Roberto Rodrigues de Menezes.

Roberto Rodrigues de Menezes



segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Capitão Vilmar Teodoro.

São Paulo, janeiro de 1959. O Primeiro Tenente Vilmar Teodoro casa com a jovem Deyse de Abreu. Em pé, atrás da noiva, seus pais, Coronel da Força Pública de São Paulo Augusto de Abreu e a esposa Jandyra. A cerimônia foi oficiada pelo capelão militar Tenente Coronel Cavalheiro Freire.
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Vilmar Teodoro, filho caçula de Manoel Jacinto Teodoro, mestre de obras da antiga Diretoria de Obras Públicas, e de dona Ana Martins Teodoro, nasceu em Florianópolis no dia 03 de outubro de 1933. Foi incluído na Polícia Militar de Santa Catarina a 12 de fevereiro de 1954 e logo seguiu para São Paulo, a fim de frequentar o Curso de Formação do Oficiais no Centro de Formação e Aperfeiçoamento da Força Pública do Estado, hoje Polícia Militar paulista.
A 15 de dezembro de 1956, após concluir o curso com mérito, foi promovido a segundo tenente da PM catarinense, exercendo as funções de ajudante de ordens do Coronel Mário Fernandes Guedes, na época Comandante Geral da Corporação.
Retorna em junho de 1957 a São Paulo, para fazer o Curso de Oficial de Bombeiros, que concluiu em novembro de 1958.
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O cadete Vilmar Teodoro com o uniforme da Força Pública Paulista.
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Na manhã de 13 de abril de 1959, já como Primeiro Tenente (fora promovido em julho de 1957), quando treinava uma equipe de bombeiros que faria uma demonstração de salvamento no dia 05 de maio, sofreu uma queda do cabo aéreo, ficando afastado do serviço ativo, em tratamento, até novembro do mesmo ano, quando passou à disposição da Secretaria de Segurança Pública. Exerceu as funções de delegado de polícia dos municípios catarinenses de Dionísio Cerqueira e Siderópolis.
Em Fevereiro de 1961 foi promovido a capitão e assumiu o comando do Corpo de Bombeiros de Santa Catarina. Seria em seguida, em virtude da grave queda, de que não conseguira se curar em definitivo, declarado incapaz pela Junta Médica da Corporação para o serviço ativo, sendo reformado em Outubro do mesmo ano.
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Seus conhecimentos de sistemas automáticos de combate a incêndios deram-lhe condições de ser admitido na multinacional Mather & Platt, filial de São Paulo, empresa fabricante e instaladora desses sistemas, onde chefiou o departamento de inspeções de 1964 a 1980, quando então fundou a ISINC- Inspeções de Seguro Incêndio Ltda, que opera até o dia de hoje.
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É bacharel em Direito pela Universidade São Francisco de Bragança Paulista (primeira turma).
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1956 - São Paulo. Os alunos oficiais José Fenandes e Vilmar Teodoro. Este foi porta-flâmula da Academia paulista.********************
O capitão Vilmar fala da vida, da família e dos amigos:
Apesar da carreira abruptamente interrompida, considero-me um afortunado e muito devo às Polícias Militares de Santa Catarina e de São Paulo. O fato de ter sido Aluno Oficial da atual Academia de Polícia Militar de Barro Branco e ter feito o curso de Bombeiros como oficial em São Paulo permitiu que:
- Fizesse grandes amigos, especialmente os colegas de turma coronel Fernandes e coronel Gonzaga (amigos para sempre).
- Mesmo depois de reformado pudesse trabalhar na área de proteção contra incêndios.
- Conhecesse a Deyse em abril de 1954, com ela casasse e a trouxesse para Floripa, mesmo sendo filha do coronel Abreu, que era bravo pra valer.
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Vou contar-lhes alguns episódios alegres que pontuaram nosso relacionamento:
O início do namoro - Conheci a Deyse numa festa de casamento da irmã de um Aluno Oficial. Quando ela desembarcou do automóvel, eu já estava decidido: "Esta vai ser minha esposa!" Dançando com ela, não notei que estava sendo marcado em cima pelo meu futuro sogro. Acertamos um encontro para o dia seguinte, na missa das dez horas na Igreja de Santana. Fiquei sabendo que, desde aquela data até o casamento, meu sogro se referia a mim como o "pirata" que iria sequestrar a filha e levá-la para longe.
