Roberto Rodrigues de Menezes.

Roberto Rodrigues de Menezes



segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

O Modernismo na Literatura Brasileira (Parte VII).

Monumento a Mário Quintana (sentado) e a Carlos Drummond de Andrade na Praça de Alfândega de Porto Alegre, obra de Francisco Stockinger.
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Nas primeiras décadas do século XX, ocorreram no mundo profundas modificações políticas, científicas, econômicas, sociais, tecnológicas. A Literatura também sofreu esta influência. Como a arte reflete a sociedade e esta se modernizou, foi natural que as artes tivessem a mesma tendência. Alguns críticos acharam uma tendência para pior, principalmente na escultura e pintura, outros para melhor, mas...
Características do Modernismo:
- deixa de lado a arte tradicional;
- representação mais visual que de sentimentos;
- amor à rapidez no estilo, à atualidade, ao cotidiano;
- livre expressão literária.
A Semana da Arte Moderna em 1922 foi determinante para que a arte moderna se impusesse no Brasil. Mário de Andrade, Oswald de Andrade, Plínio Salgado, Guilherme de Almeida, Graça Aranha, Menotti del Picchia, Di Cavalcanti (pintura), Villa Lobos (música).
Foi um período de agitação cultural em que, na busca de modernidade, cometeram-se alguns excessos. Com o tempo o equilíbrio voltou e Manuel Bandeira definiu: Os modernistas procuram exprimir-se numa linguagem despojada de eloquência parnasiana, do vago do simbolismo, menos adstrita ao vocabulário e à sintaxe clássica portuguesa, menos presa aos ditames da lógica. Mas Ébion de Lima também concluiu que, com o desapreço às formas clássicas, na área da poesia verificou-se uma inflação de pseudo-poetas de versos soltos.
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EXPOENTES DO MODERNISMO:
01 - Manuel Bandeira - (1886 Recife - 1968 Rio).
Obras: A cinza das horas, Carnaval, Libertinagem, Estrela da Manhã, Mafuá do malungo, etc.
"Eu faço versos como quem chora
de desalento, de desencanto.
Eu faço versos como quem morre..."
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02 - Guilherme de Almeida. (1890 Campinas - 1969 São Paulo). Obra: A dança das horas, Méssidor, A flauta que eu perdi, Meu, Encantamento, Simplicidade, Camoniana, etc.**************************************

03 - Menotti del Picchia. ( 1892 - 1988 São Paulo).
Obra: Juca Mulato, Máscaras, Dente de Ouro, Chuva de Pedra, Salmomé, etc. *************************

04. - Mário de Andrade (1893-1945 São Paulo). Obra:Paulicéia Desvairada, O Losango Cáqui, Clã de Jaboti, Amar, verbo intransitivo, Macunaíma, Poesia, etc. *************************

05 - Jorge de Lima (1895 Alagoas - 1953 Rio). Obra: Alexandrinos, Poemas, O mundo do menino impossível, A túnica inconsútil, Invenção de Orfeu, etc. *************************

06 - Cecília Meireles (1901 - 1964 Rio). Obra: Espectros, Balada para El rey, Viagem, Vaga Música, Mar absoluto, Romanceiro da Inconfidência, Romance de Santa Cecília, etc. *************************

07 - Carlos Drummond de Andrade (1902 Itabira MG - 1987 Rio). Obra: Brejo das almas, Sentimento do mundo, A rosa do povo, Poesias, Claro enigma, Confissões de Minas, Contos de Aprendiz, Fala, amendoeira.
"A tarde talvez fosse azul,
não houvesse tantos desejos...
De novo a estrela brilhará, mostrando
o perdido caminho da perdida inocência.
E eu irei, pequenino, irei luminoso
conversando anjos que ninguém conversa".
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08 - Oswald de Andrade (1890 - 1954 São Paulo).
Obra: Romances: Os condenados, Memórias sentimentais de João Miramar, Estrela de absinto, Serafim Ponte Grande, Marco Zero. Em poesia escreveu: Pau Brasil, Poesias reunidas, Primeiro caderno de poesias do aluno Oswald de Andrade, etc.
"Namoro: Vinham motivos como gafanhotos para eu e Célia comermos amoras em moitas de bocas. Requeijões fartavam mesas de sequilhos. Destinos calmos como vacas quietavam nos campos de sol parado. A vida ia lenta como poentes e queimadas. Um matinal arranjo desenvolto de ligas morenava coxas e cachos."

