrito pelos pensadores peruanos Plinio Apuleyo Mendoza, Carlos Alberto Montaner e Álvaro Vargas Lhosa. Tem apresentação do nobel Mário Vargas Lhosa e prefácio brasileiro de Roberto Campos (um dos meus poucos ícones, ao lado de Roberto Carlos). Editora Bertrand do Brasil. No seu último e XIII capítulo, especifica os dez livros mais lidos e que não podem faltar na biblioteca política do perfeito idiota. Vamos descrevê-los aqui.
Este livro instigante e mesmo sarcástico, cuja compra e leitura recomendo, expressa o nosso "vitimismo" latino-americano. Há sempre um capitalista cruel querendo nos explorar, pobrezinhos e excluídos que somos. Espoliados, de veias abertas, deitados em berço esplêndido, não conseguimos enxergar que somos mais culpados do que vítimas.
Esquecemos que os Estados Unidos, por exemplo, a quem tanto odiamos, ao invés de ficar se lamentando e endeusando o sofrimento e a pobreza, por sorte desprovidos de caudilhos míseros e megalomaníacos que fizeram o continente chafurdar no atraso, partiram para o trabalho, o progresso e a prosperidade. Deram uma banana para seus colonizadores ingleses e trataram de ficar mais ricos que eles. Naquela época éramos tão colônia quanto eles.
Mas tínhamos que nos quedar com a eterna mania de vítimas. E até a Europa, arrependida por seus "crimes", entrou também nessa onda, só logrando obter um emaranhado sociológico chinfrim de complexos de culpa.
Quando será que vamos cair na real?
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Como regra geral, todo idiota possui uma biblioteca política. Costuma ser bom leitor, mas geralmente lê livros ruins. Não lê da esquerda para a direita, como os ocidentais, nem da direita para a esquerda, como os orientais. Dá sempre um jeito de ler da esquerda para a esquerda.
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O primeiro livro da Biblioteca do idiota é o "clássico" A História me absolverá, de Fidel Castro Ruiz (1953).
Há fortes evidências que o livro foi escrito na verdade por Jorge Manach, um intelectual cubano opositor de Fulgêncio Batista. Castro se apropriou dele, como de tudo em Cuba.
O título frase, que teria sido clamado por Castro quando foi julgado pela fracassada tentativa de tomar o quartel de Moncada, foi feito também por Adolf Hitler em circunstâncias parecidas, durante a formação do partido nazista. O livro aborda o "brilhantismo" de Castro ao fazer sua defesa. O mesmo ele recusou a seus opositores ao tomar o poder, mandando milhares sumariamente para o "paredon". A essa altura, no início do século XXI, sabemos por fim que a História não vai absolvê-lo e sim, como dizia Reynaldo Arenas, absorvê-lo, mas nossos idiotas não se deram conta. Amam demais seus enganosos mitos.
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O segundo livro da biblioteca do idiota é "Os condenados da terra", de Frantz Fanon (1961). Tem prefácio do filósofo esquerdista francês Jean Paul Sartre.

Fanon, médico negro, nasceu na Martinica em 1925. Sua obra é um evangelho anti-ocidental. Sartre o legitima e assume a sua condição de homem branco devorado pelo remorso. Fanon quer que os povos do terceiro mundo arranquem sua pele cultural com a qual lhes cobriu o invasor branco e soberbo e faz a apologia da violência anti-colonialista. Quando o idiota descobriu esse livro, caiu de joelhos deslumbrado. Ali estava a chave ideológica para levantar com ira o punho diante dos canalhas do primeiro mundo. "Nós" não tínhamos que ser como "eles". "Nós" tínhamos que nos despojar da influência "deles". 
Que seria dos Estados Unidos se ao invés de se ver como a Europa que emigrou para o novo mundo disposta a melhorar, tivesse se atolado no rancoroso discurso indigenista anti-ocidental, que nossos idiotas não param de resmungar na América Latina? Não são capazes de compreender que sua língua, suas instituições, seu modo de construir cidades, ou de se alimentar foram moldados na Europa, inclusive sua forma de interpretar a realidade.
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O terceiro livro é "A guerra de guerrilhas", de Ernesto Che Guevara. (1960).
