Roberto Rodrigues de Menezes.

Roberto Rodrigues de Menezes



quarta-feira, 30 de junho de 2010

Coronel Lara Ribas.

Primeiro Sargento Antônio de Lara Ribas, já incorporado ao Segundo BI da Força Pública de Santa Catarina, na campanha de 24/25.

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Em Palmas, Paraná, na Fazenda Bela Vista, nasceu a 25 de Outubro de 19o2 Antônio de Lara Ribas, o primeiro de quatorze filhos, sete homens e sete mulheres, de Constantino de Oliveira Ribas e sua mulher Querubina de Lara Ribas.
Foi criado com os avós maternos na Fazenda. Estes, idosos, mudaram-se para a cidade de Palmas, onde Antônio fez o curso primário regular à noite, trabalhando de dia numa farmácia.
O rapaz, desejoso de continuar os estudos, partiu com dois amigos para São Paulo, onde, em Campinas, se matriculou no Ginásio Diocesano Santa Maria. Não conclui o curso, pois a falta de recursos o obrigou a voltar a Palmas.
Entra, então, como voluntário, nas tropas da Força Pública comandadas pelo capitão Pedro Lopes Vieira, que estavam à disposição do governo federal para auxiliar nos combates à revolta contra a República Velha. Isso ocorreu em fins de Setembro de 1924, quando ele se apresenta com cavalo e arreiamentos próprios, como era o costume. Logo em seguida as revoltas são desbaratadas e as tropas vão sendo desmobilizadas. Ele permanece, pois logo os comandantes sentem a sua capacidade intelectual e de trabalho. É encarregado da escrituração militar e logo se vê comissionado como Primeiro Sargento. O aquartelamento de Porto União, onde estava Antônio, foi incorporado ao efetivo da Quarta Companhia de Infantaria Montada.

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A 06 de junho de 1925 era Antônio incluído no efetivo da Força Pública, por convite do Capitão Lopes Vieira. A 13 de junho ele chegava a Florianópolis.
Em 25 de julho de 1925 Pedro Lopes Vieira, já tenente coronel, ascende ao comando geral da Força Pública catarinense.
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Em 29 de setembro de 1927 Antônio desposa a jovem Carmélia Ramos. Conheceram-se numa festa rrealizada no quartel do Segundo BI na rua Major Costa, onde se localiza hoje o Hospital Lara Ribas. Ela seria sua eterna companheira.
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Segundo Tenente Antônio de Lara Ribas

Após concluir o Curso de Aperfeiçoamento e Preparação Militar Antônio, a 31 de Dezembro de 1928, é promovido a segundo tenente.
Participou da campanha de 1930 ao lado das tropas legalistas, junto ao governo do Estado e de sua Corporação. Mas isso não impede que Getúlio Vargas e seus aliados empreendam marcha do Rio Grande do Sul até a capital federal tomando o poder central, sendo destituído Washington Luiz. O General Ptolomeu de Assis Brasil, das hostes getulistas, ocupou com suas tropas a capital catarinense. Com a nova situação o Comandante Lopes é demitido com mais alguns oficiais. Sargentos e Cabos foram rebaixados. O coronel da Brigada Militar gaúcha, Amadeu Massot, passa a comandar a Força, implantando uma política de terror, mesmo no comando por apenas 13 dias.
Em Novembro de 1930 é substituído pelo Tenente Coronel Heitor Lopes Caminha que, mais sensato e equilibrado, tratou de normalizar a vida da Corporação.
O Tenente Lara Ribas escapou ao expurgo promovido por Amadeu Massot, apesar de seus laços de amizade com o comandante Lopes Vieira. É nomeado a 08 de março de 1931 delegado de polícia da capital. A 21 de Setembro o Interventor Federal Assis Brasil o promove a Primeiro Tenente. Cumpriu com êxito e profissionalismo as funções de delegado e responsável pelo policiamento da capital Florianópolis.
Em 1932 recebeu espinhosa missão no meio oeste catarinense, quando teve que se deslocar com tropas até Cruzeiro (Herval-Joaçaba), para coibir revoltas de políticos e populares simpáticos à revolução constitucionalista de São Paulo. Para tal missão, o Interventor Assis Brasil promoveu o tenente Lara a capitão e o comissionou no posto de Tenente Coronel, nomeando-o comandante de um BCR.

