Roberto Rodrigues de Menezes.

Roberto Rodrigues de Menezes



quinta-feira, 31 de maio de 2012

TEATRO.


Fiquei a ver a marcha da tal CPI do Cachoeira. Aqueles parlamentares posudos, circunspectos, alguns nem tanto, a fazer perguntas aos convocados e estes, posudos, circunspectos, nada falarem em nome do "meu direito constitucional". Circo, pantomima, teatro de fantoches. E todos de terno e gravata, as senhoras de belos vestidos, alguns nem tanto, posudos e posudas. Só faltava o clássico nariz vermelho e redondo. E no que vai dar tudo isso? Em nada. E olha que todos ganham bem demais.
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Ainda a malfadada greve nos ônibus. Vou ter que ir ao médico de táxi, amanhã. O prolongamento desta greve, que tanto prejudica a população, é o insofismável atestado da absoluta incompetência:
- da Prefeitura de Floripa;
- das Empresas de ônibus;
- dos sindicatos de motoristas e cobradores;
- do Ministério e da Justiça do Trabalho.
Algo bem comum nas republiquetas de bananas.
Repito: As greves de ônibus, semestrais, aqui na minha Desterro, só vão deixar de acontecer se os partidos radicais de esquerda tomarem o poder na prefeitura. E a única forma de apaziguar o sindicato vermelho.
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Penso que as greves no Brasil, perdoem-me a expressão, "avacalharam", tamanha a ânsia de fazê-las e protestar. As PMs, que nada tem a ver com elas, são as instituições que mais se incomodam, embora eu reconheça que elas ficaram mais civilizadas quando a esquerda tomou o poder. O partido hegemônico investiu tanto nelas (e parece que deu certo), que    ficaram rasteiras, repetitivas, previsíveis, aporrinhando a paciência de meio mundo. Viraram cacoete político.   
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Uma senhora do Procon multou as empresas de ônibus  com penalidades de até seis milhões de reais. Algo irreal, que todos sabem inexequível, e ela toda posuda falando na tevê. Alguém acredita nela? Essas multas milionárias viraram moda. Nunca foram nem serão cobradas. E outra coisa: quem entrou em greve não foram as empresas.
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A tela da tevê não é confessionário nem divã. O que ali é dito tem intenção comercial. (Nivaldo Cordeiro, sobre o que disse Xuxa).
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O Estado está legislando sobre o que lhe dá na veneta, e invade a privacidade das famílias. É o mais refinado BBB. Orwell já adivinhara isso em 1948.
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Impressiona-me  o Lulla se considerar iluminado. Dá conselhos e recomendações a um ministro do STF, como se fosse o paizinho da república. Já vi isso em outros paises. Stalin era o paizinho dos russos. Lulla hoje personifica o atraso político, talvez adquirido da admiração por Fidel e por seguir o canastrão Chavez. O que ele fez com o ministro Gilmar Mendes é, no mínimo, tráfico de influência. E imaginem, para cima de um membro da suprema corte nacional. Lulla pode. Não quer ver julgado o mensalão, a tramoia-mor dos nossos quinhentos anos.
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Este Brasil frouxo e leniente precisa de um político diferente, como não há nenhum, que apresente projeto de lei regulamentando greve em serviços essenciais. A população não pode ficar à mercê de motoristas, bancários, professores, policiais, pessoal da saude. Quantos brasileiros já morreram por causa de greves na saude e segurança pública, por exemplo?  
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A ONU, organismo a serviço da esquerda internacional, recomendou ao Brasil a extinção de suas PMs. Isso porque existem alguns maus policiais que se transformaram em "milicianos". Como se todo o problema de direitos humanos aqui fosse culpa das PMs. Gente ruim existe em qualquer organização. Se assim fosse, talvez precisássemos extinguir o Congresso, Assembleias, muitos partidos e até o próprio governo. Se isso acontecer, recomendo ao governo federal que crie uma nova polícia à imagem do temido G-2, a polícia política cubana, cuja ação nefasta em relação ao povo cubano a ONU olimpicamente ignora.
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Em tempo: A greve acabou, finalmente. Vou poder ir ao médico de ônibus no Centro. Deo gratias. Preparemo-nos para outra em outubro. Ah, não outubro é a dos bancários.
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quarta-feira, 30 de maio de 2012

Contra toda esperança VIII.


Martha debaixo da chuva.
Todas as noites pensava na minha família e pedia a Deus que não deixasse o carcereiro me esmagar espiritualmente.
O 5 de setembro de 1962 amanheceu cinzento e chuvoso. Nos dias anteriores as chuvaradas tinham sido frequentes. Mal sabia eu que a visita mais importante da minha vida aconteceria ali, pois viria conhecer minha futura esposa. O esforço dela me tiraria do cárcere, 22  anos depois de preso.
Pelas onze horas da manhã a maioria dos familiares dos presos já estava dentro do presídio. Mas meus parentes e os de outros presos não apareciam. Saberíamos depois que dois dias antes, quando estavam a bordo do barco que os levaria do porto de Batabanó até a ilha de Pinos, foram obrigados a descer para que o barco transportasse soldados e mantimentos.
Estava angustiado quando um comerciante, Benito Lopez, preso unicamente por ter se manifestado contra o comunismo, chamou-me para me apresentar a família dele.
Apresentou-me a esposa e a filha mais nova, dizendo que eu o ajudara muito na prisão. Diante dos meus olhos estava uma linda garota de uns quinze anos. alta, elegante, de rosto gentil e meigo. Seus olhos refletiam uma vontade firme, misto de ternura e coragem. Perguntei sobre meus pais e minha irmã e eles me disseram que viriam, mesmo atrasados. Fiquei com eles, então, até que os meus chegassem.
De repente começou a chover e não tínhamos abrigo. Estávamos no pátio e os guardas não nos deixaram entrar. Ficamos logo encharcados. Depois de mil pedidos permitiram que fôssemos ao refeitório, mas já estávamos todos molhados. Martha e eu nos sentamos um diante do outro, numa mesa estreita. Ela estava com os cabelos escorrendo e usava um vestidinho claro já grudado ao corpo. Nossa conversa foi trivial, mas inesquecível para os dois. Era como se tivéssemos sido amigos a vida toda.  
Ela com quatorze anos e eu com vinte e quatro. Cansada, cruzou os braços sobre a mesa e se inclinou sobre eles. Logo adormeceu, enquanto seu futuro marido a olhava encantado. Talvez até, se meus parentes não estivessem atrasados, eu não a teria conhecido.
Quando ela acordou ficou meio sem jeito e me pediu desculpas. Rimos juntos, felizes.
Meia hora antes de terminar a visita chegaram minha mãe e minha irmã. Os carcereiros não permitiram que elas me entregassem um pacote, talvez com comida. Estavam molhadas, pois tinham feito a viagem debaixo de chuva.
Quando aquele militar subiu em uma das mesas e começou a gritar que todos fizessem silêncio,  eu sabia o que isso significava.
- Acabou a visita. Saiiindoooo!...    
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Armando Valladares foi condenado a 22 anos por Castro, em um julgamento farsa, por discordar do regime. Fundamentaram um processo sumário em que ele teria fabricado bombas e feito sabotagem. Já se iam 22 anos e nada de soltá-lo, como é comum em Cuba. Martha, a esposa, fez campanhas internacionais e Miterrand pediu que Castro o soltasse. Ele, já poeta consagrado, pois Martha publicara seus poemas no exterior, foi expulso do país natal e não pode voltar enquanto durar o regime do tirano abjeto. Naturalizado americano, foi embaixador de Ronald Reagan na ONU. Condena, apesar de católico, o colaboracionismo da Igreja em Cuba com o regime, apesar de Fidel não permitir que católicos, espécie de segunda categoria na ilha, exceto Frei Betto e Dom Arns, ingressem no Partido Comunista cubano.
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sábado, 26 de maio de 2012