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Mário Quintana (1906 Alegrete - 1994 Porto Alegre).
Obra: A rua dos cataventos, Canções, Sapato florido, Espelho mágico, O aprendiz de feiticeiro etc.
"Poesia, a minha velha amiga...
eu entrego-lhe tudo

a que os outros não dão importância nenhuma...
a saber:
o silêncio dos velhos corredores
uma esquina
uma lua
(porque há muitas, muitas luas...)
o primeiro olhar daquela primeira namorada
que ainda ilumina (ó alma),
como uma tênue luz de lamparina
a tua câmara de horrores.
E os grilos?...
Não estão ouvindo, lá fora, os grilos?
Sim,os grilos...
Os grilos são os poetas mortos."
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10 - Graciliano Ramos (1892 Alagoas - 1953 Rio).
Obra: São Bernardo, Caetés, Vidas secas, Insônia, Infância, Memórias do cárcere, Viagem, etc.
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11 - José Lins do Rego (Pará 1901 - 1957 Rio).
Obra: Menino de engenho, Doidinho, Banguê, Moleque Ricardo, Pedra bonita, Riacho doce, Água mãe, Fogo morto, Cangaceiro, etc.
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12 - Érico Veríssimo (1905 Cruz Alta - 1975 Porto Alegre.
Obra: Clarissa, Caminhos cruzados, Música ao longe, Um lugar ao sol, Olhai os lírios do campo. Saga, O tempo e o vento, O resto é silêncio, Incidente em Antares, etc.
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13 - José Guimarães Rosa (1908 Minas - 1967 Rio).
Obra: Sagarana, Corpo de Baile, Grande sertão: veredas, etc
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14 - Rachel de Queirós (1910 Fortaleza - 2003 Rio). Acima, estátua de Rachel nua praça de Fortaleza.
Obra: O quinze, João Miguel, As três Marias, a donzela e a moura torta, O galo de ouro, Lampião, Beata Maria do Egito, etc.
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15 - Jorge Amado (1912 Itabuna - 2001 Salvador).
Obra: O país do carnaval, Cacau, Suor, Jubiabá, Mar morto, Capitães de areia, Terras do sem fim, São Jorge dos Ilhéus, Seara Vermelha, Gabriela, cravo e canela, Dona flor e seus dois maridos, Os velhos marinheiros, etc.
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16 - Lygia Fagundes Telles em foto de Novembro de 2010. Ela nasceu 1923 em São Paulo.
Obra: Contos: Porão e sobrado, Praia viva, O cacto vermelho, Histórias escolhidas, O jardim selvagem, Antes do baile verde, Seminário dos ratos, Filhos pródigos.
Romances: Ciranda de pedra, Verão no aquário, As meninas.
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17 - Rubem Braga (1913 Cachoeiro do Itapemirim - 1990 Rio).
Obra: O conde e o passarinho, O morro do isolamento, Um pé de milho, Um homem rouco, A borboleta amarela, A cidade e a roça, Cem crônicas escolhidas, Ai de ti, Copacabana.
"...Mas que me seja permitido sonhar com outra vida e outro mundo, em que um homem batesse à porta do outro e dissesse: Vizinho, são três horas da manhã e ouvi música em tua casa. Aqui estou. E o outro respondesse: Entra, vizinho e come do meu pão e bebe de meu vinho. Aqui estamos todos a bailar e cantar, pois descobrimos que a vida é curta e a vida é bela,"...
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18 - Clarice Lispector (1920 Ucrânia - 1977 Rio de Janeiro).
Romances: Perto do coração selvagem, O lustre, A maçã no escuro, Uma aprendizagem ou o livro dos prazeres, Água Viva, A hora da estrela, Um sopro de vida.
Contos e crônicas: Alguns contos, Laços de família, A legião estrangeira, Felicidade clandestina, A imitação da rosa, A Via-crucis do corpo, Onde estivestes de noite?, Visão do esplendor, Para não esquecer, A bela e a fera.
Livros infantis:
O mistério do coelhinho pensante, A mulher que matou os peixes, A vida íntima de Laura, Quase de verdade.
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Eu não tinha este rosto de hoje,
assim calmo, assim triste, assim magro,
nem estes olhos tão vazios,
nem o lábio amargo.
Eu não tinha estas mãos sem força,
tão paradas e frias e mortas;
eu não tinha este coração
que nem se mostra.
Eu não dei por esta mudança,
tão simples. tão certa, tão fácil:
--Em que espelho ficou perdida
a minha face?
(Cecília Meireles).
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O acendedor de lampiões.
Lá vem o acendedor de lampiões da rua!
Este mesmo que vem infatigavelmente,
parodiar o sol e associar-se à lua,
quando a sombra da noite enegrece o poente.
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Um, dois, três lampiões acende e continua
outros mais a acender imperturbavelmente,
à medida que a noite aos poucos se acentua
e a palidez da lua apenas se pressente.
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Triste ironia atroz que o senso humano irrita:
ele, que doira a noite e ilumina a cidade,
talvez não tenha luz na choupana que habita.
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Tanta gente, também, nos outros insinua
crenças, religiões, amor, felicidade,
como este acendedor de lampiões da rua!
(Jorge de Lima).
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Bibliografia: Curso de Literatura Brasileira de Ébion de Lima, Tomo III.
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Coleção Literatura comentada da Abril Cultural.
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