O Comandante do Terceiro BCR (Batalhão de Caçadores da Reserva), Tenente Coronel comissionado Antônio de Lara Ribas (centro), com oficiais do Batalhão. Em pé, a partir da esquerda, tenentes Erasmo Barbosa, Lobato, Lunardelli, Guerreiro, Matias Pimpão, Carlos Cogo, Lula e Silva Santos. Sentados, na mesma ordem, capitães Álvaro da Nova, Osni Silva, Hercílio Müller e Maisonetti, médico.
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Com o fim vitorioso de sua missão militar, é nomeado delegado de Porto União, com jurisdição sobre todo o norte e oeste do Estado.
Em 03 de fevereiro de 1933, já no posto efetivo de capitão, assume o comando da terceira Companhia na capital. Participa efetivamente, comandando as tropas no desfile comemorativo ao Centenário da Força, em 1935.
Em início de 1937 segue à capital federal no Rio de Janeiro, para frequentar o Curso de Aperfeiçoamento de Oficiais, juntamente com os tenentes Américo D'Ávila e Asteróide da Costa Arantes. Os três têm partipação brilhante, sendo Lara o primeiro colocado, Américo o segundo e Asteróide o terceiro. Engrandeciam, assim, a Força Pública catarinense na capital federal.
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Dona Carmélia Ramos Ribas, em foto tirada antes de seu noivado.
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Na época da Segunda Guerra Mundial, Lara Ribas foi delegado de Ordem Política e Social no Estado. Em Novembro de 1943 publica o livro "O punhal nazista no coração do Brasil", sobre a ação do Partido Nazista no Estado, especialmente nas regiões de imigrantes alemães.
A 02 de Maio de 1945 Lara é promovido a Major. Em maio de 1948 o coronel Cantídio Quintino Régis deixa o Comando Geral da Força Pública, agora Polícia Militar, que teve sua denominação mudada com a Constituição Federal de 1946. O coronel Régis foi o oficial que por mais tempo exerceu o cargo de Comandante Geral, recorde quase impossível de ser batido nos tempos atuais. Ele substituiu o Ten Cel (Comissionado do Exército) Renato Tavares em abril de 1935, entregando o cargo em 1948. Assume em seu lugar o coronel Antônio Cândido Alves Marinho e Lara Ribas é promovido a Tenente Coronel.
A primeiro de março de 1950, vinte anos depois de sua paralisação, reiniciavam as atividades do Curso de Formação de Oficiais na Corporação, embrião do CIPM (Centro de Instrução Policial Militar), hoje Centro de Ensino da PM. O Ten Cel Lara foi nomeado diretor do Curso.
A 29 de dezembro de 1949 Lara Ribas recebe as insígnias de Coronel e é nomeado Comandante Geral da PM, substituindo o coronel Marinho, que se transferiu para a Reserva Remunerada.
Capitão Lara Ribas.
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A 03 de Agosto do mesmo ano o coronel Lara é nomeado Secretário de Segurança Pública do Estado. Transfere-se para a Reserva em início de 1951, após a vitória de Irineu Bornhausen, da UDN, para o governo do Estado.
Solenidade no Quartel do Comando Geral. À esquerda o coronel Lara, Cmt Geral, o Ten Cel Paulo Weber Vieira da Rosa, à época Comandante do 14BC (hoje 63BI) e o governador Aderbal Ramos da Silva.
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Em 1954 o coronel Lara Ribas foi diretor da Divisão Administrativa do Departamento Nacional do SESI (Serviço Social da Indústria) no Rio de Janeiro.
A 05 de Fevereiro de 1961, convocado, assume pela segunda vez o coronel Lara Ribas o comando geral da PMSC, no governo de Celso Ramos.
Suas principais realizações neste segundo Comando:
- Deu nova estrutura organizacional à Corporação.
- Administração descentralizada, com a criação de diretorias setoriais, uma para administração e assistência médica e social e outra de ensino e instrução.
- Reorganização dos Batalhões do Interior (Canoinhas e Chapecó) e a criação das Companhias de Rio do Sul, Araranguá e Porto União.