Contra toda esperança VII.

De início os presos eram fuzilados nas estradas, sem qualquer julgamento.
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Os campos de "Reeducação".
É interessante assinalar que pela primeira vez em toda a História de Cuba, surgiu um verdadeiro levante camponês, com chefes e tropas.
Procurando seu extermínio, fuzilavam não apenas os que realmente entravam em luta, mas também os camponeses que atuavam como guias, correios e contatos. Os camponeses da região já discordavam em grande número do regime de Castro e os que não integravam as guerrilhas cooperavam com elas de várias maneiras. Aquelas terras são muito férteis e os camponeses plantavam bananeiras, tubérculos e todo tipo de frutos menores. Criavam porcos e aves em seus pequenos sítios e o governo considerava que era dessas fontes que os rebeldes se abasteciam. Para tirar-lhes o apoio, todas as famílias estabelecidas no Escambray foram desalojadas.Nos dias do desalojamento, caminhões do Instituto Nacional da reforma Agrária (Inra) e do Exército, cheios de tropas, paravam em frente às casas humildes e determinavam a saida. Só lhes permitiam levar roupas e objetos pessoais. As frutas, aves, porcos e gados foram confiscados. Destruiram as plantações, puseram fogo nas casas e a água dos poços foi envenenada. Mulheres e crianças foram separadas dos homens e levadas para Havana. As famílias amontoavam-se nas casas de Miramar, encarceradas. Informaram às mulheres que teriam que ir para o campo trabalhar na roça. As velhas cuidariam das crianças. 
Essa situação durou anos e em todo esse tempo jamais viram seus maridos, seus irmãos. As crianças em idade escolar foram separadas das mães e colocadas em escolas do governo para "reeducação".
Os homens foram levados até a península de Guanahacabibes, uma das regiões mais inóspitas de Cuba, a centenas de quilômetros de seus familiares. Esses camponeses jamais compareceram diante de um tribunal, não foram a julgamento, mas estavam presos. Foram ameaçados de fuzilamento se tentassem escapar do lugar onde foram colocados, e foram informados que seriam tomadas represálias contra os seus parentes, que os infelizes nem sabiam onde se encontravam. Foram obrigados a construir os campos de concentração Sandino 1, 2 e 3, que ainda existem.
Quando terminaram esses três campos, disseram a eles que iam construir uma cidadezinha, e que quando ela estivesse pronta, morariam lá com suas famílias.
Com essa ilusão, aqueles homens trabalharam dia e noite erguendo blocos de edifícios. Ao terminá-la, as mulheres e crianças foram levadas para lá, mas em condições miseráveis de vida. Desse modo, muito antes de existirem as aldeias estratégicas do Vietnã,  Castro já as havia posto em prática em Cuba. A primeira chamou-se Cidade Sandino e ainda existe.
O estrangeiro sabe muito pouco dessas cidadezinhas e da terrível tragédia daquelas famílias.  Os homens estiveram presos, obrigados a trabalhos forçados. No entanto, não há um papel, um documento, nada, para pelo menos cobrir a forma daquele despojo e do que aconteceu nos anos que se seguiram.
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Pode-se observar com meridiana clareza que os atos dos tiranos comunistas eram repetitivos ao longo do século vinte, quando tomavam o poder.  Desalojamento de camponeses, a tal "reeducação", trabalhos forçados, campos de concentração nos moldes nazistas, prisões políticas, tirania. Foi assim com Stalin na URSS, com os satélites soviéticos e os paises do leste europeu, com Mao na China, Pol Pot no Camboja, os Kim na Coreia do Norte, Ho Chi Mihn no Vietnã, etc, etc.
E o pior é que há uma cortina de fumaça, de desconhecimento calculado.  Os longos documentários das tevês em todo mundo só falam de Hitler, outro genocida. O comunismo é sabiamente ignorado e continua olimpicamente atuante, apesar de ser a ideologia mais deletéria que já grassou e ainda grassa na humanidade. O holocausto judeu é conhecido até no ensino fundamental. O holocausto ucraniano, promovido pelos comunistas russos, é desconhecido por todo mundo, com exceção de alguns raros estudiosos. E matou um milhão de pessoas a mais, de fome na maioria. Foi assim também na China. E esse pessoal continua mandando e rindo, adquirindo novas formas de poder, qual camaleão. Desde o início do século XXI enriqueceram.
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quinta-feira, 24 de maio de 2012

Contra toda esperança VI.

