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Sílvia e eu fomos convidados a participar de uma reunião de culto ao Senhor na residência de um casal muito amigo, da Igreja Adventista. Em meio ao encontro um dos participantes questionou o que se chamava na Igreja Católica Sagrada Tradição. O que importava era a Bíblia e não a tradição. Procurei responder ao questionamento, mas ao final não saí satisfeito.
Fui, então, à minha fonte segura de respostas, o Monsenhor Bianchini. Ele, na sua casa do Jardim Germânia, numa tarde de chuva, me mostrou um volume de folhas datilografadas, folheou e chegou à página desejada. Não poderia lhes dizer hoje se aquelas explicações pormenorizadas a respeito de tantos assuntos de fé seriam obra dele. Até porque a folheei toda e não encontrei nominado o autor e ele nada me falou sobre isso.
Mas saí de sua casa convicto de que a Tradição se revela importantíssima, até para o fato da Igreja Católica existir até hoje, desde os tempos em que era perseguida pelos Césares romanos.
Ele muito tranquilo, me asseverou: Sem esta tradição que não se dá valor, aquela reunião com teus amigos não teria acontecido. Quem levou a Bíblia Sagrada até aquele encontro foi nada menos que a Tradição Católica.
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A Bíblia é a palavra de Deus que chegou até nós. Como? Pela Igreja e sua administração, sua tradição oral e escrita, pelos ensinamentos de seus responsáveis diretos. É a palavra de Deus não escrita, ou escrita à parte e em uníssono com a Bíblia, e transmitida de viva voz e através escritos, conservada pela Igreja em seus ensinamentos, em sua liturgia, em sua catequese.
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As igrejas já tradicionais, separadas, como as luteranas, e seitas mais recentes, como as pentecostais, negam a tradição católica, dizendo que as verdades divinas estão somente na Bíblia.
Ora, Jesus não mandou que os apóstolos fossem pregar e ensinar a palavra escrita primeiramente. Ele não determinou que primeiro se escrevesse o Novo Testamento. "Ide por todo mundo e pregai o Evangelho a toda criatura" (Marcos 16,15). Só alguns apóstolos escreveram, e ainda quando estavam no final de sua vida. Portanto, eles foram enviados a pregar a palavra de Deus de viva-voz (tradição) e alguns deles, mais tarde, escreveram algumas cartas. Os demais somente pregaram a palavra de Deus de viva-voz.
A própria Bíblia nos mostra o quanto é importante a tradição. "Assim, pois, irmãos, ficai firmes e conservai os ensinamentos que de nós aprendestes, seja por palavras, seja por carta nossa". (II Tessalonicenses 2, 15).
"Intimamo-vos, irmãos, em nome de Nosso Senhor Jesus Cristo, que eviteis a convivência de todo irmão que leve vida ociosa e contrária à tradição que de nós tendes recebido". (II Tessalonicenses 3, 6).
"Tu, portanto, meu filho, procura progredir na graça de Jesus Cristo. O que de mim ouviste na presença de muitas testemunhas, confia-o a homens fiéis que, por sua vez, sejam capazes de instruir os outros. (II Timóteo 2, 1-2).
"Toma por modelo os ensinamentos salutares que recebeste de mim sobre a fé e o amor a Jesus Cristo. Guarda o precioso depósito pela virtude do Espírito Santo que habita em nós. (II Timóteo 1, 13).
Nem tudo aquilo que Jesus fez está na Bíblia, nos diz São João ( O próprio Cristo nada deixou escrito).
"Fez Jesus, na presença de seus discípulos, ainda outros milagres que não estão escritos neste livro. Mas estes foram escritos para que creiam que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo, tenham a vida em seu nome". (João 20, 30).
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O último versículo do Evangelho de São João (21, 25) nos diz o seguinte: "Jesus fez ainda muitas outras coisas. Se fossem escritas uma por uma, penso que nem o mundo inteiro poderia conter os livros que se deveriam escrever".
Quem garante aos protestantes que os vinte e sete livros do Novo Testamento são inspirados por Deus? Queiram ou não, é a tradição católica que trouxe estes livros até os dias de hoje ou até Lutero e garante, portanto, a sua legitimidade.
Desta forma, muitos acontecimentos se deram ao longo da historia da Igreja aí iniciada. A Igreja Católica sempre foi testemunha, desde o primórdios, e os preserva até hoje, até porque foi a única Igreja que existiu e ainda existe desde a época de Jesus.
É natural que outras denominações religiosas não compreendam nem aceitem, até porque não possuem a tradição que somente os séculos e a história encerram. Estes acontecimentos maravilhosos, que são as grandes expressões das manifestações de Deus e sua palavra, foram testemunhados desde o seu início pelos dois mil anos da Igreja Católica.
Em que escritos se baseou o monge católico Lutero para reformar a Bíblia Sagrada? E outros reformadores como Calvino, Zwinglio, dentre outros? Nos escritos que lhe foram trazidos desde o início de sua Igreja, por monges, frades, exegetas católicos, que ao longo dos séculos, nos claustros, nos conventos, nas universidades (a Igreja Católica as criou) dedicaram suas vidas a transcrever e copiar os trechos da sagrada palavra de Deus. As reuniões conciliares davam forma, ordenamento e substância a estes ensinamentos. E tudo isso chegou até nós pela tradição oral e escrita de dois mil anos, que a Igreja Católica, formada por homens, alguns santos, outros não, com muitas dificuldades, nos legou.
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