Roberto Rodrigues de Menezes.

Roberto Rodrigues de Menezes



sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Feliz ano novo!...

Meus caros leitores: Tenho certeza que todos passaram um maravilhoso Natal. Este foi, pelo menos, o meu desejo sincero. No último dia deste ano, renovo meus votos de que todos se encontrem felizes junto aos seus entes queridos. Estou passando estes dias na Enseada de Brito, uma freguesia açoriana do município de Palhoça, pertencente à grande Florianópolis, trinta quilômetros ao sul. Vou lhes mostrar um pouquinho dela.
****************************************** 
 Eis a igrejinha da Enseada, em meio a palmeiras de troncos muito longos e esguios. A casa paroquial ao lado ainda está tentando se ver construída e pronta. Atrás, os montes da serra do Tabuleiro, irmãos do monte maior de nome Cambirela, morro pelo qual devoto uma especial devoção. Tanto que escrevi um conto "A lenda do tesouro do Rio Cubatão", nos dias 11 e 12 de Agosto, uma versão tupiniquim da lenda nórdica "O anel dos nibelungos", narrativa que se desenrola em volta dele e do rio Cubatão.
****************************************
 Casa da Cultura da Enseada, ao lado da Igreja. A cultura açoriana ali subsiste.
****************************************
******
Casas em estilo e arquitetura dos Açores, a lendária Atlântida, são muito comuns na Enseada. Aqui um belo exemplo.
****************************************
A Enseada está situada numa bela baía de águas calmas. Aqui se vê o lado sul, próximo à saída da ilha de Santa Catarina na região chamada Naufragados. Uma leva de colonos veio de Portugal e naufragou na saída da ilha, levando a ponta sul da ilha este nome. Os morros à esquerda estão na ilha. O morro da direita, mais escuro, no continente, separa a Enseada da bonita Praia do Sonho
****************************************.
Este é o lado norte da freguesia. Um barco que tome este caminho chegará ao centro de Floripa, depois de atravessar a baía sul. Como se vê, a Enseada é muito bem protegida.
****************************************
No centro da Enseada, numa casa açoriana, a Maricota espera o seu romeu, olhando da janela. Está ali há muito tempo e ele anda não chegou.
****************************************
 Observem a casa da Maricota, numa vista mais ampliada. Ela possui uma lojinha de artesanato.
****************************************
Esta é uma visão panorâmica da rua principal, talvez a única que mereça este nome. A casa amarela pertence a meu primo major Ivenes Rodrigues, da Polícia Militar. Sua esposa Elicleusa é uma ótima confeiteira.
É isso aí!... Aproveito para novamente desejar a todos um feliz 2011, repleto de realizações.
**********************************************************************
SALVE 2011!...
**********************************************************************

quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Thomas Becket.

Dezembro de 1170 em Londres. Um sacerdote oficia missa. Quatro cavaleiros invadem a catedral de Canterbury e matam o religioso a golpes de , II: "Sustento tantos miseráveis como vocês e nenhum tem coragem de me livrar desse padre!", resolvem atender à ordem do rei. O padre era Thomas Becket, assessor do soberano e arcebispo, que o criticara asperamente em sua política para a Inglaterra.
Henrique II conquistara para a seu reino a condição de maior potência europeia. Mas perdeu-se ao determinar a morte do que fora o seu melhor amigo. O rei ao morrer, anos depois, iria maldizer os filhos, contra os quais lutou. Manteve presa a esposa por dezesseis anos.
****************************************
Henrique II, ao assumir o trono inglês, reorganizou os seus domínios. Nomeou a esposa para administrar a Aquitânia, território rebelde e perigoso. Instala vários senhores ingleses de sua total confiança na Normandia e no País de Gales. Era culto e trabalhador, embora tenperamental. Nomeia como chanceler e conselheiro jurídico e político do reino a Thomas Becket, doutor em Direito e Arcediago em Londres. Ficaram amigos de caçadas e na administração do reino. Becket, apesar de sacerdote, tem cuidado com o tesouro real e taxa as abadias e mosteiros. As taxas e impostos permitem que se forme um poderoso exército. Com Becket o rei se fortalece e a nobreza enfraquece. A Igreja na Inglaterra não se mostrava muito satisfeita com a situação Nessa época Teobaldo, arcebispo de Canterbury, morre. O rei intervém junto ao Papa e consegue a sagração de Becket para o cargo. Este não desejava a nomeação mas, após assumir, passa a defender a igreja, pugnando pela diminuição dos impostos reais. Henrique II se irrita e aumenta seu controle sobre o clero, o que faz Becket separar-se de vez do soberano. Apoiado pelo Papa, Becket não poupa críticas ao rei. A gota d'água é o fato de o soberano obrigar o arcebispo de York a coroar seu filho, prerrogativa de Canterbury. Becket imediatamente excomunga o arcebispo de York e todos os presentes à cerimônia, o que inclui o rei.   
A fúria deste explode e suas palavras fazem com que os quatro nobres executem a assassina tarefa. O arcebispo Becket é morto no altar, o que configura um sacrilégio.
****************************************