Doutor Velazco.
Eram constantes na Circular três, as buscas aos rádios que escondíamos, para contato com o exterior e mesmo as rádios cubanas, agora todas fiéis a Castro. Os guardas se amontoavam na saida e distribuiam baionetadas e correntadas às mãos cheias. Ás vítimas eram mandadas sair das celas sob uma chuva de golpes, protegendo a cabeça com as mãos. 
Lembro-me de uma revista na Circular 2. As escadas estavam tomadas pelos guardas, que batiam selvagemente nos presos que iam descendo. Já estávamos quase todos no térreo, restavam alguns retardatários. Entre eles o Dr. Velazco, um preso alto, negro, vestido com uniforme completo. Usava óculos redondos, pequeno, de lentes transparentes. Como sempre, ele andava da mesma maneira que falava, com parcimônia, pronunciando cada sílaba, imperturbável, lentamente. Nós do térreo pedíamos que se apressasse, para evitar que batessem nele. Ao chegar no último lance de escada, com seu inseparável leque de papelão, com que costumava se abanar tranquilamente, os guardas descarregaram uma série de pancadas furiosas nas costas dele. O Dr. Velazco não movia um só músculo, como se as costas que recebiam o castigo não fossem suas. Ergueu-se um rugido de indignação:
- É o médico, gritávamos, não batam mais nele. Apesar das pancadas, o doutor não se apressou em descer as escadas, deixando os guardas furiosos. E um deles, que estava no segundo andar, jogou-se para trás, projetou metade do corpo fora do corrimão, segurando-se com uma das mãos e com a outra, com a qual brandia um facão, deu-lhe uma última pancada com a lâmina de prancha. Ele sentiu, mas não gritou. Aproximamo-nos dele e, com o seu falar parcimonioso, disse-nos que não tinha importância.... E procurou um lugar junto da torre, colocou ali seu banquinho e sentou abanando-se. Eu tinha certeza de que suas costas ardiam, queimadas como deveriam estar a pele e a carne pelas pancadas. Mas ele se manteve imperturbável.
Em princípios de 1961 começaram a afluir ao presídio prisioneiros pertencentes aos rebeldes que, em numerosos focos de revoltosos, operavam em Escambray. Através deles ficamos conhecendo detalhes da gigantesca operação que o governo havia desencadeado: mais de 60 mil efetivos participaram do se chamou limpeza" de Escambray".
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quarta-feira, 23 de maio de 2012

Contra toda esperança V.


Suicídio:
Cajigas era um camponês da região montanhosa de Escambray, cenário de levantes contra Castro desde 1960. Vários dos filhos desse ancião somaram-se aos grupos daqueles que combatiam o comunismo. Unicamente por essa causa, porque seus filhos estavam lá e não tinham conseguido apanhá-los,  prenderam o velho Cajigas, pensando que assim os rapazes se entregariam.  Depois de interrogá-lo, tentando conseguir informações sobre os contatos e os acampamentos dos revoltosos, Cajigas foi preso na ilha de Pinos. Mas na tortura a que foi submetido os interrogatórios perturbaram-lhe as faculdades mentais. Levaram-no para La Campana, lugar de Escambray utilizado para fuzilar os que se opunham a Castro. E lá fingiram fuzilar o velho com balas de festim. A mente dele não suportou e ele desequilibrou de vez. Na loucura de Cajigas havia uma ideia fixa, obsessiva: ver os filhos. E constantemente aproximava-se das grades da entrada chamando-os:
- Quero ver meus filhos!... Quero ver meus filhos!...
Um dia, um dos guardas teve a ideia de dizer a ele que seus filhos tinham sido fuzilados:
- Ouviu, velho, fuzilamos os teus filhos, para de encher a paciência! Estão bem mortos!...
Então, Cajigas agarrou-se aos barrotes chorando.  Chamaram o major para ir buscá-lo e levá-lo para a cela. O velho tinha as mãos crispadas ao redor dos barrotes e foi preciso arrancá-lo dali à força. O guarda avisou ao oficial que Cajigas havia rompido o silêncio e desobedecido às ordens. Sem explicação, enfiaram-no na solitária de castigo. 
Na manhã seguinte, quando o militar passou fazendo a chamada, o cadáver de Cajigas balançava lugubremente. Havia se enforcado com as próprias calças!
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Armando Valladares, o autor do livro Contra toda a esperança, esteve preso em Cuba por 22 anos pelo crime de se opor a Castro. Arranjaram-lhe um julgamento farsa, como tantos que ocorreram desde que o tirano tomou o poder. Expulso de Cuba após cumpridos dois anos a mais que a sentença, por pressão internacional, hoje ele vive nos Estados Unidos. 
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terça-feira, 22 de maio de 2012

Contra toda esperança IV.

O presídio dos fantasmas.
Foram nos chamando um a um até o balcão que nos separava dos guardas, onde se faria o inventário dos nossos pertences, do pouco que trazíamos: algumas latas de conserva, remédios, pasta dental, sabonete, roupa de baixo. E começou o saque. Tiraram-nos tudo o que tinha valor ou que os agradava. Meu relógio chamou a atenção do tenente Paneque, que quase destroncou meu pulso ao arrancá-lo. Eram abutres repartindo o botim. Com descaramento sem limites, discutiam pela posse de um par de meias, aparelho de barbear, uma caneta. Eu tinha um crucifixo, presente de um amigo. Paneque arrancou-o com fúria do meu pescoço, atirou-o ao chão, pisotearam-no.  A cruz em pedações ficou no chão. De repente, do outro lado soaram risadas, exclamações indignadas e o preso que protestava atacou a socos um guarda. Vários outros caíram em cima dele. O preso se debatia, mordia, arranhava, até que as pancadas o fizeram cair ao chão, a cabeça quebrada e o rosto empapado pelo sangue que lhe saía pelo nariz. Ao começar o tumulto, os demais guardas que nos rodeavam retrocederam imediatamente, manipulando fuzis e metralhadoras, ameaçando-nos com nervosismo. Estavam temerosos de homens desarmados e nus. Senti que crescia diante daquela turba que mal podia segurar as armas, tanto lhes tremiam as mãos.
Imediatamente levaram embora o infeliz que havia atacado o guarda. Depois soubemos que este guarda, ao virar as coisas do preso sobre o banco, durante a revista, pegara uma foto da mãe dele. Insolente, com a foto na mão, perguntou ao preso em que prostíbulo aquela mulher trabalhava. Cego de ira, com lágrimas de fúria nos olhos, o preso saltou sobre o ofensor. Aquela mãe não podia imaginar que o filho estava quase morto por querer defendê-la. Senti uma profunda admiração por aquele homem e pensei nas mães que nunca mais veriam seus filhos. Pensei nas mães dos fuzilados e prometi ser digno dos meus entes queridos, que sofriam por mim.
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Aquela porta abria-se para um mundo alienante do qual muitos que ali estavam entrando não sairiam. Passamos pelos edifícios 5 e 6, enormes, de cinco andares de altura  e forma retangular. No centro de tudo um refeitório circular que podia abrigar cinco mil presos ao mesmo tempo.
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Daqueles homens, o que podia ter mais tempo de prisão não passava de dois anos. Um arrepio me percorreu a espinha. Eu não resistiria a vinte. Mas fiquei vinte e dois.
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Por fim, abriram a grade de entrada, depois de nos contar várias vezes. Eu iria cumprir, se vivesse, vinte anos e não sabia ainda que crime tinha cometido, a não ser o que tinham determinado para mim. Aquilo tudo parecia um circo romano. Todos falando e gritando ao mesmo tempo. Boitel, Carrion e eu contemplávamos a cena atordoados, aquele mundo absurdo onde tudo tinha uma dimensão diferente.
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Mais tarde Armando Valladares, católico, repudiou por escrito carta de Dom Paulo Evaristo Arns a Fidel, em que o prelado brasileiro afirmava ser a revolução cubana o sinal do reino dos céus.
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sábado, 19 de maio de 2012