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O namoro: Eu saía da Academia de túnica e luvas brancas, culote e botas de cano longo (claro que com o uniforme alterado) e montando um cavalo branco e manso ia visitá-la, parecendo um príncipe encantado.
Quando ia namorá-la, chegava fardado, me apresentava ao meu superior e pedia permissão para o ato. Ele me olhava de alto a baixo, para ver se estava de barba feita, uniforme bem passado e sapatos engraxados. Depois de aprovado, ele permitia o namoro até as 22 horas. Ficávamos assistindo a uma tevê em preto e branco. Um dia decidi desobedecer às ordens e ultrapassei o horário determinado. Ele nada falou. Saiu da sala e depois de alguns minutos voltou de pijama e chinelos, nas mãos uma bomba mata-mosquitos. Com sutileza, espargiu o jato de inseticida em minha direção, como quem diz: "Não sei se estou sendo claro!"... É lógico que saí como um corisco!
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O casamento: Como nos casamos em São Paulo, viemos passar a lua-de-mel em Florianópolis, para que a Deyse conhecesse os meus familiares, amigos e a ilha.
A viagem foi feita num DC-3 da Varig e levou mais de quatro horas. Chegamos cansados no Hotel Lux, com o quarto reservado. Mas o tempo ia passando e os funcionários não nos levavam para o apartamento. Perdi a paciência e fui falar com o gerente, que me informou: "Recebemos um telefonema da Polícia Militar, de que chegaria ao hotel um casal de São Paulo, ele se dizendo tenente da Corporação. No entanto, era um casal de vigaristas!... Logo em seguida adentraram ao hotel os tenentes Amauri, Bitinho, Matheus e Ledeny, entre outros. Era um trote! Levaram nossas malas para o apartamento, abriram-nas e espalharam toda a roupa e objetos sobre a cama. Que ótima recepção e que bons tempos!...
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Peço vênia para sentir orgulho de minha família. A Deyse, ótima filha, esposa, mãe e avó, é uma pessoa muito especial. A ela uma rima de minha autoria:
Deyse sempre menina,
na opinião de quem lhe fala.
Você é uma heroína
por aturar este "mala".
Muitos anos de casados
fora o namoro e noivado.
Vou lhe dizer agora,
se já não lhe disse ainda.
Você é bonita por fora,
mas por dentro é mais linda.
Mil beijos do seu bem-amado,
seu eterno enamorado.
(O capitão Vilmar, senhores, convive com poesia, pois sua Deyse é poetisa da Academia Catarinense de Letras e Artes e da Associação dos Cronistas, Poetas e Contistas catarinenses).
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O tenente Vilmar e a amada em São Paulo, 1957.
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Filhos do casal:- Augusto César, poeta, nas horas vagas gerente da minha firma, é pai de Mariana (psicóloga).
(Augusto pertence à Academia São José de Letras e à Associação de Cronistas, Poetas e Contistas catarinenses. É poeta de renome com livros publicados. Seguiu por certo os passos da mãe).
- Marcus Vinicius, capitão dentista da Polícia Militar e pai de Marcus Junior, estudante de Medicina.
- O caçula, Luiz Henrique, é Tenente Coronel sub-comandante do Batalhão de Aviação do Corpo de Bombeiros catarinense. A Deyse, que me entregou a espada quando me formei oficial, entregou a mesma para nosso filho 30 anos depois.
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Vilmar Teodoro e a esposa hoje. Moram num belo apê em Floripa, bem perto da ponte Hercílio Luz, cartão postal da cidade.********************
Para finalizar, diz ele com emoção: Sinto orgulho de pertencer ao quadro de oficiais da Polícia Militar, repleta de "gente boa", onde fiz e tenho grandes amigos.
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3 comentários:

  1. Convivo com esse belo casal desde 2010 e deixo aqui meu testemunho do quanto se amam e se respeitam, e com isso criaram uma bela família, da qual agora tenho o prazer de compartilhar.
    Beijo carinhoso e um grande abraço fraterno em Deyse e Vilmar,
    Lílian Barreto Manara

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  2. Bonita história meu Chara. Muito bom saber história de pessoas que lutaram e venceram na vida. Deus abençoe vocesm

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