Roberto Rodrigues de Menezes.

Roberto Rodrigues de Menezes



sexta-feira, 27 de julho de 2012

Contra toda esperança (final).



Armando Valladares finalmente estava sendo expulso de seu próprio país por Castro e seus esbirros. Já cumprira dois anos a mais, além dos vinte, de sua pena absurda. A esposa Martha, em contínua campanha internacional para que o soltassem, foi a sua grande libertadora. Castro, afinal, via-se obrigado a atender um pedido do amigo socialista Miterrand. Quantos mofaram até morrer e estão ainda mofando hoje nas masmorras cubanas!
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Deram-me um terno, um capote e uma maleta.Na última conversa com o general, este me fez uma ameaça velada: minha família ficava e dependia de mim que a deixassem sair ou não. Não podia, portanto, fazer declarações contra Cuba.
- Os braços da revolução são longos, Valladares, não se esqueça disso.
Nada respondi. Minha mente estava fora daquela sala, longe... muito longe, em Paris, onde Martha me esperava, minha Penélope real. Em 1979 eu havia escrito um poema para ela que terminava com uma premonição:
Chegarei a ti
desta vez não duvide
já está decidido nosso encontro
apesar do ódio e dos abismos.
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Chegou a hora da partida. A comitiva de vários carros enfiou-se pela Avenida de Rancho Boyeros, rumo ao aeroporto internacional José Marti. O avião partiria às sete da noite. Um sol vermelho como sangue tingia a tarde de escarlate e em meu coração elevei uma prece agradecida a Deus, por ter me ajudado a esperar contra toda esperança, e roguei-lhe pela minha família, de quem não tinham permitido me despedir. 
Rezei por meus companheiros que ficavam para trás, na noite interminável dos cárceres políticos cubanos.
Os carros corriam velozes e uma mistura de melancólica tristeza e alegria foi me afundando na lembrança de vinte e dois anos...
Lembrava-me dos sargentos Porfírio e Matanzas, afundando as baionetas no corpo de Ernesto Dias Madruga, de Roberto Lopes Chavez agonizando em uma cela, implorando como um louco por um pouco d'água, e dos guardas que lhe urinavam na cara, na boca; de Boitel, a quem depois dos cinquenta e tantos dias de greve de fome negaram água, porque o próprio Castro tinha dado ordem de matá-lo; depois de Clara, sua atribulada e velha mãe,  agredida pelo tenente Abad nas dependências da polícia política, só porque queria saber onde haviam enterrado seu filho; lembrava-me de Carrion com um tiro na perna, pedindo ao guarda Jaguey que não atirasse mais e este, sem compaixão, ,metralhando-o pelas costas; e pensava que outros oficiais semelhantes aos que me rodeavam haviam proibido aos familiares que chorassem na funerária, sob ameaça de levar o cadáver.
Lembei de Estebita, de Pire, que amanheceram mortos nas celas muradas, vítimas de experiências biológicas De Disdado Aquit, do chino Tan, de Eddy Molina e tantos outros assassinados nos campos de trabalhos forçados.
Uma legião de espectros nus, aleijados, passou na minha frente, do mesmo jeito que nas revistas horrorosas com centenas de feridos, as celas de confinamento com seus regime de surras, as mãos decepadas a facão de Eduardo Capote.
Campos de concentração, torturas, mulheres surradas e violentadas nos cárceres. o militar que me jogava excrementos e urina no rosto, as surras que deram em Eloy, em Izaguirre, Martins Perez com os testículos feridos a tiros. O pranto de Robertico chamando pela mãe.
E no meio da visão apocalíptica de minhas terríveis experiências passadas, entre a fumaça acinzentada da pólvora e a orgia de pancadas, de prisioneiros abatidos a tiros, um homem famélico, esquelético, com cabelos brancos, olhos azuis fulgurantes e coração cheio de amor e pedindo clemência para seus verdugos:
- Perdoai-os, Senhor, eles não sabem o que fazem - enquanto uma rajada de metralhadoras perfurava o peito do irmão de fé.
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Do nosso ponto de vista, não temos problema algum com os direitos humanos. Aqui não há desaparecidos, aqui não há torturados, aqui não há assassinados. Em vinte e cinco anos de revolução, apesar das dificuldades e dos perigos pelos quais passamos, jamais se cometeu uma tortura, jamais se cometeu um crime. (Declarações de Fidel Castro a jornalistas franceses e norte-americanos no Palácio da Revolução, em Havana, em 28 de julho de 1983, publicadas no jornal Gramna, na edição de 10 de agosto do mesmo ano).
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Eis senhores, o Éden das esquerdas, em sua crueza torpe. "Idealistas" brasileiros, como José Dirceu, foram para lá em busca de liberdade e  bem-querença. A nossa Tia Pre, o nosso magistrado-mor, frei Betto, nunca esconderam sua admiração pelo regime castrista. E morrerão acreditando que lá se encontra o paraiso perdido, apesar de milhares e milhares terem morrido em botes e barcaças rudes, tentando fugir do reino dos céus na terra.
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Um comentário:

  1. E este IDIOTA à esquerda do coma ambulante,excremento de SATANÁS está rindo de que??? HIENA!!! PSICOPATA!!!

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