Contra toda esperança III.

Ilha de Pinos.
Os alto-falantes do presídio berravam que duzentos prisioneiros seriam transferidos para a ilha de Pinos, a sudoeste de Cuba. Estávamos aterrorizados. Lá imperava o terror das torturas e execuções e não havia visitas. Escutei meu nome e saí para arrumar as minhas coisas. Pedro Boitel e Alfredo Carrion também. Pedro, de compleição frágil, quase não podia com o seu saco. Usava um crucifixo grande, presente de um padre católico, que o acompanhou em sua candidatura a presidente da Federação Estudantil Universitária, à qual teve que renunciar, ameaçado por Castro pessoalmente, pois Boitel era um anti-comunista ativo. Ele passou então à clandestinidade até ser capturado pela polícia política.
Saímos em ônibus expropriados pelo governo. Chegamos ao acampamento militar de Columbia, onde aviões de transporte de gado iriam nos levar à ilha. O avião não tinha assentos e estava repleto de excrementos. Tivemos que sentar no chão, emporcalhando-nos todos, vigiados por guardas muito bem armados.
O piloto subiu com dois guardas escoltando-o. Já naquela época, como hoje, todos os voos nacionais saíam com dois soldados de escolta e a cabine do avião era blindada.
Ao chegarmos, enquanto descíamos do avião os militares começaram a gritar desaforos. A maioria eram negros e não pareciam cubanos. Do pescoço pendiam-lhes colares de sementes e contas coloridas nas boinas.
Aquilo era horroroso. Os presos se moviam como animais assustados. Eu pelo menos me sentia assim e o medo se apoderara de todo meu ser.  Muito havíamos ouvido falar dos horrores do presídio, dos trabalhos forçados nas pedreiras, das arrepiantes requisições, nas quais muitos prisioneiros acabavam mortos e centenas feridos a baioneta. Os carcereiros gostavam de ver os presos nus, com a porta da cela soldada, usando como cama o chão frio e duro. Quem conseguisse controlar a mente e não saisse de lá com as faculdades mentais abaladas, quase sempre saía com os pulmões destruídos, tuberculoso...
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A partir de 1978 Fidel mudou o nome da ilha de Pinos, que passou a se chamar ilha da Juventude.
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terça-feira, 15 de maio de 2012

Contra toda esperança II.


Armando Valladares, exilado cubano. 
O ano do Paredon.
A luta do povo cubano tratando para que o comunismo não se consolidasse incrementava-se dia a dia. Vorazes incêndios consumiam grandes depósitos e lojas da capital. Centenas de hectares de semeadura de cana-de-açúcar eram pasto das chamas e as noites cubanas eram iluminadas por aquelas gigantescas fogueiras. As bombas demoliam redes telefônicas e elétricas, descarrilavam os trens; os entrechoques armados entre os patriotas e as forças repressoras, nas cidades e nas montanhas, eram constantes.
À medida que a resistência aumentava também aumentava o terror do governo. Diante dos pelotões caíam culpados e inocentes. Nas montanhas, quando as tropas de Castro prendiam os patriotas, eram fuzilados no local da captura e os médicos forenses abriam-lhes o abdômen para tentar localizar o restante dos revoltosos, guiando-se pelos tipos de alimentos que tivessem no estômago. 
Em toda ilha os pelotões de fuzilamento não cessavam de executar. Naqueles dias, o capitão Antonio Nuñes Jimenez declarou que, dali por diante, o ano de 1961, que havia sido cognominado pelo governo como o "ano da educação", iria se chamar o "ano do paredon". E sua predição foi correta.
Os condenados à morte, ao sair do julgamento, não voltavam para os pavilhões. Eram levados para celas pequeninas, situadas no final da galeria 22, onde se alojavam os militares do exército revolucionário acusados por roubo, drogas e outros crimes comuns. Esses presos ficavam separados dos outros pelo pequeno pátio rodeado por altas grades, que constituía o rastilho da fortaleza e evitava o contato físico com eles; mal podíamos vê-los do nosso pátio.
Os condenados à morte eram confinados naquelas celas individuais. Para chegar-se a elas tinha-se que passar ao longo do pavilhão dos presos comuns militares. Durante este percurso, acompanhados pelo escolta, com as mãos amarradas às costas,  eram insultados e recebiam todo tipo de humilhações por parte daqueles criminosos comuns, que tentavam talvez ganhar méritos com a guarnição, ou que canalizavam realmente o seu ódio contra os que enfrentavam a revolução que muitos deles apoiavam. Mas nem sempre eram apenas os poucos instantes de passagem pelo pavilhão que eram aproveitados pelos delinquentes comuns para agredir e humilhar os condenados à morte. Havia os que se punham a segui-los até as celas,  às quais tinham acesso, e lá continuavam a ofendê-los, negando-lhes nas últimas horas a paz e o recolhimento que lhes permitissem rezar, recordar a vida, meditar. As autoridades não ocultavam seu beneplácito neste procedimento e, quando havia prisioneiros políticos nas celas da morte, distribuíam bebidas alcoólicas aos presos comuns, para que entoassem a "Internacional" e festejassem o triunfo da revolução.
Muitos dos condenados à morte, longe de se  sentirem derrubados ou amedrontados com tanta maldade, respondiam com arengas políticas e denunciavam o marxismo diante daquela chusma.
Quando o esquadrão de guardas os conduzia ao paredão de fuzilamento, ao passar pelo pavilhão 22, eram despedidos com gritos de "Viva Fidel, viva a revolução".
Desde que a caminhonete com os componentes do pelotão de fuzilamento passava a entrada que leva aos porões, escutava-se o inconfundível ruido do motor nos pavilhões e nas celas dos condenados, que percebiam aproximar-se o momento decisivo. Lembrávamos seus filhos órfãos, a viuva, a mãe transida de dor. Também nos assaltava a ideia de que o próximo poderia ser um de nós.
No tablado, diante dos sacos de areia, os refletores iluminando tudo... Levantavam os fuzis e um relâmpago ensurdecedor ecoava por todos os porões. Depois do tiro de misericórdia alguém sempre soluçava. Houve noite de dez, doze fuzilados. Foi então que Deus começou a se tornar um companheiro constante para mim, e a perspectiva da morte era uma porta para a vida eterna, um passo das trevas para a luz eterna.
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Agradeço ao amigo Anatoli pelo comentário pertinente. Continuarei postando assuntos relevantes deste livro;
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sábado, 12 de maio de 2012