O povo inglês se mostrou tão revoltado com a ato, que o rei se submeteu a se penitenciar sobre o túmulo do arcebispo, sendo açoitado por monges como penitência.
Thomas Becket foi canonizado pelo papado em 1173. Seu túmulo passou a ter visitação contínua, com levas de peregrinos lhe pedindo graças. Henrique VIII, que brigou com Roma por se opor à sua separação de Catarina de Aragão e casamento com Ana Bolena, se encarregou de fundar nova igreja, o Anglicanismo, e mandou destruir o túmulo de Becket.
****************************************
São Thomas Becket.
****************************************
Henrique II morre em 1189 e seu trono enfraquece, alvo da disputa dos filhos Ricardo II e João Sem Terra. Ele preservara o trono de forma autocrática por 35 anos. Os barões e a nobreza, após a morte do monarca, conseguiram enquadrar seus sucessores. Uma magna carta foi reescrita, com o rei se obrigando a respeitar os direitos tradicionais de seus nobres e vassalos.
*************************************************************  
Bibliografia: Enciclopédia Conhecer, Tomo X, de 1972, Abril Cultural.
*************************************************************






quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

A perseguição religiosa na era Stalin.

Joseph Stalin (Gori 1878 - Moscou 1953). Governou a União Soviética desde 1927 até a morte. Foi chamado "Guia genial dos povos" e "Pai dos povos". O segundo maior genocida do século vinte, somente derrotado por Mao-Tse-Tung em número de mortos. Hitler foi medalha de bronze.
****************************************
A PERSEGUIÇÃO RELIGIOSA NA ERA STALIN.
  • Os homens do clero não eram bem-vindos na sociedade socialista do homem novo. Os anos de 1929-30 viram se desenvolver, após a primeira de 1918-1922, a segunda grande ofensiva do estado soviético contra a igreja.
A Igreja Ortodoxa, apesar das perseguições, continuava forte na sua tradição russa milenar. O sucessor do patriarca Thikon, o metropolita Serge, fez (ou foi obrigado a fazer), declaração de fidelidade ao Estado, com o que não concordaram milhares de religiosos. Era uma intromissão indevida.
Dos 54.692 templos, apesar de tudo, cerca de 39.000 ainda estavam abertos no início de 1929 (Timasheff - Religion in Soviet Russia - Londres - 1943).
Emelian Yaroslavski, presidente da Liga dos Sem-Deus, com a simpatia do governo bolchevique, reconhecia entristecido que um número muito pequeno de pessoas havia "rompido" com a religião.
A ofensiva anti-religiosa de 1929-30 desenvolveu-se em duas etapas. A primeira, na primavera e no verão de 1929, foi marcada pela reativação da legislação anti-religiosa dos anos 1918-22, obra de Lênin. Em 08 de abril de 1929 foi promulgado um decreto que acentuava o controle das autoridades locais sobre a vida das paróquias e acrescentou novas restrições às atividades religiosas
*************************************

Molotov, Stalin e Nicolai Yezshov (à direita) passeiam alegres. Este último era o chefe da temida NKVD, futura KGB, polícia política e consciência moral do regime. Yezshov participou ativamente dos expurgos stalinistas. Mas não contava com alguém chamado Lavrenti Beria, que o fez declarar-se culpado de uma conspiração contra Stalin. Yeshov, nascido em 1895, foi executado a tiros em 1940. Beria, anos mais tarde, provaria de seu próprio veneno. Dificilmente um assessor de Stalin sobreviveu a ele. Stalin, ex-seminarista ortodoxo, voltou toda a sua fúria contra a igreja russa. 



Depois da  execução de Yezhov, a foto foi retocada pelos censores. Era pouco somente a execução física.
****************************************
A alínea 10 do artigo 58 do Código Penal Soviético estipulava que "toda a utilização dos preconceitos religiosos das massas, que vise a enfraquecer o Estado, era passível de uma pena de três anos de detenção até a pena de morte".
Em 26 de agosto de 1929, o governo instituiu a semana do trabalho contínuo de cinco dias (cinco dias de trabalho, um de repouso), que eliminava o domingo como dia de repouso comum. Essa medida deveria facilitar a "luta" pela erradicação da religião. (Em outubro de 1929 foi ordenada a apreensão dos sinos das igrejas com a justificativa: "O som dos sinos infringe o direito ao repouso das grandes massas da cidade e do campo".
Os adeptos dos cultos foram sobrecarregados de impostos; a taxação dos popes (sacerdotes) decuplicou entre 1928-30, sendo privados de seus direitos civis (cartões de racionamento, comida, e principalmente assistência médica).
A prisão e a deportação de religiosos passou a ser prática comum. Em muitos povoados e burgos os templos foram fechados por absoluta impossibilidade de mantê-los, em razão da legislação. Mas, 14% das sublevações camponesas da época tiveram como causa o fechamento dos templos e a apreensão dos sinos.
****************************************


Os dois grandes tumores do século 20. Um está morto. O outro, apesar da ideologia defunta, subsiste heroicamente. **********************************
A campanha anti-religiosa atingiu o seu apogeu durante o inverno de 1929-30. Em março de 1930, 6.715 igrejas haviam sido fechadas ou destruídas. Ao longo dos anos seguintes a perseguição continuou, agora "administrativa". A famosa alínea 10 dava motivo a interpretações as mais disparatadas: vetustez ou estado anti-sanitário das edificações religiosas, falta de cobertura de seguro, não pagamento de impostos e taxas, tornados exorbitantes.
 

