Roberto Rodrigues de Menezes.

Roberto Rodrigues de Menezes



quinta-feira, 22 de julho de 2010

Fim de estrada, fim do mundo!

Distrito do Freitas - município de Paulo Lopes.
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Eu bati a foto acima no ano de 2004. O cenário não mudou muito, desde a minha infância, quando lá ia com minha avó Lídia (1898-1994). Naquelas terras ficava a propriedade de Severino José de Matos, marido de tia Santa, irmã caçula de Lídia. Terras do distrito do Freitas, Paulo Lopes, ou Paulopes, como costumávamos e ainda costumamos chamar, a uns sessenta quilômetros ao sul de Florianópolis.
A casinha de Severino e Santa, de madeira escurecida pela ação do tempo, sem pintura, onde em eras saudosas havia ao lado um engenho de farinha movido a bois, não aparece na foto. Estaria logo na entrada à direita. O engenho era de tio Severino, que o passou ao Zeca. Este não teve como continuar quando ali se instalou uma empresa para industrializar a farinha. Adiante se vê a residência também simples de Vanda, viúva do Manoel, filha mais velha do casal.

Severino José de Matos, cidadão de Paulo Lopes (1908-1978).
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Para o lado esquerdo se espraiavam os pastos de criação de gado e roças, depois divididos por herança entre os três filhos do casal, Vanda, Zeca e Lourdes, seus filhos e netos. As terras são extensas, cortando a "Faixa" (BR-101) até terminarem no sopé de um morro.
Zeca (1940-2008), primo-irmão de minha mãe, faleceu ao tentar cruzar a "faixa" na sua bicicleta. Foi atropelado por um carro. Hermínia, de apelido Santa, nascida perto do Cambirela em 1913, morreu no ano de 2004. À direita a filha mais velha Vanda. Lourdes faleceu ainda nova em 1985. Tinha 43 anos.
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Se meus leitores voltarem à primeira foto, verão que no centro dela existe uma estradinha de terra que serpeia até se perder no cimo de uma colina. Tio Severino me dizia, entre sério e divertido, que o mundo acabava naquele fim de estrada, embora eu viesse saber depois que ela continuava, tomando-se a esquerda para ir a Paulo Lopes ou a direita para chegar ao Ribeirão e depois à bela praia da Gamboa. Até hoje não me importei muito com esta geografia, pois aquele finalzinho fictício de estrada continua mágico, como nos meus tempos de guri pequeno, quando visitava meus tios-avós com minha avó, ficando a olhar fascinado e com certo medo aquele pedaço de estrada, para mim encantado, sempre rumando para o fim do mundo.
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Entrada do Freitas saindo-se da "faixa". Na frente aponta o morro Agudo.***************
Da Série "Recordações Açorianas VII".
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