Os Evangelhos.


(Batismo de Jesus Cristo por João Batista no rio Jordão).
Os Evangelhos, que podemos chamar de biografias de Jesus Cristo, foram escritos por Mateus, Marcos, Lucas e João e compõem os primeiros quatro dos vinte e sete livros do Novo Testamento. Evangelho é uma palavra de origem grega que significa Boa Nova. Nos quatro livros são narradas a vida, paixão (sofrimento), morte e ressurreição de Cristo, o Messias do Cristianismo.
Mais que um livro, o Evangelho é a transcrição da palavra pregada por Cristo no decorrer, principalmente, de sua vida pública, iniciada com sua presença nas bodas de Caná até sua ascensão aos céus (os seus últimos três anos de vida terrena).
Os três primeiros Evangelhos, escritos por Mateus, Marcos e Lucas, são chamados sinóticos, convergentes, assemelhando-se mais entre si, não perdendo porém, cada autor, a sua originalidade. Não contêm eles também pontos de divergência. O Evangelho de João costuma ser apresentado à parte por ser de maior profundidade teológica, mas também coerente e harmônico com os três sinóticos.
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Evangelho de Mateus:

Mateus (também chamado Levi) cobrador de impostos em Cafarnaum, redigiu seu Evangelho em aramaico (um dialeto do hebraico), por volta do ano 60. Mateus escreve na Palestina para leitores judeus e seu texto faz várias citações do Antigo Testamento, tendo chegado até nós na sua tradução para o grego. O símbolo do Evangelho de Mateus é uma figura humana, ou anjo, porque o início de sua obra expõe a genealogia de Jesus.
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Evangelho de Marcos:
Chamado João Marcos, discípulo de Pedro e companheiro de Paulo em sua primeira viagem missionária. Marcos faz um apanhado do que lhe contou Pedro, testemunha ocular e conhecedor de minúcias e detalhes da vida de seu Mestre. O texto apresenta Jesus para os ainda não convertidos. O símbolo do texto de Marcos é o leão, porque começa com a pregação de João Batista no deserto, onde havia leões.
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Evangelho de Lucas:
De origem grega, companheiro das missões de Paulo, Lucas também escreveu os Atos dos Apóstolos pouco antes do ano 70. Seu Evangelho, portanto, é anterior a esta data. Lucas escreve para os pagãos, apresentando Jesus sob um aspecto mais atraente e comovedor. O símbolo do Evangelho de Lucas é o touro, porque começa com o anúncio do anjo a Zacarias no templo, onde havia sacrifícios de animais, entre os quais o touro. Neste anúncio, um anjo avisa ao sacerdote que sua mulher Isabel terá um filho, a quem porão o nome de João Batista, que preparará as veredas do Messias.
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Evangelho de João:
Companheiro de Jesus, irmão de Tiago e filho de Zebedeu. Foi um dos mais íntimos discípulos, responsável pelos cuidados devidos a Maria após a morte e ressurreição de Cristo. João compôs sua obra nos últimos anos do primeiro século da nossa era, mais de trinta anos após a redação dos três primeiros. Dá ênfase à divindade do Messias. Seu Evangelho foi feito para os cristãos e apresenta Jesus como:
- a água da vida eterna.
- o pão vivo descido dos céus.
- a luz do mundo.
- o bom pastor.
- o caminho, a verdade e a vida.
- a vida eterna.
O símbolo do Evangelho de João é a águia, porque em seus escritos ele voa mais alto que os outros em suas reflexões sobre a divindade de Cristo.
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Súmula elaborada com base na Bíblia Sagrada Ave Maria, tradução dos originais hebraico e grego feita pelos pelos Monges de Maredsous, na Bélgica. Edição revisada por frei João José Pedreira de Castro, OFM, e pela equipe auxiliar da Editora Ave Maria - São Paulo - SP (Edição Claretiana 2002).
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Que neste domingo de maio as mães sejam felizes junto a seus filhos. São criaturas maravilhosas.
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quinta-feira, 10 de maio de 2012

Contra toda esperança.

Armando Valladares, exilado cubano, preso por vinte anos somente por não se dizer comunista. Uma das milhares de vítimas de Castro. Conseguiu sair com vida das masmorras políticas do ditador, por pressão internacional. A foto acima é da época de sua prisão.