Jesus Cristo foi expulso da União Soviética pelo totalitarismo comunista. Hoje alguns comunistas o toleram.
***************************************
Privados dos seus direitos civis, do magistério com que ganhavam a vida (as escolas confessionais foram fechadas e proibidas), impedidos de ingressar no serviço público, tributados de maneira abusiva, declarados "elementos parasitas vivendo de fontes de renda não assalariadas", muitos, ou desistiam, ou tornavam-se popes errantes, levando vida clandestina à margem da sociedade. Desenvolveram-se assim movimentos cismáticos, em oposição à política de fidelidade ao poder soviético do metropolita Serge, principalmente nas províncias de Voronezh e Tambov. Os fiéis de Alexei Bui, bispo de Voronezh, preso em 1929, organizavam-se em uma igreja autônoma, a "Verdadeira igreja ortodoxa", com clero próprio, frequentemente errante, ordenado fora da igreja patriarcal submissa a Stalin. Os membros dessa "igreja do deserto" se reuniam para rezar em residências, eremitérios, grotas. Vários milhares deles foram presos, considerados kulacks (camponeses com propriedade - ter propriedade era um crime) e enviados a campos de concentração ou "reeducação", os gulags, tão desconhecidos quanto são conhecidos os campos nazistas.. ****************************** 


****************************************
Apesar de tudo, um recenseamento de 1937, embora anulado pelo regime, mostrava que 70% dos adultos continuavam a se dizer crentes. Em abril de 1936 não restavam mais do que 15.835 igrejaa ortodoxas em atividade (28% dos templos de antes da revolução) e algumas dezenas de igrejas católicas e protestantes. Quanto ao número registrado de religiosos, não era mais do que 17.857 em 1936, contra 112.629 em 1914 e cerca de 70.000 em 1928.
O clero não era nada mais, para usar uma fórmula burocrático-soviético-oficial, do que um RESQUÍCIO DE CLASSES MORIBUNDAS.
*****************************************************************
 

Galeria de Genocidas do século Vinte.
**********************************************************************
(Flechter - L'eglise clandestine in URSS - Paris - Edição Moreau - 1971).
(O livro negro do comunismo - Centro Nacional de Pesquisa Científica de Paris - França).
**********************************************************************











terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Descrição da ilha de Santa Catarina.

O navegador e engenheiro militar francês FRANÇOIS FRÈZIER (1682-1733) aportou na ilha de Santa Catarina em 1712, hoje parte do município de Florianópolis. Fez estudo e mapa da ilha, descrevendo o estado primitivo em que viviam os 147 brancos ali. Ele partiu da França em fins de 1711 no navio Saint Joseph, comandado pelo capitão Duchénne Battas. Vinha também o navio Marie, sob o comando do capitão Jardais Darmel.
Bibliografia: Ilha de Santa Catarina (relatos de viajantes estrangeiros nos séculos 18 e 19). Editora Lunardelli e Universidade Federal de Santa Catarina.
****************************************
DESCRIÇÃO DA ILHA:
A ilha de Santa Catarina se estende do norte ao sul, desde os 27 graus 22 minutos até os 27 graus 50 minutos. É uma floresta contínua de árvores verdes o ano inteiro, não se encontrando nela outros sítios praticáveis, a não ser os desbravados em torno das habitações, isto é, 12 ou 15 sítios dispersos aqui e acolá à beira-mar nas pequenas enseadas fronteiras à terra firme. Os moradores que os ocupam são portugueses, uma parte de europeus fugitivos e alguns negros. Veem-se também índios, alguns servindo voluntariamente aos portugueses, outros que são aprisionados em guerra.
Embora não paguem tributo algum ao rei de Portugal, são seus súditos e obedecem às ordens do governador ou capitão, que é nomeado para comandá-los em caso de guerra contra os inimigos da Europa e os índios do Brasil, com os quais andam quase sempre em guerra; de sorte que quando penetram na terra firme, que não é menos tomada de florestas que a ilha, não ousam fazê-lo em grupos menores de trinta ou quarenta homens juntos e bem armados.
Esse capitão, cujo comando não passa ordinariamente de três anos, depende do governador da Lagoa (Laguna), pequena vila distante da ilha para o sul.
****************************************
Ilha de Santa Catarina.
****************************************
Na ilha havia 147 brancos, alguns índios e negros libertos, dos quais uma parte acha-se dispersa pela orla da terra firme. Suas armas comuns são os facões de caça, flechas e machados. Possuem poucas espingardas e raramente pólvora. Estão, no entanto, suficientemente defendidos pelas matas, onde uma infinidade de espinheiros de toda espécie as torna quase impenetráveis. Tendo sempre a retirada segura e pouco equipamento a transportar, vivem tranquilamente sem o medo de verem suas poucas riquezas arrebatadas. Na verdade, encontram-se eles em carência de quase todas as comodidades da vida. Em troca dos víveres que nos traziam não aceitavam dinheiro, dando mais importância a um pedaço de pano ou fazenda para se cobrir, protegendo-se das penúrias do tempo. Satisfazem-se com o vestuário de uma camisa e um par de calças. Os mais distintos usam também um paletó de cor e um chapéu. Quase ninguém usa meias ou sapatos, sendo obrigados a cobrir as pernas quando entram no mato, utilizando-se da pele da perna de um tigre como perneira. Não são mais exigentes com a alimentação do que com o vestuário: um pouco de milho, batatas, alguns frutos, peixe ou caça, quase sempre o macaco, os satisfaz.
****************************************
Vista do famoso bar Miramar, apontando para o mar calmo da baía sul, no centro da ilha. Foto da década de sessenta.
****************************************
Essa gente, à primeira vista, parece miserável. Mas eles são mais felizes que os europeus, ignorando as curiosidades e comodidades supérfluas que na Europa se adquirem com tanto trabalho. Passam eles sem pensar nelas. Vivem numa tranquilidade que os subsídios e a desigualdade de condição não perturbam. A terra lhes fornece os elementos necessários à vida, as madeiras e as ervas, o algodão, peles de animais para se cobrirem e se abrigarem. Não almejam essa magnificência de habitação mobiliada e bem equipada, que só fazem excitar a ambição e lisonjear a vaidade, sem tornar o homem mais feliz. A única coisa que têm a lamentar é a de viverem na ignorância. São cristãos, é verdade, mas como podem ser instruídos em sua religião, não havendo senão um vigário na Lagoa (Laguna), que lhes vem rezar a missa somente nas principais festas do ano?
De resto, gozam de um bom clima e um ar muito saudável. Não têm raramente moléstia, a não ser o "mal do bicho", que é uma dor de cabeça acompanhada do desejo de evacuar sem nada expelir, e por isso usam um remédio muito simples que julgam como um específico. Colocam no assento um pequeno limão azedo ou emplastro de pólvora diluída na água.
****************************************