Guevara, nascido na Argentina em 1928 e morto na Bolívia em 1969, onde tentava transformar a selva e montanhas latino-americanas num imenso vietnã, foi um médico aventureiro de delirante visão política, que deslumbrou nossos mais ilustres idiotas ao longo de trinta anos, até converter-se num poster definitivo, posando para o fotógrafo Korda com um olhar feroz e romântico e sua boina, como se fosse um Cristo revolucionário retratado após a expulsão dos mercadores do templo da pátria socialista.
O livro narra estratégias de luta de guerrilha. A tática de "morde e foge", o foquismo, os armamentos, a formação das unidades guerrilheiras, intendência, saúde, o papel das mulheres e o papel de apoio que os doutos guerrilheiros cubanos iriam desempenhar, financiados pelos soviéticos.
O grande erro desse livrinho, que custou a vida ao Che e a tantos milhares de jovens latino-americanos, é elevar à categoria de "universal" a anedota da luta do futuro ditador Castro contra o ditador cubano anterior, Fulgêncio Batista, ignorando as razões verdadeiras que provocaram a queda deste em Cuba. Castro e Che, como heróis das Termópilas, nunca admitiram que Batista não era um general decidido a lutar, e sim um sargento taquígrafo elevado ao generalato após a revolução de 1933, cujo objetivo principal era enriquecer no poder com seus cúmplices.
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Régis Debray no seu julgamento na Bolívia, invasor que era daquele país.
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O quarto livro em importância na Biblioteca do idiota é a obra "A revolução dentro da revolução", de Régis Debray. Nascido em Paris em 1941, era um jovem jornalista e sociólogo francês seduzido pelas ideias marxistas e pelo "espetáculo" da revolução cubana, feita por audazes barbudos que preparavam o assalto final contra a odiada fortaleza imperialista americana.
Debray era simplesmente mais um soldado da guerrilha, embora seu encargo não fosse emboscar inimigos, mas justificar as heresias e as teses revolucionárias nos jornais, abrindo espaço para seus camaradas nas publicações européias, especialmente francesas, pois na época a França era o país mais afinado com o marxismo.
Debray foi capturado pelo exército boliviano quando da morte do amigo Guevara, apesar de protestar inocência. Solicitou garantias processuais como cidadão francês, que jamais defendeu para seus adversários. Conseguiu ser indultado por pressões internacionais. Após o regresso a Paris foi evoluindo e afinal compreendeu que a tal da revolução era um imenso e sangrento disparate, que levaria à morte milhares de rapazes iludidos, apaixonados pela violência política.
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O quinto livro da biblioteca idiótica é "Os conceitos elementares do materialismo histórico" da Marta Harnecker (1969).



A grande vulgata marxista publicada na América Latina apareceu em 1969 pelas mãos de uma escritora chilena, Marta Harnecker, radicada em Cuba desde a década de 1970, após a derrubada de Salvador Allende. A autora chegou a Cuba pela primeira vez em 1960, mas não era então uma marxista convicta e sim uma dirigente da "Ação Católica Universitária" de Santiago. Era o que se chamava "católica progressista ou de esquerda", imbuída de ideais justiceiros.
O livro em questão não é senão uma boa síntese da parte não filosófica do pensamento de Marx. É um texto pedagógico para formar marxistas num par de semanas de leitura intensa. É, num tomo, "tudo o que você quer saber sobre o marxismo e tem medo de perguntar". Face seu caráter didático, traz resumos, questionários, frases em destaque, temas de discussão e bibliografia mínima. Está escrito com clareza e tenta fixar a cosmovisão marxista em torno de três grandes temas: a estrutura da sociedade, as classes que a integram e a "ciência" histórica. Quem digerir as trezentas páginas de letras miúdas já está pronto para a tarefa que Marx e a senhora Harnecker querem que de pronto todos os marxistas empreendam: transformar o mundo. Transformá-lo, claro, através de uma revolução violenta que faça voar pelos ares o estado burguês, instale a ditadura do proletariado e lance as bases de de um universo justo, eficiente, luminoso e próspero, como em Cuba e na Coreia do Norte.
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Resumo do livro "O manual do perfeito idiota latino-americano".
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