Armando é autor do best-seller "Contra toda esperança", que não entra no Brasil, pois é um grito contra Castro.
Abaixo transcrição do capítulo três, do livro que no Brasil só existe na Internet.
3. Morte após morte.
Treze dias tinham se passado desde a madrugada em que fui tirado de minha casa e levado à delegacia. Neste curto espaço de tempo a Polícia Política preparou todo o processo. Era impossível realizar uma investigação sumária, mas eles já tinham definido o processo. Tive advogado, mas não pude conversar com ele a sós e ele não teve acesso ao sumario. Numa grande mesa os membros do tribunal conversavam e fumavam charutos, rindo ao estilo dos valentões. Todos vestiam fardas militares, embora fossem camponeses e operários. Ao começar o julgamento, o presidente do tribunal, Mário Taglé, colocou as pernas em cima da mesa, forçou para trás a cadeira reclinável e abriu uma revista em quadrinhos.
As sentenças já vinham decididas e redigidas da sede da polícia política. Dissesse o que dissesse, fizesse o que fizesse, a sentença não mudaria.
O promotor chamou o chefe do grupo que me deteve em minha casa.
- O senhor efetuou a prisão do acusado?
- Sim, e fizemos uma revista na casa dele, mas nada encontramos.
- Cale-se e só responda o que lhe for perguntado.
Havia poucos espectadores militares presentes. Meus familiares não tinham acesso.
O promotor me interrogou:
- Então você está de acordo com esses padres que redigem pastorais contra-revolucionárias?
- Eu nada tenho a ver com isso. 
- Mas as investigações dizem que você tem muito relacionamento com padres e estudou em colégio católico.
- Fidel estudou num colégio de jesuitas.
Ao presidente do tribunal ele disse que eu havia cometido o crime de estragos e sabotagem. Depois supostamente recitou um número de artigos que seriam as sanções que eu merecia.
Nem então, nem depois, porque durante vinte anos continuei perguntando, nenhuma autoridade pôde me dizer onde cometi delito de estragos. Nada de concreto, palpável. Perguntei ao promotor onde, em que fábrica, eu teria construido bombas, incêndio, qualquer ato de sabotagem, pois era por isso que eu estava sendo condenado. Ele não respondeu, porque nunca fiz nada parecido. Era como se eu tivesse assassinado um fantasma. Nenhum tribunal num regime de direito poderia me condenar. Mas quem mandava era a polícia política.
Em algumas ocasiões,  os presos que tinham relacionamento com advogados, muito próximos da polícia política, podiam saber, antes da realização do julgamento, a pena que receberiam no tribunal.  Foi precisamente um contato como esse que permitiu à velha mãe do comandante Humberto Sorin Marin saber que seu filho, um dos homens mais próximos de Castro, ia ser fuzilado, acusado de conspiração.
Sorin Marin foi um dos mais estreitos colaboradores de Castro. Lutou ao lado deste nas montanhas e fez parte do seu estado maior. Fez e assinou a lei da reforma agrária. Castro costumava almoçar de vez em quando na casa de Sorin Marin, atraido pela excelente cozinheira que era a mãe dele.  Por isso a senhora Marin, quando soube que seu filho ia ser fuzilado, transida de dor foi falar com Castro.



O encontro foi dramático. A velha abraçou chorando o líder revolucionário, que lhe acariciava a cabeça venerável:
- Fidel, eu te suplico que não matem meu filho. Faz isso por mim!
- Acalme-se. Não vai acontecer nada com Humberto, eu prometo.
E a mãe de Sorin, louca de alegria, ainda com os olhos cheios de lágrimas, beijou Fidel e foi correndo comunicar à família que tinha conseguido. O passado comum de ambos não podia ser esquecido.
Na noite seguinte, por ordem expressa de Castro, Humberto Sorin Marin foi fuzilado.
Os homens que lutaram com Castro para estabelecer a democracia foram enganados. Alguns fugiram do país, outros voltaram a empunhar armas ou participaram de planos conspiradores. Já os oficiais e policiais do regime deposto, acusados de crimes que em muitos casos não foram comprovados, foram todos fuzilados.
Aqueles eram os dias em que um grupo de senhoras, vestidas de preto, penetrava nos pavilhões, aguçando a vista, perscrutando rostos... bastava que uma daquelas mulheres levantasse o indicador para acusar alguém...
- Esse!... Foi esse que matou meu filho!...
Aquele testemunho, sem qualquer comprovação, era o suficiente. O preso era fuzilado. Esta situação se prestou a vinganças pessoais, sem nenhum vínculo real com fatos criminosos. Nos primeiros dias de janeiro 21, exatamente, em uma manifestação diante do palácio presidencial, Castro declarava:
- Os esbirros que estamos fuzilando não passarão de 400...
. No entanto, muitos mais já haviam caido diante dos pelotões, naqueles dias de barbárie e morte.

Preso cubano no momento da execução pela policia política de Castro, o temido G-2.
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Meu cunhado Juarez Amaral, pastor evangélico, me comunica que parte do clero de Cuiabá-MT tenta pressionar o Arcebispo daquela capital, Dom Milton Antônio dos Santos, e a CNBB, para que o padre Paulo Ricardo de Azevedo Junior seja afastado de suas atividades de magistério e dos meios de comunicação. O motivo é o programa dele na Internet, que postei em meu blog no dia 31 de março de 2012, onde ele critica os teólogos da corte de Brasília. Uma pena. A Igreja vermelha está crescendo cada vez mais no seio da Igreja Católica latino-americana. Seriam os seminários?...
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terça-feira, 8 de maio de 2012

O AMOR À PÁTRIA


Até o começo da década de 80, nenhum brasileiro, por mais esquerdista que fosse, ignorava que havia uma revolução comunista em curso no Brasil, que essa revolução sempre tivera respaldo estratégico e financeiro de Cuba e da URSS, que ela havia atravessado maus bocados em 1964 e tentara se rearticular mediante as guerrilhas, sendo novamente derrotada. 
Mesmo o mais hipócrita dos comunistas, discursando em favor da "democracia", sabia perfeitamente a nuance discretamente subentendida nessa palavra, isto é, sabia que não lutava por democracia nenhuma, mas pelo comunismo cubano e soviético, segundo as diretrizes da Conferência Tricontinental de Havana. 

Passada uma geração tudo isso se apagou.
A juventude, hoje, acredita piamente que não havia revolução comunista nenhuma, que o governo João Goulart era apenas um governo normal eleito constitucionalmente, que os terroristas da década de 70 eram patriotas brasileiros lutando pela liberdade e pela democracia. 

No Brasil, a multidão não tem memória própria.
Sua vida é muito descontínua, cortada por súbitas mutações modernizadoras, não compensadas por nenhum daqueles fatores de continuidade que preservam a identidade histórica, melhor conhecida e cultivada no meio militar. 

