Roberto Rodrigues de Menezes.

Roberto Rodrigues de Menezes



sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Assédio sexual (Parte I).

Muito tempo antes de que se ouvisse falar em assédio sexual em terras tupiniquins, o mandamento bíblico "não cobiçar a mulher do próximo" já tinha a reforçada tutela dos corretivos disciplinares na antiga Força Pública, hoje Polícia Militar catarinense. Além dos alegados fundamentos morais, havia a prática necessidade de se preservar a disciplina dos potenciais conflitos resultantes das investidas dos ricardões milicianos sobre as mulheres dos colegas.
Meros galanteios inconvenientes à irmã de um camarada quando atendia a mesma ao telefone, custaram quatro dias de prisão a um sargento, em 1928.
Bem antes, em 1925, um soldado, além de levar sonora bolacha de um cabo-de-esquadra, ficara preso por três dias por ter procurado dirigir olhares lânguidos e de má fé à esposa do superior.
Mesmo tendo agido sob o impulso da emoção provocada pelo ultraje, o cabo foi repreendido por não ter a devida calma quando procurava sindicar-se do fato.
Em outra ocasião um oficial, figura popular e querida, destacado desportista e mulherengo notório, escolheu para alvo de sua próxima conquista a mulher de um sargento. Militar experiente nesse tipo de campanha,  procedeu ao conveniente estudo de situação e, concluindo pela probabilidade de êxito, realizou a marcha de aproximação. Instalado em posição de ataque em frente à residência do subordinado, passou a disparar seus morteiros sobre a dama em questão.
Não contava, ao que parece, com o contra-ataque do marido, pouco disposto, embora disciplinado e respeitador de seus superiores, a acrescentar ao seu uniforme  o incômodo chapéu-de-cabrito que lhe pretendia impingir o oficial. 
Não se sabe até que ponto chegaram as hostilidades, mas é certo que foram suficientemente graves para justificar a instalação de um inquérito policial militar presidido por um dos oficiais mais antigos e experientes da corporação, o capitão Virgílio Enriques Dias.
Concluídas as investigações, foi a vez do Comandante Geral, Lopes Vieira, abrir fogo, prendendo por vinte e quatro horas o oficial, por ter ficado apurado que, ao passar pela rua Lages, onde residia o subordinado, ter lançado à esposa dele olhares lânguidos, acompanhado de acenos e assovios próprios de conquistadores, e exortando-o à melhor compreensão de seus deveres para com as senhoras casadas, especialmente mulheres de subordinados.
Mas o assédio sexual não tinha - como parecem acreditar certas feministas até hoje - por objetivo exclusivo as mulheres.
Em Agosto de 1928 um soldado foi severamente punido por ter pretendido convencer outro a servir de paciente para o ato ignóbil da sodomia. A resistência do soldado-vítima não deve ter sido muito convincente, visto que também ele acabou punido, por ter-se mostrado, a princípio, a ceder aos instintos daquele, negando-se depois, mas demonstrando não ter brio porque, se o tivesse, teria repelido desde o começo tão aviltante proposta.
E tem ainda o caso de um soldado que foi punido com seis dias de prisão quando tentava praticar atos de libidinagem com uma... cachorra!...
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Do livro do Coronel Edmundo José de Bastos Junior - "O milagre do coronel Trogílio e outras histórias milicianas". Editora Garapuvu 1998 - Ilustração de Marcelo Costa.
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Um adendo: A expressão "milícia", no tempo do coronel Lopes Vieira, não tinha a conotação pejorativa que as tevês e jornais lhe dão hoje, referindo-se a quadrilhas "de direita", já que as de esquerda são bem conhecidas e midiáticas. O coronel Lopes, que tanto lutou pela moralidade de sua tropa, deve estar hoje se revolvendo no túmulo com a Sodoma em que se transformou Marmelândia.
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