Possuem também muitos remédios naturais do país para se curarem de outras doenças que podem aparecer. O sassafrás, esta madeira de bom aroma e comum pelas suas virtudes contra os males venéreos, ali é tão comum que nós o cortamos para queimar como lenha. O guaiaco, empregado também para os mesmos males, não é mais raro. Encontra-se ali uma grande quantidade de plantas aromáticas cujas qualidades e utilidade são conhecidas por seus habitantes para os seus usos.
As árvores frutíferas são excelentes em suas espécies, as laranjas são tão boas como as da China, existem muitas limeiras, limoeiros, goiabeiras, palmitos, bananeiras, canas-de-açúcar, melancias, melões, jerimuns e batatas melhores que as de Málaga.

Ruínas do Forte de São José da Ponta Grossa, na baía norte. Defesa contra incursões espanholas.
****************************************
Foi na ilha que vi pela primeira vez o arbusto que dá o algodão. Colhem-se nas pedras do mar ostras verdes, pequenas e deliciosas. A pesca é abundante e com peixes grandes (meros, salemeras, sargos, carapaus, peixes-galos, peixes-reis, sardinhas, etc). Cheguei a pescar um cavalo-marinho. A caça é abundante, mas os bosques são de difícil acesso, quase impenetráveis. Os pássaros mais vistos são os papagaios, que voam em pares, os guarás, aves pescadoras de belo colorido. além dos tucanos. Na ilha, a caça mais comum são os macacos. No continente, no seu lado sul, existem bois selvagens. Enfim, na terça-feira, doze de abril (1712), partimos com uma boa brisa. Deixando a ilha e viajando para o sul, encontramos inúmeras baleias.

**************************************************************




domingo, 26 de dezembro de 2010

Marco Polo.

Marco Polo, o pai Nicoló e o tio Mateo partem no ano de 1271 de Veneza para o Oriente, mais especificamente para a Palestina. Marco é um jovem de quinze anos, mas vai viver grandes aventuras, que depois narrará num livro famoso. Buscarão especiarias, fortuna, como também são enviados do romano Pontífice, pois o imperador chinês Cublai Kan, que já tivera contato com Nicoló e Mateo em viagem anterior, manifestara desejo de que sacerdotes fossem até o Oriente falar de Cristo.
******************************

Pelas estreitas ruas de Jerusalém os Polo passeiam a cavalo, emocionados com a lembrança do sofrimento de Jesus Cristo quando foi morto na cruz.
******************************


Mas eles logo vão além da Palestina. Os três ousados aventureiros cavalgam através das montanhas da Armênia e atingem o mar no Golfo Pérsico. Conseguem fugir de Nogodar, o rei salteador, cujos homens assaltavam caravanas em busca de presas. Nas fogueiras à noite ouvem as histórias do terrível velho da montanha e sua seita de assassinos. Marco vai anotando tudo. Os aventureiros prosseguem até as planícies da Mongólia. Sabem que serão bem recebidos pelos orientais pois, na viagem anterior, os ajudaram na reconquista militar da cidade rebelde de Sin-Iag-Fon, cujas muralhas foram derrubadas por máquinas de guerra, catapultas denominadas "trabucos", invenção europeia, que os irmãos Polo construíram para ajudar o grande Kan e seu exército.
******************************
Atravessam o perigoso deserto de Gobi. À noite ouvem o vento sibilante e as vozes de fantasmas sombrios. Transposto o deserto, aparece majestosa a grande muralha da China, construída para barrar as perigosas hordas de tártaros. Já dentro da grande nação, eles , em dado momento, são recebidos por mensageiros do grande Kan, que os acompanham em caravana até Pequim.
******************************