Não há cultura doméstica, tradições nacionais, símbolos de continuidade familiar.
A memória coletiva está inteiramente a mercê de duas forças estranhas: a mídia e o sistema nacional de ensino. 
Quem dominar esses dois canais mudará o passado, falseará o presente e colocará o povo no rumo de um futuro fictício. 
 Olavo de Carvalho - Filósofo e Cientista Político 
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Fui ao velório do filho de um amigo e tive que entrar em Floripa às oito da manhã, já que moro no continente. Santa mãe, que trânsito horroroso. Gente com carros potentes, belos, mas tudo rodando como se fosse carroça. Se isso continuar, vai chegar um momento em que todos sairão dos carros e continuarão a pé. A isso chamamos de qualidade de vida.
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Vereadores de Recife no CQC da Band: 60% de aumento de salários, 15.000 de auxílio paletó, 2.000 de auxílio comida, 23 assessores... E isso vale para todas as Câmaras municipais, assembleias e congresso nacional. Resolvi não votar em mais ninguém, pois não quero coonestar estas patifarias. Acho que o TRE podia me liberar, já que continua esta barbárie de voto obrigatório. 
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sexta-feira, 4 de maio de 2012

Jantar de confraternização.


JANTAR  DE  CONFRATERNIZAÇÃO 
Um grupo de amigos de 50 anos de idade discutia para escolher o restaurante onde iriam jantar.

Finalmente decidiram-se pelo Restaurante Tropical porque as GARÇONETES eram gostosas e usavam mini-saias e blusas muito decotadas.



Dez anos mais tarde, aos 60 anos, o grupo reuniu-se novamente e mais uma vez discutiram para escolher o restaurante. Decidiram-se pelo Restaurante Tropical porque a comida era muito boa e havia uma excelente carta de vinhos.


Dez anos mais tarde, aos 70 anos, o grupo reuniu-se novamente e mais uma vez discutiram para escolher o restaurante. Decidiram-se pelo Restaurante Tropical porque lá havia uma rampa para cadeiras de rodas e até um pequeno elevador....

Dez anos mais tarde, aos 80 anos, o grupo reuniu-se novamente e mais uma vez discutiram para escolher o restaurante. Finalmente decidiram-se pelo Restaurante Tropical.Todos acharam que era uma grande ideia porque nunca tinham ido lá antes...



Tá rindo??!!



Tua vez vai chegar...
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remetido pelo amigo Jacomino. 
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quinta-feira, 3 de maio de 2012

Reunião de demônios.


Dizem que Satanás convocou uma Convenção Mundial de Demônios. Em seu discurso de abertura, ele disse:
- Não podemos impedir os cristãos de irem à igreja. Não podemos impedi-los de ler a sua Bíblias e conhecerem a Verdade. Nem mesmo podemos impedi-los de formar um relacionamento íntimo com o seu Salvador. E, uma vez que eles ganham essa conexão com Jesus, o nosso poder sobre eles está quebrado. Então vamos deixá-los ir para suas igrejas, vamos deixá-los com os almoços e jantares que nelas eles organizam. Mas... vamos roubar-lhes o TEMPO que têm, de maneira que não sobre tempo algum para desenvolver um relacionamento com Jesus Cristo. O que eu quero que vocês façam é o seguinte: distraiam-nos, a ponto de que não consigam aproximar-se do seu Senhor.
- Como vamos fazer isso? - gritaram os seus demônios.
Ele respondeu-lhes:
- Mantenham-nos ocupados nas coisas não essenciais da vida, e inventem inumeráveis assuntos e situações que ocupem as suas mentes.
- Tentem-nos a gastarem, gastarem, e tomar emprestado, tomar emprestado.
- Persuadam as suas esposas a irem trabalhar durante longas horas, e os maridos a trabalharem de 6 a 7 dias por semana, durante 10 a 12 horas por dia, a fim de que eles tenham capacidade financeira para manter os seus estilos de vida fúteis e vazios.
- Criem situações que os impeçam de passar algum tempo com seus filhos.
- À medida que suas famílias forem se fragmentando, muito em breve seus lares já não mais oferecerão um lugar de paz para se refugiarem das pressões do trabalho.
- Estimulem suas mentes com tanta intensidade que eles não possam mais escutar aquela voz suave e tranquila que orienta seus espíritos.
- Encham as mesinhas de centro de todos os lugares com revistas de fofocas.
- Bombardeiem as suas mentes com notícias, 24 horas por dia.
- Invadam os momentos em que estão dirigindo, fazendo-os prestar atenção a cartazes chamativos.
- Inundem as suas caixas de correio com mensagens totalmente inúteis, catálogos de lojas que oferecem vendas pelo correio, loterias, bolos de apostas, ofertas de produtos gratuitos, serviços e falsas esperanças.
- Mantenham lindas e delgadas as modelos nas revistas e na TV, para que seus maridos acreditem que a beleza externa é o que é importante e eles se tornarão mal satisfeitos com suas próprias esposas.
- Mantenham as esposas demasiadamente cansadas para amarem seus maridos à noite, e dê-lhes estresse, desconforto e dor de cabeça também. Se elas não derem a seus maridos o amor que eles necessitam, eles então começarão a procurá-lo em outro lugar, e isto, sem dúvida, fragmentará as suas famílias rapidamente.
- Dê-lhes Papai Noel, para que esqueçam a necessidade de ensinar aos seus filhos o significado do Natal.
- Dê-lhes o Coelho da Páscoa, para que eles não falem sobre a Ressurreição de Jesus Cristo e do Seu poder sobre o pecado e a morte.
- Até mesmo quando estiverem se divertindo, se distraindo, que tudo seja feito com excessos, para que, ao voltarem dali, estejam exaustos.
- Mantenha-os de tal modo ocupados que nem pensem em caminhar na natureza, e assim não reflitam na criação de Deus. Ao invés disso, mande-os somente aos parques de diversão, acontecimentos esportivos, peças de teatro, concertos e ao cinema. Mantenha-os ocupados, ocupados.
- E, quando se reunirem para um encontro, ou mesmo uma reunião espiritual, envolva-os em mexericos e conversas sem importância, para que, ao saírem, o façam com as consciências pesadas.
- Encham as vidas de todos eles com tantas causas nobres e importantes a serem defendidas, para que eles se achem importantes, poderosos, mais capazes que o seu Deus.
- Muito em breve eles estarão buscando em suas próprias forças as soluções para seus problemas e causas que defendem, sacrificando sua saúde e suas famílias pelo bem da causa.
- Isto vai funcionar! Vai funcionar!
Os demônios ansiosamente partiram para cumprir as determinações do Chefe, fazendo com que os cristãos, em todo o mundo, ficassem mais ocupados e mais apressados, indo daqui para ali e vice-versa, tendo pouco tempo para Deus e para suas famílias, finalmente esquecendo-se do seu Deus.
(Texto de Raquel Nascimento Pereira, remetido pelo amigo Anatoli).
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terça-feira, 1 de maio de 2012

As veias abertas da América Latina. Parte III.



