Roberto Rodrigues de Menezes.

Roberto Rodrigues de Menezes



sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

FORO PRIVILEGIADO.



O Foro privilegiado perdeu o encanto.

 É sabido que os mensaleiros foram condenados no Supremo Tribunal Federal, em virtude do meritório labor judicante de um homem ilustre, o ministro Joaquim Barbosa, preclaro e ínclito, que passou a ser uma das personalidades mais respeitadas deste país, depois de sua atuação irretocável como relator do processo, apesar dos senhores Levandowski e Toffoli tentarem por todos os meios dificultar o seu trabalho. Agora, finda a refrega e só precisando colocar na cadeia os réus, José Dirceu à frente, surge um novo casuísmo bem característico de nossa república bananeira: a injustiça que pode causar o tal do foro privilegiado.
Lembram os leitores, pois consta da tradição da república, que gente graúda neste país tinha (e tem) como privilégio o tal foro privilegiado, políticos especialmente, que só poderiam ser julgados por áureas instâncias superiores, pois não davam a mínima para as instâncias menores do poder Judiciário. Afinal, eles eram os catões e seus procedimentos infernais e dantescos, quando viravam processo, tinham como norma uma suntuosa gaveta, a esperar a indefectível prescrição, pois de chicanas e embarrigamentos nossas leis penais estão repletas. Agora, que surge no céu da pátria um ministro que não tem medo de político, mesmo da situação, e faz o que a honra lhe manda fazer, o foro privilegiado não presta mais. Reclamam os mensaleiros que todo vivente do lábaro sagrado verde amarelo deve ter também direito a três instâncias. Consideram-se injustiçados, pois não passaram pelos fóruns dos municípios nem pelos tribunais estaduais. Pobrezinhos!
O incrível disso tudo é que o senhor Inácio da Silva passará incólume pelas mais diversas procelas, pois já recebeu da nação uma estranha e surrealista imunidade penal. Vai dizer de novo que nada sabia e, se Dilma não se aprecatar, ele vira candidato e se elege no primeiro turno, pois o país já está todo aparelhado pelas hostes petistas.
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Se há uma virtude que prezo é o tal do brio. O vulgo o denomina pura e simplesmente vergonha na cara. Foi o caso da falta dele nos capitães Prestes e Lamarca, que comeram por cerca de quinze anos do gamelão armado e depois o viraram com o maior despudor. Lamarca chegou ao cúmulo de atacar o quartel da instituição que lhe deu abrigo e o fez oficial. Prestes, ligado a uma espiã de Stalin, tentou derrubar Getúlio, numa intentona burra e quixotesca que, num país sério lhe renderia o desprezo da História. Mas aqui as coisas acontecem diferente. Prestes foi além. Em 1950 se alia a Getúlio, que deportou Olga Benário para a Alemanha de Hitler, provocando-lhe a morte num campo de concentração. Só isto, numa análise simples e sem muita verborréia, lhe provocaria o desprezo de todos, pois se aliou ao verdugo de sua mulher, por ele cantada em prosa e verso em ternas cartas. Eis aí a questão do brio, da vergonha na cara, que o fanatismo ideológico faz desaparecer.
O mesmo aconteceu com o Senhor Fernando Collor de Melo. Alijado do poder de forma até injusta, por uma onda petista aliada à Rede Globo, cumpre a seu período de ostracismo, volta como senador e se alia... aos seus verdugos. Patética a cena em que ele, muito lampeiro, beija a mão de Dilma. Eis novamente a questão do brio, da vergonha na cara. Votei no senhor Collor, e votaria até num macaco, desde que o senhor Inácio da Silva estivesse do outro lado, e não me arrependi até ele retornar e  baixar a cerviz àqueles que sempre o desprezaram e continuam desprezando. Só que hoje é diferente, pois o partido hegemônico precisa de maioria para que suas medidas provisórias sejam aprovadas sem reparos, como vem acontecendo há dez anos, com raras e honrosas exceções. Hoje, nem estas exceções são mais possíveis, pois os políticos se renderam ao poder e a oposição está em vias de se extinguir. É o caso simples da morte anunciada.  Hoje só existe o petismo com Deus e o diabo na terra do sol.

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Prometi parar, caros leitores, mas não consegui. Vou agora deixar de imitar político e prometer o que não vou cumprir, e escrever quando me der coceira no dedo. Perdoem-me, mas de vez em quando eu estarei voltando.
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3 comentários:

  1. Muito bom, embora um pouco pueril no estilo.

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  2. Podem me chamar de conservador, mas eu gosto do conservadorismo, pra mim os meus maiores representantes chamam-se Agripino Maia e Jorge Bornhausen, homens impecáveis, nunca deixaram rastros de nada em suas vidas.

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