Em Pequim os Polo são recebidos em palácio por Cublai Kan.
******************************

Cublai, o herdeiro do imenso império de Gengis Kan, unificara chineses e mongóis. O monarca agradou-se tanto do jovem Marco, que o nomeou governador da província de Yang-Chu. Três anos depois Marco era enviado para inspecionar províncias distantes, como embaixador do grande Kan. O jovem se sai muito bem do difícil encargo, o que agrada sobremaneira o monarca. E nessa vida aventurosa os Polo permaneceram no império por vinte anos. Pai e irmão de Marco, já entrados em anos e saudosos de Veneza, ansiavam por voltar. O Kan não os deixaria, mas a possibilidade surgiu, pois o monarca precisava de gente de sua confiança para levar a princesinha Ko-ka-chin, noiva do rei persa Argon, em segurança até o Ocidente e lá ser entregue ao seu prometido. Séculos mais tarde, os filmes sobre os aventureiros insinuariam um romance entre Marco e a princesa, que seguiu seu destino, apesar de amar o veneziano. Assim, em 1292, uma flotilha de navios zarpava para o sul,passando por Java, Sumatra e Ceilão. Tempestades, calmarias, pagodes, mosteiros, templos budistas, desfilam ante os olhos de Marco. A expedição, ou o que restou dela, pois as borrascas e o escorbuto fizeram restar vivos apenas dezoito, dos seiscentos que partiram, conseguiu finalmente chegar em Ormuz. Os Polo entregam a princesa a seu noivo e seguem para a Itália.
******************************.

No outono de 1295 os Polo chegam a Veneza, vinte e quatro anos depois, admirados com os novos e suntuosos palácios da cidade. Eles têm trajes estranhos e são olhados pelos passantes com curiosidade. E não seriam aceitos pelos parentes, que os julgavam mortos, tendo repartido entre herdeiros todos os seus bens. Mas os Polo convidam os herdeiros para um banquete, trajados com roupas luxuosas e, ao fim do ágape, mostram jóias e pedras preciosas aos milhares, que haviam trazido do Oriente. São logo reconhecidos pelos parentes.
Passam-se dois anos e Marco se dedica a escrever sobre suas aventuras, sendo aclamado como escritor. Mas ele não poderia viver em calmaria. Vamos achá-lo logo em seguida no comando de uma galera, armada por ele, para defender Veneza dos genoveses. Mas na batalha de Curzola a frota veneziana sofre arrasadora derrota para seus inimigos de Gênova, comandados por Lamba Dória. Marco, apesar de lutar valentemente, é feito prisioneiro.
******************************
Levado para Gênova, permanece na masmorra por um ano aguardando o resgate, em companhia do poeta Rustichello de Pisa, que o ajuda a terminar de vez o grande livro com suas aventuras, e que faz enorme sucesso em toda a Europa. A aventurosa passagem dos Polo pelo oriente se torna famosa. Eles foram os destacados incentivadores dos grandes descobrimentos que se seguiram depois.
****************************************************************
Bibliografia:Documentário 12, Tomo I da Enciclopédia Trópico.
****************************************************************







sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

Feliz Natal!

Hoje é véspera de Natal. Mais uma vez vemos chegar as festas e comemorações de fim de ano. Em Belém, numa manjedoura, nasceu o menino Jesus, que mudaria a vida de toda a civilização ocidental. Não O esqueçamos. Ele é o grande aniversariante do ano.
*************************
Não precisamos esquecer o Papai Noel. Mas devemos estar conscientes de que o aniversário não é dele. Tal costume foi iniciado por um bispo católico, São Nicolau, que saiu na noite de Natal a distribuir presentes às crianças pobres de seu lugar. Procuremos passar esta data convivendo em união com nossos cônjuges, filhos, netos, pais, avós, amigos, enfim, que vivamos um tempo de paz, amor verdadeiro e reconciliação.
*************************
Feliz Natal para os irmãos que nos acessam neste grande Brasil, em Portugal, Estados Unidos, Alemanha, Itália, Espanha, França, Japão, Nova Zelândia, Colômbia, Argentina, México, Polônia, Romênia, Suécia (estes os países com o maior número de acessos), mas sem esquecer nossos irmãos da África, Ásia, Europa, Oriente Médio, das Américas e até do Vaticano, onde algum brasileiro nos procurou duas vezes. Um feliz Natal para os responsáveis por quase dois mil acessos, possivelmente na divisa entre Pará e Mato Grosso. O programa de acesso não conseguiu definir o lugar.
Que todos tenham Cristo em seus corações e que seus sonhos mais justos e com amor acalentados se realizem.
*************************
Comemoremos, sim, com bolos, doces e bebidas. Tudo com aquela clássica moderação. É tempo de festa, de mudança de vida, de férias e praias aqui no hemisfério sul, de neve intensa no norte, até mais característica nos cartões de Natal, o que nos deixa aqui no sul com uma pontinha de inveja. Mas que todos se sintam felizes e realizados junto aos seus entes queridos.
*************************
Eis que Jesus pode bater à nossa porta. Aceitemos o seu convite. Que Ele seja também um convidado ilustre na nossa alegria e na nossa ceia.
*************************
Não esqueçamos os presentes, como estes cristais lindos e maravilhosos de Blumenau, cidade germânica da minha Santa Catarina. Um abraço na querida Floripa, que se prepara para receber turistas na virada do ano e nas férias, com suas inúmeras praias, ilha faceira que é. Que todos os catarinenses em todos os municípios vivam este final de ano em paz e no aconchego do seu lar.
*************************
Que não esqueçamos do nosso planeta, procurando preservá-lo e incutir nos nossos filhos a consciência da preservação para o futuro.
*************************
Natal Alles Blau. Natal Feliz em todas as línguas e dialetos do universo.
Este final de semana estarei de mudança com minha família para a pequenina Enseada de Brito, no município de Palhoça, uma freguesia açoriana que muito prezo. Lá passarei o verão com os meus. Mas não esqueci os amigos do Blog. Talvez diminua a frequência, mas este verão não passará em branco. Consegui adquirir um "notebook" em dez suaves prestações e espero continuar escrevendo de lá, da minha agreste Enseada.
Que todos tenham realmente um feliz e santo Natal.
Roberto Rodrigues de Menezes.
PS: A Sílvia manda um abraço para todos e os mesmos votos de felicidades.
*******************************************************





quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

O aniversariante do mês.

E José e Maria foram a Belém, na Judeia!...
*************************
"Eis que estou à porta e bato. Se alguém ouvir a minha voz e me abrir a porta, entrarei em sua casa e cearemos, eu com ele e ele comigo. (Apocalipse 2, 20).
*************************
Em todos os finais de ano vivemos uma bonita e renovada alegria, quando nos tornamos mais solidários e afetivos do que costumamos ser. É tempo de festas, presentes, sorrisos e comemorações. Em nossas casas, nas praças e ruas, as luzes multicoloridas se reacendem, como brilhante arco-íris. Abraçamo-nos e trocamos votos de vida feliz e futuro radioso. Os jantares e festas se tornam mais frequentes, os anúncios nas tevês nos levam a comprar presentes caros e maravilhosas inutilidades.
*************************

Em todas as lojas e vitrines surge a figura rosada do bom velhinho, de barba algodoada e gargalhar inconfundível. No seu majestoso trenó de renas aladas, carrega as dádivas natalinas, trilhando o seu cintilante caminho de estrelas. Habita a Lapônia, uma terra distante e gelada, de pequenos duendes e paisagem imaculadamente branca, somente toldada pelos picos brilhantes dos montes e os galhos serenamente verdes dos pinheiros agrestes. E assim o Papai Noel se eterniza na imaginação de todos. ***************************
*************************
Em outra terra longínqua, numa pequena cidade chamada Belém, noite fria de inverno, um estábulo rústico acolheu um casal. Ela se chamava Maria e era mais doce que o mel dos oásis, olhos serenos de amor desmedido. Acompanhava o marido, homem maduro e nobre que vivia para ela, sabedor do ingente papel que o Senhor do universo a ambos reservara. Ela esperava um bebê, que traria a salvação para todos os homens sofridos.
E foi assim que, em meio a ovelhas e pastores, numa noite dourada em que uma estrela luminosa apontou o lugar para três reis de terras distantes, nasceu aquele menino. Um menino pobre, de negros cabelos como a noite sem lua, de olhos profundos e calmos a fitar a mãe amorosa e o pai tão distinto.
Este menino cresceu e veio a ser motivo de amor e ódio, de alegria e dor. E ela sentiu. como dissera Simeão, um punhal a lhe dilacerar o peito, quando viu o Filho maltratado e ferido. Os seus O crucificaram, preferindo absolver um criminoso, opção triste e infeliz, reveladora de que nem sempre o voto da maioria realiza o bem. ***************************
Mas Ele reviveu no terceiro dia. Estava, enfim, completada a sua magnífica e insondável obra de redenção dos homens.E bem depois, não se sabe ao certo, homens piedosos resolveram comemorar o seu nascimento, na Belém-Efrata abençoada há séculos pelo profeta Miquéias, pois este afirmou que de lá sairia o homem que iria governar a terra. São Francisco de Assis seria o primeiro a reproduzir tão significativa data com o presépio, representação naquela época simples e hoje estilizada, de tão maravilhoso evento. No entanto, tão veneráveis momentos estão sendo substituídos pelo consumismo desenfreado, a ponto de não mais se falar do aniversariante nos novos shoppings e lojas em neon, as catedrais da moda que substituíram os vetustos santuários.
Isso, obviamente, não impede que continuemos a nos irmanar e a festejar, mas sem esquecer o grande esquecido do mundo do consumo e das propagandas. Ele, Jesus, aniversariante por excelência, merecedor de todos os votos de parabéns e de felicidades, mesmo que deles não necessite.
*************************

*************************
Procuremos, no mais recôndito pedacimho de nossas almas, dar-lhe um abraço sereno, um aceno, um afago, no dia de seu aniversário. Ele, mais que ninguém, merece, pois se imolou por nós, num sacrifício sublime.
E que não esqueçamos jamais, nesses momentos de festas natalinas, que um divino Alguém bate à nossa porta. Podemos abri-la com amor e alegria. Ele entrará feliz, e cearemos juntos, num divino prenúncio do perene banquete com que serão brindados nos céus, aqueles que preferiram o valor inestimável de Sua palavra, deixando de lado um pouco as luzes convidativas do poder mundano e da posse material.
Vivamos com Ele esta realidade cristalina ditada pela fé, e lhe cantemos, depois dos Parabéns, o "Noite Feliz".
*******************************************************









segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

O Modernismo na Literatura Brasileira (Parte VII).