Fernando Henrique Cardoso.
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Chegamos, senhores leitores, aos últimos três livros do decálogo "As veias abertas", que não faltará nunca na biblioteca do perfeito idiota latino-americano. 


8) Dependência e desenvolvimento na América latina, de FHC eEnzo Faletto (1959).
Este breve manual de apenas duzentas páginas, foi lido por muitos universitários da América Latina como obra clássica. Pelo modelo econômico que Fernando Henrique adotou mais tarde, como presidente do Brasil, pode-se constatar que ele realmente estava certo quando disse para não darem muita importância ao que ele escreveu quando jovem. Houve uma profunda mudança para melhor no entender a América Latina na mentalidade desse sociólogo. Afirmam os autores no livro que as decisões que afetam a produção e o consumo de uma dada economia são tomadas em função da dinâmica e dos interesses das sociedades desenvolvidas. Os países sub-desenvolvidos, numa economia global, constituem a periferia do mundo, sempre subordinados ao "centro", que determina as funções que cumprem estas economias sub-desenvolvidas no mercado mundial". Acho que podemos parar por aqui. Nosso Fernando Henrique fez tudo ao contrário ao assumir a presidência do Brasil, e considero que com correção. Tanto que tanto Lula como Dilma o seguiram e seguem na condução da mesma política econômica, cujo reparo faço ao assistencialismo deslavado que impede a qualificação e o saber, mas que mantém milhares de pessoas como massa cordata de manobra e de  vitória em eleições.
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9)) Para uma Teologia da Libertação, de Gustavo Gutierrez.
Esta tal de teologia, verdadeiro castigo que tornou a igreja católica mais guerrilheira do que precisava, e colocou o pão na frente da palavra de Deus, se espalhou na América Latina e esvaziou suas igrejas. Era o que precisavam as seitas pentecostais para acolher católicos aos milhares (de fita, reconheço), mais preocupados em louvar a Deus que ver em qualquer pessoa mais humilde o eterno excluido e oprimido. 
Os cantadores protestavam contra as injustiças, os pacifistas contra a guerra, os hippies contra a sociedade de consumo, os estudantes contra as universidades não engajadas. Naturalmente, a Igreja Católica não estava alheia a este processo e precisou também protestar. O Concílio Vaticano II começou a mudar os rumos da Igreja, antes mais preocupada em guiar seu rebanho para a conquista do céu. E por isso ela se declarou peregrina e companheira da sociedade na luta para construir um mundo melhor. Já dentro deste espírito combativo, o sacerdote Camilo Torres morreria lutando junto às Farc, a guerrilha narco-comunista.
O Concílio declararia o "aggiornamento" da missão pastoral. O jovem sacerdote peruano Gustavo Gutierrez (Lima-1928), formado em Psicologia e doutorado em Teologia na França, professor da Universidade Católica de Lima, lançou um documento nestes moldes guerrilheiros, que chamou de "teologia da libertação". Ficou até surpreso, mas sua ideia explodiu nos rincões socialistas do mundo. Procurou o livro sagrado e encontrou a leitura adequada para converter os "pobres" no sujeito histórico do cristianismo. Gutierrez validou o conceito do "homem novo" de Guevara (mesmo que este fosse um ateu confesso). Diz o livro: Só uma ruptura radical do estado de coisas atual, uma transformação profunda do sistema de propriedade (aqui se pode aquilatar que o padre não tinha propriedade), do acesso ao poder da classe explorada, uma revolução social que rompa com essa dependência, pode permitir a passagem para uma sociedade socialista.
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O padre Gustavo Gutierrez, cujo livro, embora sem muita pretensão da parte dele, lançou as bases da igreja guerrilheira, da pastoral da terra e das comunidades eclesiais de base, entidades no Brasil conduzidas desde o seu início pelo partido dos trabalhadores.
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10) As veias abertas da América Latina - Eduardo Galeano.
Este ficou por último porque é a Bíblia Sagrada do idiota latino-americano. Não é à toa que é manual de cabeceira do histriônico Hugo Chavez, um dos piores caudilhos que esta malária latino-americana já criou. Não existe compêndio melhor de erros, arbitrariedades ou simples bobagens que povoam as cabecinhas dos nossos radicais mais desencaminhados. A América Latina é um continente inerte, desmaiado entre o Atlântico e o Pacífico, do qual os canalhas do primeiro mundo, verdadeiras harpias, sugam o sangue em suas veias abertas,o sangue de suas riquezas naturais. Imagem tão plástica quanto melodramática. Algumas vezes os culpados são os ingleses, outras os espanhóis e até os nossos patrícios. Obviamente, depois destes, os americanos passam a ser os piores canalhas da época. O livro é um memorial constante de agravos montados a partir do vitimismo latino. Ficaria muito bem numa sala de espera de um hemocentro ou na Transilvânia, na biblioteca do conde Drácula.
A segunda parte do livro tenta justificar as razões que explicam os fracassos latino-americanos em seus esforços para escapar da tradicional miséria que embarga as massas. E que são os culpados?
Todos, menos "nós", os pobrezinhos. Os culpados são "eles".
Se nos emprestam é para nos arruinar. Se não nos emprestam é para nos estrangular. Os salários de fome da América de baixo contribuem para financiar os altos salários na América de cima e na Europa.
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Álvaro Vargas Lhosa e seus dois parceiros concluem que, para a América Latina nascer de novo, será preciso derrubar seus donos, um por um, país por país.
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Eduardo Galeano - uruguaio, nascido em Montevidéu em 1940. No seu livro existe algo que ele demonstrou odiar mais ainda que os próprios gringos, que as multinacionais, que o liberalismo: a verdade, a sensatez e a liberdade. Com isso ele aperfeiçoou de vez a lendária idiotice ideológica latino-americana.
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Hugo Chavez, o caudilho-bolivariano-mor da América Latina. As veias abertas é seu livro de travesseiro, que recomenda a todos os perfeitos idiotas como ele.
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Quando quererá o Deus do céu
que a tortilha se vire,
que os pobres comam pão
e os ricos comam merda?
Que culpa tem o tomate
de ter nascido na mata,
se vem um gringo filho da puta
e o mete numa lata
e o manda para Caracas?
(Canção popular cantada por grupos de esquerda da América Latina. Talvez seja do próprio Chavez. Não, não, pois ele é milionário). 
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