Inauguração do Quartel da Primeira Cia de Porto União, subordinada ao Batalhão de Canoinhas, em Janeiro de 1964.

- Criação do Serviço de Salvamento no Corpo de Bombeiros, criação da Polícia Florestal, instalação do Gabinete Psicotécnico e Setor de Identificação, Curso de Oficiais mudado em definitivo para o bairro da Trindade e serviço de Radio-comunicações ampliado sensivelmente, com 49 estações. Redimensionou o Hospital da PM, que leva o seu nome, sendo o responsável pela criação e reinstalação do Museu da PM, situado abaixo da ponte Hercílio Luz, no forte Santana, museu este que também leva o seu nome.

Em Janeiro de 1964 deixa Lara Ribas o Comando Geral, sendo substituído pelo Coronel Elvídio Petters. Neste mesmo ano foi nomeado Superintendente Geral do SESI, função que exerceu até 1971.

O casal Lara Ribas em uma praça de Belo Horizonte, foto tirada em fins de 1959 pelo seu único filho João Batista.
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Lara Ribas foi Cidadão honorário de Florianópolis (1973), Presidente do Clube dos Oficiais por mais de três anos, clube que ajudou a fundar, membro do Instituto Histórico e Geográfico de Santa Catarina e expoente da Maçonaria no Estado.

Foi agraciado com o título de cidadão honorário do Estado de Santa Catarina, proposição do coronel Sidney Carlos Pacheco, à época deputado à Assembléia Legislativa. Na foto o deputado e o coronel Lara (1990).

Dona Carmélia faleceu, após quase sessenta anos de união, deixando viúvo o velho e honrado coronel. Recolheu-se à sua chácara em Cacupé com o filho João Batista (alto funcionário do Badesc), a nora Alice Vaz Sepetiba, que fez as vezes de filha que não teve com a esposa, e as netas Patrícia Andrea, Ana Carolina e Maria Beatriz. Ali continuou estudando, pesquisando e orientando a respeito da história da Corporação, até a morte o colher, num violento ataque cardíaco, a 10 de junho de 1992. Iria completar noventa anos e deixou um legado inestimável de trabalho, honra, probidade e dedicação à causa policial militar.

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Toda esta síntese teve como base, incluídas as fotos, o livro do Coronel Edmundo José de Bastos Junior: Coronel Lara Ribas, PMSC. O homem - A carreira - O símbolo.

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3 comentários:

  1. Pedro Martins Bernardino6 de dezembro de 2012 às 19:49

    Tive a honra e o privilégio de ser o seu AJUDANTE DE ORDENS e Chefe d Relações da Polícia Militar de Santa Catarina, durante todo o tempo que durou o seu Segundo Comando Geral e honra maior ainda, o tê-lo antecedido no Discurso de minha formatura no Curso De Oficiais da Academia da Poícia Militar , em 04 de Agôsto de 1962, ocasião em que ele, CORONEL ANTÔNIO DE LARA RIBAS , paraninfou a nossa TURMA e proferiu um BRILHANTE DISCURSO. Foi, sem dúvida um dos MAIORES E MAIS INTELIGENTES COMANDANTES DA NOSSA GLORIOSA E e QUASE BI-CENTENÁRIA POLÍCIA DE SANTA CATARINA.. Major RNR PEDRO MARTINS BERNARDINO.

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  2. Major Pedro Martins Bernardino, gostaria de entrar em contato com o senhor. Sou de Santa Catarina e minha mae e tia sempre falaram muito de senhor. Meu email e : laraternullo@msn.com. Aguardo resposta.

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  3. Boa tarde!
    Me chamo Márcia Ribas, neta de Leopoldo de Lara Ribas, bisneta de Querumbina de Lara Ribas. Estava lendo a história com minha mãe que hoje tem 71 anos, diz que somos parentes.
    Gostaria muito de entrar em contato.

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