Monumento a Mário Quintana (sentado) e a Carlos Drummond de Andrade na Praça de Alfândega de Porto Alegre, obra de Francisco Stockinger.
*************************
Nas primeiras décadas do século XX, ocorreram no mundo profundas modificações políticas, científicas, econômicas, sociais, tecnológicas. A Literatura também sofreu esta influência. Como a arte reflete a sociedade e esta se modernizou, foi natural que as artes tivessem a mesma tendência. Alguns críticos acharam uma tendência para pior, principalmente na escultura e pintura, outros para melhor, mas...
Características do Modernismo:
- deixa de lado a arte tradicional;
- representação mais visual que de sentimentos;
- amor à rapidez no estilo, à atualidade, ao cotidiano;
- livre expressão literária.
A Semana da Arte Moderna em 1922 foi determinante para que a arte moderna se impusesse no Brasil. Mário de Andrade, Oswald de Andrade, Plínio Salgado, Guilherme de Almeida, Graça Aranha, Menotti del Picchia, Di Cavalcanti (pintura), Villa Lobos (música).
Foi um período de agitação cultural em que, na busca de modernidade, cometeram-se alguns excessos. Com o tempo o equilíbrio voltou e Manuel Bandeira definiu: Os modernistas procuram exprimir-se numa linguagem despojada de eloquência parnasiana, do vago do simbolismo, menos adstrita ao vocabulário e à sintaxe clássica portuguesa, menos presa aos ditames da lógica. Mas Ébion de Lima também concluiu que, com o desapreço às formas clássicas, na área da poesia verificou-se uma inflação de pseudo-poetas de versos soltos.
****************************
EXPOENTES DO MODERNISMO:
01 - Manuel Bandeira - (1886 Recife - 1968 Rio).
Obras: A cinza das horas, Carnaval, Libertinagem, Estrela da Manhã, Mafuá do malungo, etc.
"Eu faço versos como quem chora
de desalento, de desencanto.
Eu faço versos como quem morre..."
************************

02 - Guilherme de Almeida. (1890 Campinas - 1969 São Paulo). Obra: A dança das horas, Méssidor, A flauta que eu perdi, Meu, Encantamento, Simplicidade, Camoniana, etc.**************************************

03 - Menotti del Picchia. ( 1892 - 1988 São Paulo).
Obra: Juca Mulato, Máscaras, Dente de Ouro, Chuva de Pedra, Salmomé, etc. *************************

04. - Mário de Andrade (1893-1945 São Paulo). Obra:Paulicéia Desvairada, O Losango Cáqui, Clã de Jaboti, Amar, verbo intransitivo, Macunaíma, Poesia, etc. *************************

05 - Jorge de Lima (1895 Alagoas - 1953 Rio). Obra: Alexandrinos, Poemas, O mundo do menino impossível, A túnica inconsútil, Invenção de Orfeu, etc. *************************

06 - Cecília Meireles (1901 - 1964 Rio). Obra: Espectros, Balada para El rey, Viagem, Vaga Música, Mar absoluto, Romanceiro da Inconfidência, Romance de Santa Cecília, etc. *************************

07 - Carlos Drummond de Andrade (1902 Itabira MG - 1987 Rio). Obra: Brejo das almas, Sentimento do mundo, A rosa do povo, Poesias, Claro enigma, Confissões de Minas, Contos de Aprendiz, Fala, amendoeira.
"A tarde talvez fosse azul,
não houvesse tantos desejos...
De novo a estrela brilhará, mostrando
o perdido caminho da perdida inocência.
E eu irei, pequenino, irei luminoso
conversando anjos que ninguém conversa".
************************

08 - Oswald de Andrade (1890 - 1954 São Paulo).
Obra: Romances: Os condenados, Memórias sentimentais de João Miramar, Estrela de absinto, Serafim Ponte Grande, Marco Zero. Em poesia escreveu: Pau Brasil, Poesias reunidas, Primeiro caderno de poesias do aluno Oswald de Andrade, etc.
"Namoro: Vinham motivos como gafanhotos para eu e Célia comermos amoras em moitas de bocas. Requeijões fartavam mesas de sequilhos. Destinos calmos como vacas quietavam nos campos de sol parado. A vida ia lenta como poentes e queimadas. Um matinal arranjo desenvolto de ligas morenava coxas e cachos."

*************************
Mário Quintana (1906 Alegrete - 1994 Porto Alegre).
Obra: A rua dos cataventos, Canções, Sapato florido, Espelho mágico, O aprendiz de feiticeiro etc.
"Poesia, a minha velha amiga...
eu entrego-lhe tudo

a que os outros não dão importância nenhuma...
a saber:
o silêncio dos velhos corredores
uma esquina
uma lua
(porque há muitas, muitas luas...)
o primeiro olhar daquela primeira namorada
que ainda ilumina (ó alma),
como uma tênue luz de lamparina
a tua câmara de horrores.
E os grilos?...
Não estão ouvindo, lá fora, os grilos?
Sim,os grilos...
Os grilos são os poetas mortos."
*************************
10 - Graciliano Ramos (1892 Alagoas - 1953 Rio).
Obra: São Bernardo, Caetés, Vidas secas, Insônia, Infância, Memórias do cárcere, Viagem, etc.
*************************
11 - José Lins do Rego (Pará 1901 - 1957 Rio).
Obra: Menino de engenho, Doidinho, Banguê, Moleque Ricardo, Pedra bonita, Riacho doce, Água mãe, Fogo morto, Cangaceiro, etc.
*************************
12 - Érico Veríssimo (1905 Cruz Alta - 1975 Porto Alegre.
Obra: Clarissa, Caminhos cruzados, Música ao longe, Um lugar ao sol, Olhai os lírios do campo. Saga, O tempo e o vento, O resto é silêncio, Incidente em Antares, etc.
*************************
13 - José Guimarães Rosa (1908 Minas - 1967 Rio).
Obra: Sagarana, Corpo de Baile, Grande sertão: veredas, etc
*************************
14 - Rachel de Queirós (1910 Fortaleza - 2003 Rio). Acima, estátua de Rachel nua praça de Fortaleza.
Obra: O quinze, João Miguel, As três Marias, a donzela e a moura torta, O galo de ouro, Lampião, Beata Maria do Egito, etc.
*************************
15 - Jorge Amado (1912 Itabuna - 2001 Salvador).
Obra: O país do carnaval, Cacau, Suor, Jubiabá, Mar morto, Capitães de areia, Terras do sem fim, São Jorge dos Ilhéus, Seara Vermelha, Gabriela, cravo e canela, Dona flor e seus dois maridos, Os velhos marinheiros, etc.
*************************
16 - Lygia Fagundes Telles em foto de Novembro de 2010. Ela nasceu 1923 em São Paulo.
Obra: Contos: Porão e sobrado, Praia viva, O cacto vermelho, Histórias escolhidas, O jardim selvagem, Antes do baile verde, Seminário dos ratos, Filhos pródigos.
Romances: Ciranda de pedra, Verão no aquário, As meninas.
*************************
17 - Rubem Braga (1913 Cachoeiro do Itapemirim - 1990 Rio).
Obra: O conde e o passarinho, O morro do isolamento, Um pé de milho, Um homem rouco, A borboleta amarela, A cidade e a roça, Cem crônicas escolhidas, Ai de ti, Copacabana.
"...Mas que me seja permitido sonhar com outra vida e outro mundo, em que um homem batesse à porta do outro e dissesse: Vizinho, são três horas da manhã e ouvi música em tua casa. Aqui estou. E o outro respondesse: Entra, vizinho e come do meu pão e bebe de meu vinho. Aqui estamos todos a bailar e cantar, pois descobrimos que a vida é curta e a vida é bela,"...
*************************
18 - Clarice Lispector (1920 Ucrânia - 1977 Rio de Janeiro).
Romances: Perto do coração selvagem, O lustre, A maçã no escuro, Uma aprendizagem ou o livro dos prazeres, Água Viva, A hora da estrela, Um sopro de vida.
Contos e crônicas: Alguns contos, Laços de família, A legião estrangeira, Felicidade clandestina, A imitação da rosa, A Via-crucis do corpo, Onde estivestes de noite?, Visão do esplendor, Para não esquecer, A bela e a fera.
Livros infantis:
O mistério do coelhinho pensante, A mulher que matou os peixes, A vida íntima de Laura, Quase de verdade.
*************************
Eu não tinha este rosto de hoje,
assim calmo, assim triste, assim magro,
nem estes olhos tão vazios,
nem o lábio amargo.
Eu não tinha estas mãos sem força,
tão paradas e frias e mortas;
eu não tinha este coração
que nem se mostra.
Eu não dei por esta mudança,
tão simples. tão certa, tão fácil:
--Em que espelho ficou perdida
a minha face?
(Cecília Meireles).
******************************
O acendedor de lampiões.
Lá vem o acendedor de lampiões da rua!
Este mesmo que vem infatigavelmente,
parodiar o sol e associar-se à lua,
quando a sombra da noite enegrece o poente.
*************************
Um, dois, três lampiões acende e continua
outros mais a acender imperturbavelmente,
à medida que a noite aos poucos se acentua
e a palidez da lua apenas se pressente.
*************************
Triste ironia atroz que o senso humano irrita:
ele, que doira a noite e ilumina a cidade,
talvez não tenha luz na choupana que habita.
*************************
Tanta gente, também, nos outros insinua
crenças, religiões, amor, felicidade,
como este acendedor de lampiões da rua!
(Jorge de Lima).
*************************
Bibliografia: Curso de Literatura Brasileira de Ébion de Lima, Tomo III.
*********************************************************
Coleção Literatura comentada da Abril Cultural.
********************************************************